Segundo as Nações Unidas, a pobreza é causa da morte de pelo menos 17 mil crianças e jovens todos os dias. 61 milhões de crianças estão fora da escola, em dezenas de países. Cerca de 1 bilhão de crianças no mundo vivem em condição de pobreza e sabe-se essa é a pior forma de violência que uma criança pode enfrentar, visto que tem impacto em sua vida da forma mais ampla possível.
Para enfrentar essa dura realidade para a criança que sofre com a miséria todos os dias, James J. Heckman, professor emérito de economia “Henry Schultz” da Universidade de Chicago, ganhador do Prêmio Nobel de Economia e especialista em economia do desenvolvimento humano, em um estudo realizado com ajuda de profissionais de diversas áreas de atuação, defende que investimento na criança, nos primeiros 1000 dias de vida, é o melhor e mais vantajoso que se pode fazer. Essa pesquisa mostra que o investimento de R$1,00 na primeira infância economizaria R$7,00 em gastos com violência e criminalidade no futuro.
Com o objetivo de debater o tema com a sociedade, Museu da Vida e Pastoral da Criança foi inagurada, no dia 07 de março, a exposição temporária “Nós somos todos irmãos”. Inspirada na Campanha da Fraternidade 2018 da CNBB, cujo tema é Fraternidade e a Superação da Violência, a nova exposição traz à tona esse assunto com um viés diferente: como podemos agir juntos para superar a violência?
A exposição, indicada para adultos e crianças, sugere, de forma lúdica e interativa, diversas reflexões sobre o tema, seja por meio de uma “árvore de problemas” que pode se transformar em uma árvore de soluções, pela interação com um boneco de lata narcisista que precisa do calor humano, pela brincadeira de montar casas que precisam da participação de todos os moradores para ficar em pé ou pelas caixas sensoriais que contem objetos que podem ou não ser associados à violência, dependendo da interpretação e das vivências de cada pessoa. Toda a exposição foi pensada para levar à reflexão sobre a importância da atitude de cada pessoa na construção de uma cultura de paz.
Logo em seguida, a discussão sobre o tema continuou na mesa-redonda inter-religiosa “A paz começa em casa”, promovida em parceria com a Arigatou Intarnational e o Global Network of Religions for Children – GNRC. Com a participação da Sra Vera Leal, Diretora do Programa de Educação Ética da Arigatou International de Genebra; Pai Alexandre Souza, Coordenador do GNRC Brasil; Ir. Maria Inês Ribeiro, Presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB); Dra. Elizabeth Tunes, Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo e do Coordenador Internacional da Pastoral da Criança, Dr Nelson Arns Neumann, a proposta foi refletir sobre o estado da violência contra as crianças no Brasil e o seu efeito no desenvolvimento na primeira infância e discutir a atuação dos líderes religiosos e comunitários no seu papel de apoiar as famílias e comunidades para nutrir valores e espiritualidade nas crianças.
Segundo Dr. Nelson Arns Neumann, é necessário promover também o empoderamento das famílias por meio de redes e comunidades que não somente exigem do Estado mas, principalmente, fazem o que está ao seu alcance. “A Pastoral da Criança tem a convicção de que a família é o melhor lugar a criança estar. Criar e cuidar com ternura, implica construir primeiro uma relação de amor e respeito com essa criança, que deve ser feita de forma firme, sem violência. A sociedade, em seus diferentes segmentos, tem o dever de proteger a criança e promover espaços saudáveis para que ela possa crescer e se desenvolver”, ressalta ele.
As ações legais são necessárias em diversas situações, porém é preciso trabalhar na perspectiva da prevenção, ampliando as ações de acolhimento e fortalecimento da família e das comunidades, no sentido de promover o cuidado e a proteção no ambiente familiar, construir e apoiar políticas de combate às injustiças contra as crianças. Esse é o ponto chave da nova exposição temporária e também o cerne da discussão da mesa-redonda.
No dia 08 de março, representantes de diversas religiões continuaram reunidos para definir ações concretas para o combate a violência contra crianças e a promoção da espiritualidade na infância e que serão realizadas durante o todo o ano de 2018. Estiveram presentes participantes das religiões africanas, israelitas, espírita, messiânica, islâmica, muçulmana e católica.
Confira a reportagem da TV Evangelizar em: https://www.youtube.com/watch?v=HhwJouUX4qk