Se há 30 anos uma das ações da Pastoral da Criança era reduzir a desnutrição infantil, em 2014, a realidade é oposta. Com um acesso facilitado a alimentos industrializados e ultraprocessados, o que tem atingido muitas crianças é a obesidade: os números indicam que uma a cada três crianças brasileiras com idades entre 5 e 9 anos pode ser considerada obesa.

Guia alimentar capa

Na tentativa de diminuir números como estes, o Ministério da Saúde lançou na última quarta-feira (5 de novembro), em Brasília, a segunda edição do Guia Alimentar para a População Brasileira. Clóvis Boufleur, Gestor das Relações Institucionais da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança, esteve presente no lançamento e manifestou satisfação ao saber que o Sistema Único de Saúde (SUS) conta com orientações "claras, simples e adequadas" sobre alimentação saudável. "O conteúdo do Guia Alimentar está em sintonia com as ações da Pastoral da Criança, em especial com as ações de acompanhamento nutricional e hortas caseiras", indicou. A proposta do guia é promover a saúde e a boa alimentação, combatendo a desnutrição, mesmo que esta venha sofrendo redução no país.

Aumento de peso

Da mesma forma que com as crianças, os adultos também têm sofrido com o aumento de peso: segundo dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2013, o Brasil tem mais de 50% de sua população com excesso de peso e 17,5% de obesos. Um aumento de 19% e 48% respectivamente, se comparados aos números de 2006. É importante lembrar que a obesidade está relacionada a outras doenças como diabetes, stress, depressão e problemas cardiovasculares – este último considerado a maior causa de mortes no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O guia, feito em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde, teve sua segunda edição lançada oito anos após a primeira versão. Traz indicações de uma alimentação com base em alimentos frescos e minimamente processados e indica evitar os ultraprocessados. A intenção é diminuir os valores de sódio, açúcares e gorduras ingeridos pela população.

Para isso, o Guia indica os "Dez passos para uma Alimentação Adequada e Saudável":

1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.
2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias.
3. Limitar o consumo de alimentos processados.
4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados.
5. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia.
6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados.
7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias.
8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece.
9. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora.
10. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.