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Oficina de sistematização de experiências de hortas caseiras da Pastoral da Criança, realizada em agosto, na zona oeste do Rio de Janeiro (Pedra de Guaratiba).

Que tal colocar por terra aquela definição comum de horta associada a um canteiro delimitado e organizado? Nos últimos anos, os profissionais da área de nutrição da Pastoral da Criança procuram envolver coordenadores, líderes e famílias na construção de uma ideia mais ampla e acessível.

“Nosso conceito de hortas é de quintais produtivos” - esse foi o consenso a que se chegou na 1ª Oficina de Sistematização de Experiências de Hortas Caseiras na Pastoral da Criança, realizada na cidade do Rio de Janeiro, de 25 a 27 de agosto.  

 

“O debate é muito rico. Demonstra que a Pastoral da Criança está repensando essa ação e buscando melhorar”, disse o coordenador da oficina, Márcio Mattos de Mendonça, da AS-PTA (Agricultura Familiar e Agroecologia), parceira dessa inciativa.

Diversidade e aprendizado


Os três dias de encontro reuniram representantes de sete estados, incluindo coordenadoras, líderes e capacitadoras da ação de alimentação e hortas caseiras. Marcos José de Abreu – engenheiro agrônomo e presidente do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), de Florianópolis (SC) – e Lorena Anahi Fernandes da Paixão – membro da Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas, de Belo Horizonte (MG) – também participaram e se comprometeram a atuar em conjunto com a Pastoral da Criança em suas cidades, num esforço interinstitucional.  

Comunhão e partilha

“Em todas as culturas, a convivência humana e a comemoração das alegrias ocorrem em torno da mesa e dos alimentos. A alimentação, como função biológica, tem a finalidade de sustentar o corpo. Mas vai muito além disso: é expressão de convívio, instrumento de comunhão fraterna e partilha” (Ir. Vera Lúcia Altoé e Dom Aldo di Cillo Pagotto).

Trecho do texto de apresentação do livro “Alimentação e Hortas Caseiras na Pastoral da Criança”, empregado na capacitação dessa ação.

“Viemos para nos aproximar da Pastoral da Criança, nas temáticas da agricultura urbana e agroecologia. Muita vontade para auxiliar depois, quando voltarmos para as realidades locais”, afirmou Marcos.

De acordo com o que foi discutido na oficina, sistematizar é uma forma de qualificar o trabalho realizado e também compartilhar e socializar experiências. A proposta do encontro era elaborar uma metodologia para registrar os casos já existentes desde o início da ação complementar de hortas caseiras, em 2007, valorizando as conquistas e incentivando o cultivo em mais quintais, beneficiando cada vez mais famílias. Como parte do treinamento, os participantes visitaram algumas famílias na comunidade Nossa Senhora Aparecida, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Tornando os quintais produtivos


Aldenora Silva, representante da Coordenação Nacional em João Pessoa (PB) e uma das coordenadoras da ação completar da Pastoral da Criança referente às hortas caseiras, destacou que essa não é uma mera atividade de transmissão de sugestões, mas sim de construção coletiva do conhecimento. “A gente tem que trabalhar 'com' e não 'para'”, reflete. Paula Pizzatto, nutricionista da CNPC, também chamou a atenção para a importância de envolver as crianças nessa iniciativa.

Sobre as expectativas despertadas pela oficina, Helena Mozena Bertoldi, de Rio do Sul (SC), expôs seu objetivo: “Fazer com que nossa palavra se torne ação, para iniciar uma transformação lenta e gerar de fato uma transformação de hábitos na alimentação. Buscar exemplos de ações simples, que possam se multiplicar”.