Tema: Rede de apoio à criança
Foto: Marcello Caldin
Os primeiros anos de vida de uma criança são decisivos para o seu futuro, visto que é na primeira infância que ela recebe os estímulos essenciais para o seu desenvolvimento e aprendizado.
A Pastoral da Criança desde a sua fundação procura orientar e ajudar as famílias e as gestantes sobre os cuidados, a atenção e o zelo que devemos ter para com as crianças desde o início. Agora, os voluntários podem contar com mais uma parceria para ajudar a cuidar da primeira infância, o programa Criança Feliz.
Para conhecermos mais sobre o programa Criança Feliz, conversamos com o Doutor Nelson Arns Neumann, coordenador adjunto da Pastoral da Criança e coordenador da Pastoral da Criança Internacional.
O programa Criança Feliz procura colocar em prática o Marco Legal da Primeira Infância. Mas, por que foi necessário criar esse programa?
Nelson Arns Neumann
A Pastoral da Criança acompanha cerca de um milhão de crianças, mas seria necessário acompanhar quinze milhões de crianças para resolvermos todos os problema. Para ganhar essa escala o governo tem o seu papel, e como pagamos os impostos, devemos cobrar essas atitudes que são muito importantes. Dessa forma, surgiu o programa Criança Feliz que está sendo executado em mais da metade dos municípios do Brasil. A ideia é que tenha um visitador, que vai aprender sobre o desenvolvimento infantil e vai conversar sobre isso com as famílias. Ele faz a visita para as crianças menores de 3 anos que estão dentro do cadastro do Bolsa Família. Já as crianças que foram incluídas no benefício de Prestação Continuada serão acompanhadas até os seis ano de vida, mas são menos crianças que são acompanhadas. Na relação com a Pastoral da Criança é importante frisar que boa parte dos problemas das famílias não é um problema individual ou de pura falta de conhecimento, muito menos falta de vontade da família, assim é necessário o apoio das famílias vizinhas e da comunidade, para que se consiga construir espaços seguros para as crianças brincarem.
Qual é o papel do visitador no programa Criança Feliz?
O visitador ele está dentro de uma equipe e a equipe está ligada a Assistência Social do município. Então, quando uma família tem um problema mais sério ou uma dificuldade, há como fazer este encaminhamento e também, ele se relaciona com o Agente Comunitário de Saúde e com a própria Pastoral da Criança. Visto que a família que tem alguma dificuldade precisa saber que ela não está sozinha, ela faz parte de uma comunidade que tem uma rede que pode ajudar naquelas fragilidades que todos nós temos.
De que maneira a Pastoral da Criança está colaborando com este projeto?
Todo o investimento na primeira infância tem um efeito muito grande para a sociedade. Desse modo, nós ficamos muito contentes quando o Governo levou a iniciativa de fazer esse programa. Agora, a Pastoral da Criança além de incentivar que este programa aconteça, ela também tem que ajudar a família quando se detecta um problema, acolher o visitador, visto que muitas vezes o visitador é de fora da comunidade, isto é, ele mora em outro bairro, não conhece as vizinhança e não conhece as regras da comunidade. Assim, os voluntários da Pastoral da Criança podem ajudar mostrando que o visitador é uma pessoa boa e que está lá para trabalhar em prol das crianças, de modo que ele vai ter mais liberdade e acesso para visitar as famílias, fazer o controle social e conseguir que o recurso público seja bem utilizado, com as melhores pessoas e da melhor forma possível.
O que o senhor gostaria de dizer para aquelas pessoas que podem estar duvidando da eficácia desse programa?
Quando começou a Pastoral da Criança, existia um grupo muito forte que acreditava que saúde só se cuidava nos ambulatórios dos hospitais e que entregar recurso público para fazer uma atividade em comunidade, era jogar dinheiro fora. Hoje, é muito claro que se não cuidarmos da prevenção na comunidade, não vai ter ambulatório ou hospital no mundo que dê conta, o mesmo vale para a área de assistência social e do desenvolvimento infantil. Nós temos um papel essencial para com cada uma das famílias acompanhadas, visto que se cada um fizer a sua parte, nós vamos conseguir usar melhor o recurso público. Devemos lembrar que o Criança Feliz não depende só de uma visita ou de uma assistência social, depende do espaço público seguro, do brincar com as outras crianças, ter a pré escola, oportunidade de convívio, que os pais também tenham bom acesso a saúde, um bom emprego, uma boa formação e que isso aconteça na comunidade como um todo.
Leia a entrevista na íntegra: 1378 - Entrevista com Nelson Arns Neumann - Criança Feliz (rede de apoio a criança) (.PDF)
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra:
1378 - Criança Feliz - 26/02/2018 (SUL)
1378 - Criança Feliz - 26/02/2018 (NORTE)