Ser criança hoje

Tema: Brincar 

Foto: Acervo da Pastoral da Criança

É comum ouvirmos dizer que as crianças de hoje estão muito diferentes das crianças de antigamente.
Você concorda com esta frase? Será que as crianças hoje estão mesmo diferentes?
Sabemos que o modo de viver das crianças mudou, mas não foram as crianças que mudaram nos últimos anos e, sim, a rotina dos pais, da família e a maneira de se viver.
É importante lembrar que, acima de tudo, criança continua sendo criança e podemos aproveitar cada fase de seu desenvolvimento oferecendo brincadeiras saudáveis, além de muito amor e atenção. Para conversar mais sobre este assunto convidamos Priscila do Rocio Costa, Assessora Técnica do Desenvolvimento Infantil da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança. Saiba mais também no texto “Ser criança hoje”, clicando no link ao lado.

O que significa ser criança hoje?

Sabemos que a cada geração os hábitos e costumes mudam comparados às gerações anteriores. As mudanças sociais das últimas décadas alteraram a rotina, a forma de viver em família e os novos hábitos trouxeram reflexos não só na vida dos adultos, mas também das crianças. O sedentarismo e o estilo de vida mais individual, o consumismo, a adultização e até mesmo o uso exagerado de tecnologias desfavorecem o convívio social, além das atividades físicas, tais como correr, pular e outras brincadeiras tão importantes para o desenvolvimento infantil. A criança precisa ser criança em todas as gerações. Esta é uma fase muito importante, pois ela tem a oportunidade de passar apenas uma vez na vida.

Como a família pode resgatar a importância de contar histórias e falar poesias?

Não existe idade para ouvir histórias, mesmo durante a gestação os pais podem conversar com o bebê, ler e contá-las. Para crianças menores, os pais podem mostrar imagens grandes e coloridas e criar a partir disso uma oportunidade de criar uma história. Ler, inventar histórias, poesias, oferecer livros para que as crianças toquem e olhem faz muita diferença e cria um hábito saudável. Quem ouve muitas histórias quando criança têm mais chances de adquirir o hábito pela leitura, desenvolver senso crítico, estimular o diálogo, aprender a lidar com emoções e solucionar conflitos.

Como a família pode trazer de volta as antigas brincadeiras de rodas?

Nas antigas brincadeira de roda as crianças interagem com outras crianças, adultos e idosos, cantam juntas e se divertem. Além disso, elas se movimentam, trabalham o ritmo e a coordenação motora.
É importante criar oportunidades de conversar com a criança para contar como eram as brincadeiras durante a infância dos pais, avós e vizinhos. Resgatar essa tradição é um rico exercício, possibilita às crianças conhecer e vivenciar novas experiências, além de aproximar as gerações e valorizar a cultura local.

Priscila do Rocio Costa, pedagoga, que atua na área de Desenvolvimento Infantil da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança.

O que a criança mais precisa para o seu desenvolvimento integral?

Para que a criança alcance o desenvolvimento integral, ela precisa de amor, atenção, segurança, respeito e cuidados. A criança precisa ser vista, ser ouvida e a família é elemento central para ela, uma vez que pode oferecer um ambiente que promova o desenvolvimento integral de seus filhos.

Todas as crianças precisam ser crianças, precisam brincar de pular corda, de cantigas de roda, pular amarelinha, jogar bola. Precisa brincar ao ar livre, brincar com brinquedos, objetos, resgatar brincadeiras tradicionais, ouvir histórias, poesias, parlendas, criar brinquedos, jogos, entre tantas outras oportunidades.

A influência da tecnologia e dos brinquedos comprados é benéfica?

O uso da tecnologia faz parte do cotidiano das novas gerações. O uso em excesso e sem limites influencia diretamente na maturação cognitiva, afetiva e social das crianças, trazendo à tona o sedentarismo, a dificuldade de expressarem seus sentimentos, aflições e desejos por meio do mundo real. Sobre os brinquedos comprados, hoje em dia, as crianças são “bombardeadas” com propagandas de brinquedos e produtos das mais variadas formas e essas informações acabam alimentando o consumismo e até a adultização das crianças. Claro que não há nada de errado a criança ganhar um brinquedo comprado, mas o ideal é moderar entre o comprar e o criar o brinquedo.

Leia a entrevista na íntegra: 1515 - Ser criança hoje (.PDF)