Nessa época do ano, é comum ver por todos os lados a euforia de crianças e adultos em torno das Festas Juninas. Muito longe de comemorar os santos, Antônio, João e Pedro, as festas juninas se tornaram motivo de encontro e de manifestações populares. As crianças, nas escolas, se vestem de "caipirinhas" e apresentam suas quadrilhas. Já, em algumas regiões, os festejos saem do ambiente privado e abrangem as praças e comunidades. Com comidas e bebidas típicas, as festas juninas têm seu lado alegre e positivo, mas nunca é demais lembrar que têm também seus perigos.
Os acidentes com fogos de artifício durante as festas juninas levam centenas de crianças para o hospital e deixam outras tantas com sequelas para sempre. Para que possamos prevenir esses acidentes, nossa entrevista é com o Major José Veloso Soares, do Corpo de Bombeiros do Estado do Piauí.
Major José, que precauções devemos tomar para que as festas juninas sejam ocasiões de alegria e não terminem com acidentes e tragédias?
Nós temos uma tradição no Brasil, e particularmente no nordeste, que é essa questão das festas juninas com a utilização de alguns artifícios que são perigosos para a nossa sociedade, como a queima de fogueira, fogos, traques. Essa tradição tem causado muitos acidentes, envolvendo danos materiais e pessoais. O que a gente precisa é ter consciência do perigo e ter realmente a noção de segurança; se divertir e praticar sem se expor a essa condição de risco; e ocorrendo um acidente, precisamos estar preparados para uma resposta adequada para diminuir os danos causados pelos acidentes.
Quando e como as fogueiras podem representar um perigo?
Ali tem uma queima e essa queima libera gases tóxicos. Dependendo da situação, o local tem que ser aberto porque a fogueira representa um perigo de incêndio imediato, de acidente com as pessoas, queimaduras. Posteriormente, uma vez terminada a brincadeira, é preciso apagar aquele fogo, resfriar o chão para evitar que alguém passe desavisado e sofra queimaduras.
E com relação às crianças, que cuidados nós devemos ter com elas durante as festas juninas?
Elas são a nossa grande preocupação e foco, por um motivo muito simples, elas não têm noção do perigo. Nós, adultos, temos essa noção e temos a responsabilidade. A criança não tem essa experiência que nós já temos, e aí ela se apresenta como um grande risco de acidente.
Veja a entrevista na íntegra: 1185 - Entrevista com Major José Veloso Soares - Prevenção de acidentes (.PDF)
Cuidados que previnem acidentes
Parte de nosso calendário oficial, as festas juninas são uma realidade em todo o Brasil. Um tempo de alegria, de fazer algo diferente e lúdico, que anima e envolve crianças e adultos. Contudo, é inegável que todos os anos as festas juninas deixam também um rastro de dor para muitos. Por conta dos acidentes, especialmente das queimaduras, que vão de leves à graves, o número de sequelas e amputações de membros é altíssimo e muitas crianças estão entre as vítimas desses acidentes.
Dados revelam que as festas juninas aumentam em 50% a incidência de pacientes com queimaduras nos hospitais de todo o Brasil. Acontece por ano no Brasil cerca de um milhão de acidentes com queimaduras, destes, em torno de 200 mil são notificados pelos hospitais e 10 mil se tornam vítimas. Das pessoas atendidas anualmente, 40% estão na faixa entre 3 a 12 anos de idade (Fonte: Ambiente Brasil).
Em 2012, a Sociedade de Queimaduras lançou a Campanha: "Festa Junina sem Queimaduras" para ajudar a alertar a população sobre o perigo que fogos de artifícios, bombinhas, outros explosivos e fogueiras trazem. Além disso, é preciso cuidar também para evitar queimaduras com bebidas quentes e o cozimento de alimentos feitos em barracas ou locais improvisados.
Vamos proteger as crianças, mas sobretudo vamos festejar nossos santos juninos de modo consciente, para que a festa termine com alegria e espírito de confraternização e não em um hospital ou, o que é pior, com sequelas para a vida toda.
Boa festa para todos!
