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Equipe da Pastoral da Criança da Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Alagoinha (PE)

Saneamento é o conjunto de medidas que tornam uma área sadia, limpa e habitável, oferecendo condições adequadas de vida para uma população e para a agricultura, além de prevenir doenças e promover a saúde. No Brasil, o saneamento básico, que garante o acesso à água potável e a coleta e tratamento dos esgotos, é um direito assegurado pela Lei nº 11.445/2007. Porém, apenas 39% dos esgotos do país são tratados, sendo as regiões Norte e Nordeste as mais afetadas. Quanto à água, são mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso a este serviço.

Com o objetivo de multiplicar conhecimentos sobre saneamento, higiene da casa e os cuidados com a “casa comum”, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Alagoinha (PE), promoveu um mutirão na comunidade Curicaia. Maria do Socorro Galindo, coordenadora da Pastoral da Criança na paróquia e agente de saúde há 25 anos, diz: “A ideia surgiu no conselho paroquial da cidade e nós fomos de porta em porta na comunidade, conversando e explicando sobre vários assuntos. Tratamos principalmente sobre saneamento e higiene da casa e também, sobre o mosquito Aedes Aegypti, uma vez que fomos muito afetados. O bairro em que realizamos o mutirão é uma região que possui muitos açudes próximos, e por isso falamos sobre como cuidar da água e da vegetação ao redor”.

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Mutirão realizado na comunidade Curicaia

Maria conta: “Não há saneamento na região, esse é um problema muito sério na periferia e quando tem, é realmente muito precário. As casas ainda têm fossa a céu aberto, tudo fica exposto nas casas e também, dentro delas. É lamentável. Uma cena que me marcou muito no dia, foi a de uma família, em que a mãe dormia em uma cama de papelão, em meio a toda a sujeira, no chão e o filho, de uns 5 anos, estava muito sujo, com o cabelo enorme. Quando as famílias são acompanhadas, elas passam a ter uma preocupação maior e fazem a higienização de forma correta”.

Como o local é de difícil acesso, com muitas pedras, a maior queixa da população é sobre a falta de assistência política. “A principal queixa é a falta de assistência, pois saneamento é uma questão difícil, precisa de recursos financeiros e de gestores, e isso nunca tem, é o que menos encontramos. Por isso eu me preocupo e corro atrás, para fazer algo por aqueles que realmente precisam. Esse é motivo pelo qual eu faço parte da Pastoral há 10 anos e participo de tudo que envolva a população. Enquanto não há recursos, nós conversamos sobre higienização, como fazer, como manter o ambiente e cuidar das crianças. Ainda assim, encontramos muitas crianças sem higiene nenhuma”, relata a coordenadora.

Dra. Zilda

“A paz começa dentro de cada pessoa e é transmitida aos outros”.

Papa Francisco

“A ‘casa comum’ de todos nós está a ser saqueada, devastada, vexada impunemente. A covardia em defendê-la é um pecado grave”.

“Nossa região também não tem água, a falta é grande e só conseguimos ela por meio de caminhão pipa. Nós conseguimos cisternas, e cisternas comunitárias de 16 mil litros para os moradores”, contou. Sobre os resultados do mutirão, a coordenadora concluiu: “O que eu vejo hoje, após o mutirão e com a conquista das cisternas, é que a condição vem melhorando e a preocupação da população com esses assuntos também”.

O mutirão serviu para ajudar a conscientizar a população que habita a região, para denunciar as condições, elaborar alternativas que visem melhorar a qualidade e também, para buscar mudar a situação. O saneamento básico é um fator essencial para o desenvolvimento de um país, uma vez que leva à melhoria da qualidade de vida, sobretudo na saúde das crianças com a redução da mortalidade infantil.

66º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

“Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e o saneamento para todos”.

Entre os 17 objetivos que deverão ser atingidos pelos países membros da ONU nos próximos anos, está aquele que busca a gestão de água potável e o saneamento para todos. Entre as metas estão: apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do saneamento; melhorar a qualidade da água; alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em situação de vulnerabilidade, e proteger e restaurar ecossistemas relacionados à água.

Tudo isso também tem a ver com as diversas iniciativas que tiveram destaque neste ano, promovidas tanto pela Igreja, quanto pela sociedade civil, como a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016, o Grito dos Excluídos, o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, entre outras.