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Foto: Acervo da Pastoral da Criança

Você já imaginou o quanto a visita domiciliar representa para as gestantes acompanhadas pela Pastoral da Criança? O gesto de generosidade de cada líder ao entregar uma cartela dos Laços de Amor, ao ensinar quais são os sinais de alerta para o momento do parto, os direitos que devem ser respeitados, a importância dos cuidados nos primeiros mil dias...

Apesar do Brasil ter avançado na cobertura de pré-natal nas últimas décadas, ainda é preciso conscientizar muitas mulheres da importância de começar este acompanhamento especializado no serviço de saúde logo ao descobrir a gravidez, especialmente as gestantes adolescentes, que muitas vezes não percebem ou não comunicam a gravidez em seu estágio inicial.

Por isso, é tão importante lembrar: fevereiro, maio, agosto e novembro são meses de “Mutirão em busca das gestantes” – mais um exemplo de “Igreja em saída”, que tanto pede o Papa Francisco. É ir ao encontro, de casa em casa, e celebrar a vida que está chegando, zelando por ela.

Realizado a cada três meses pelos líderes da Pastoral da Criança, o Mutirão é uma iniciativa que tem por objetivo encontrar as gestantes precocemente e acompanhá-las durante toda a gestação, orientando-as sobre os diversos aspectos que envolvem uma gravidez, como: nutrição, desenvolvimento infantil, prevenção de doenças, atenção aos sinais de risco e preparação para o aleitamento materno, entre outros. Tudo isso, somado aos exames e consultas, faz com que o bebê receba uma atenção completa e tenha mais oportunidades de crescer plenamente. E que a mulher também passe por essa fase da melhor maneira.

Dra. Zilda

"A visita domiciliar é um instrumento de educação. Quando a gestante recebe a visita, ou a mãe, ou a avó da criança, deve ser uma visita que nem Nossa Senhora fez a sua prima Santa Isabel: cheia paz e de amor”.

Papa Francisco

“Ser mãe não significa somente colocar no mundo um filho, mas é também uma escolha de vida. O que escolhe uma mãe, qual é a escolha de vida de uma mãe? A escolha de vida de uma mãe é a escolha de dar a vida. E isto é grande, isto é belo”.

A gestação é um período marcado por transformações físicas e emocionais, por isso, tanto a gestante quanto o seu companheiro têm muitas dúvidas durante o período que vem antes do nascimento. As orientações dos líderes da Pastoral da Criança ajudam a esclarecer as incertezas e transmitir a tranquilidade necessária para a realização do pré-natal da maneira mais completa possível, como é de direito da gestante e da criança.

Dicas para buscar mais gestantes na comunidade

Trocar informações com o serviço de saúde

Para garantir que a assistência seja a mais completa possível, uma estratégia é trocar informações com o serviço de saúde local. “Conversando com as agentes de saúde, dá para saber onde tem gestante, principalmente as que mais necessitam. Posto de saúde também tem boas dicas, porque eles conhecem as gestantes bem orientadas e as gestantes que ainda precisam de orientação”, explica Zelita Nunes de Souza Silva, coordenadora diocesana em São Miguel Paulista (SP). “Muitas gestantes estão num cantinho, precisando de apoio, mas não querem falar, não querem conversar. Às vezes, elas têm vergonha, medo de procurar ou não sabem do trabalho. Então, quando vamos até elas, é bem mais fácil”, observa.

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Foto: Bruno Bralfperr

Planejar o Mutirão com antecedência

Coordenadores e líderes podem aproveitar uma parte das reuniões para reflexão e avaliação (RRAs) dos meses anteriores ao Mutirão para planejar como será a ação e quem estará comprometido. É preciso conferir com antecedência se os materiais necessários estão disponíveis (Guia do Líder, Caderno do Líder, cartelas dos 1000 dias e folhetos dos 10 mandamentos para a paz na família) ou se deverão ser solicitados à coordenação diocesana. O conteúdo do Dicas 26 pode ajudar na motivação e organização.

Juntos, os líderes podem mapear a comunidade, ou seja, identificar todas as ruas com casas a serem visitadas e quais serão as pessoas responsáveis por cada uma delas. Também é preciso pensar nos horários em que mais moradores estejam em casa e uma data em que a maioria dos líderes (de preferência todos) possam participar.

Dicas para divulgar os 1000 dias

O “Mutirão em busca das gestantes” é uma ação essencial, que zela pelo início da vida e pela qualidade dos primeiros mil dias de vida. Por essa razão é que o Mutirão e a campanha “Toda gestação dura 1000 dias” andam juntos. Esse momento também ajuda a fortalecer as campanhas e divulgar ainda mais informações sobre a gestação e a primeira infância. Por isso toda ideia é bem-vinda!

Que tal visitar os postos de saúde e entregar o folheto dos mil dias para os médicos e demais profissionais que atendem as gestantes e crianças? Mesmo que os voluntários já conheçam as pessoas que trabalham lá, de tempos em tempos, é importante ir novamente aos locais que fornecem os serviços de saúde para a comunidade, para lembrá-los da importância da campanha, ver se há espaço para distribuição de material de divulgação e saber se não há funcionários novos, que talvez ainda não tenham conhecimento do trabalho da Pastoral da Criança.

Caso algum voluntário esteja fazendo faculdade ou conheça alguém que tenha contato com os cursos da área de saúde, esta também é uma oportunidade de divulgar a campanha para professores e alunos. E, até, para convidar algum deles a compartilhar os conhecimentos profissionais com as famílias durante uma Celebração da Vida.

Outra ideia é procurar as rádios locais e apresentar a campanha, para que esse assunto possa ser tema de reportagens e chegar a cada vez mais famílias.

Laurinda Sampaio, coordenadora de área, que mora em São João do Paraíso (MG), também dá a ideia de aproveitar as datas comemorativas: “Usamos uma estratégia que achamos boa para o mês de maio. Fizemos cartões para as mães, em nome da Pastoral da Criança, e visitamos todas as casas das comunidades. Assim mostramos a cara da Pastoral e buscamos gestantes”. E a líder Eunice Carvalho, de Taubaté (SP), lembra de ter sempre à mão um convitinho com a data e horário da próxima Celebração da Vida, para entregar para todas as gestantes que encontra pelo caminho.

Convidar mais gente para ajudar

Conforme Dom José Mário já citou em seu texto (na página 5), uma ideia para melhorar o alcance do Mutirão é fazer uma parceria com os catequizandos do Crisma, para que eles ajudem a organizar e buscar as gestantes da comunidade. Além do conhecimento que eles podem receber sobre os 1000 dias, é uma chance de conhecer mais de perto o lugar onde moram e a situação das famílias. Jovens sensibilizados podem se tornar apoios e, com o tempo, também se motivar a serem novos líderes, percebendo a necessidade de mais voluntários para dar conta de acompanhar tantas crianças e gestantes daquela comunidade.

As mães e os pais que já foram ou ainda são acompanhados também podem ajudar a convidar outras gestantes, dividindo com elas como é a experiência de receber o acompanhamento da Pastoral da Criança.

Procurar lugares movimentados para uma ação diferente

“Na minha paróquia, Nossa Senhora Aparecida, tivemos a experiência de fazer um “Mutirão em busca das gestantes” de uma forma diferente. Depois que tínhamos nos organizado na Igreja, a gente procurou um lugar estratégico perto da feira e montamos uma ‘casa aberta’. Fizemos alimentos saudáveis, como tortas com bastante talos e sucos naturais. Quando víamos uma gestante, a gente convidava ela para vir ou ela mesma já nos procurava. Falávamos sobre o trabalho, a gestação, servimos o lanche saudável. Neste dia, acabamos cadastrando bastante gestante. Foi uma forma que deu muito certo e foi muito legal”, conta Zelita. E em sua comunidade, também tem alguma feira, comércio ou festa que possa ser uma oportunidade? Uma opção mais simples, mas que pode trazer bons frutos, é pedir para falar sobre o Mutirão nas missas, conforme sugere Ivani de Souza, coordenadora na Paróquia Espírito Santo, também de Taubaté (SP).

Valorizar o contato com cada pessoa

“Essa conversa boca a boca é bem interessante. Assim, conseguimos fazer um  acompanhamento completo, desde o começo, e fazer todos os mil dias. E mesmo que não precise de mais gestantes, que o contato com o posto de saúde e os agentes sejam suficientes, é importante fazer o Mutirão para divulgar o nosso trabalho”, orienta Zelita.

*Esse texto faz parte da sexta edição da Revista Pastoral da Criança.

E SDG Icons NoText 033º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.

A realização do “Mutirão em busca das gestantes” e o acompanhamento realizado pelos líderes da Pastoral da Criança também contribui diretamente para um dos 17 objetivos que deverão ser atingidos pelos países membros da ONU nos próximos anos (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) – aquele que busca saúde de qualidade para os povos, em especial para as gestantes e crianças. Uma das metas é “acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos”, além de “atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualidade e a preços acessíveis para todos”, entre outras ações.