Tema: Economia Solidária
Foto: Marcello Caldin
O atual cenário brasileiro apresenta para muitas pessoas uma situação difícil. Perda de renda, desemprego, fome e muitas incertezas em relação ao futuro. Como podemos nos recuperar desse momento tão difícil? O papa Francisco apresentou uma iniciativa ao mundo, denominada “Economia de Francisco”, uma nova economia possível e que coloca a pessoa no centro das relações e não o lucro. Uma economia onde todas as pessoas tenham o suficiente para viver com dignidade. E, como ele diz na carta, convocatória do evento, “uma iniciativa que desejei muito: um evento que me permita encontrar-me com quantos estão a formar-se e começam a estudar e a pôr em prática uma economia diferente”. Saiba mais sobre o assunto na entrevista do Eduardo Brasileiro, sociólogo, educador social e membro da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara (APEF).
A vida e a economia estão muito ligadas. Qual é a importância da economia para o bem viver?
Hoje, nós vivemos com dignidade? Não. Enquanto uns têm muito, a maioria não tem nada. A economia, ela deve ser fonte do bem viver. A busca por uma nova economia, que é o que nós temos cada vez mais debatido na nossa sociedade e agora ganha força com o Papa Francisco, é uma economia para que todas as crianças tenham vida e a tenham em abundância.
Programa de rádio Viva a Vida
1509 - A economia a serviço do bem viver - 24/08/2020
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
O que engloba esta iniciativa do Papa Francisco?
Bem, as iniciativas do Papa estão envoltas a “Vilas Temáticas” que vão acontecer em Assis, no ano que vem, provavelmente, onde serão debatidos os maiores interesses da nossa sociedade. Quais são eles? As finanças. Vai ter uma Vila para debater isso. As finanças têm que estar voltadas para as pessoas e não para a produção de dinheiro. E o Papa Francisco chamou uma Vila sobre Negócios e Paz, onde a discussão está centrada em negócios que estejam voltados, empresas que estejam voltadas para a solução da paz. Mas também, nós teremos outras Vilas como as das Mulheres para discutir a cooperação e compartilhamento de poderes entre homens e mulheres. Um outro exemplo também é a questão da desigualdade planetária gerando pessoas pobres e a terra pobre. Por isso que vai ter um debate sobre CO2 e as Desigualdades. E por fim, também, vale lembrar de mais uma Vila, chamada Vida e Estilo de Vida, corrigindo esse modelo de sociedade, onde a gente quer só consumir e ter e não tem uma vida voltada para a simplicidade, para a partilha e para o bem comum.
Como fazer uma economia mais comunitária, solidária, de proximidade, mais ligada às relações interpessoais, ao cuidado, à reciprocidade e ao bem viver das pessoas?
Nós temos certeza que uma economia nova não surgirá de cima para baixo, mas as comunidades detêm uma economia próxima, uma economia solidária, uma economia fraterna, onde a gente consegue ligar o princípio de sermos como o outro é, ou seja, uma reciprocidade. A importância da partilha. Então, vale muito à pena nós pensarmos numa economia centrada na solidariedade, na comunidade e na proximidade com os outros.
Eduardo Brasileiro
Sociólogo, educador social e membro da Articulação Brasileira pela Economia de Francisco e Clara (APEF).
O principal fator de produção é a criatividade. Como tornar a economia mais compreensível às famílias mais simples? Como podem organizar suas finanças, usando mais produtos locais?
O fator principal é que a gente compreenda que a economia local ela é esse novo jeito de ser diante de um capitalismo. É necessário que a gente pare de comprar dos poderosos e consuma dos pequenos produtores. Com criatividade a gente pode gerar uma rede de economia solidária e incentivarmos para que a comunidade compre mais do local. Com isso, vai gerar mais demanda, gerando mais demanda temos que gerar mais o quê? Temos que gerar mais emprego.
A Pastoral da Criança é formada, em sua grande maioria, por mulheres. De que maneira, elas podem se tornar construtoras de iniciativas na comunidade?
As mulheres, sem sombra de dúvida, carregam a novidade do mundo. A certeza que nós carregamos é que as mulheres trazem nas pequenas comunidades o rosto da nova economia. A gente precisa cada vez mais reunir nossos bairros. E as maiores lideranças dos bairros, hoje, ainda são as mulheres. É necessário investirmos em associações de mulheres, em agentes comunitárias como da Pastoral da Criança, que nas suas comunidades incentivam a construir um novo tempo, um tempo de partilha e de comunhão.
Como a fraternidade é um modelo para a economia?
A fraternidade é uma essência totalmente humana. Nos ensina a sermos novas pessoas. Então, a fraternidade, a partilha por meio da solidariedade que é o serviço ao outro, por meio do cuidado da casa comum, que é essa ecologia integrada de entender a vida na sua realidade é modelo para uma nova economia.
Leia a entrevista na íntegra: 1509 - A economia a serviço do bem viver (.PDF)
Vídeo gravado pelo Eduardo Brasileiro,
especialmente para os líderes e famílias da Pastoral da Criança
12º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Assegurar padrões de produção e consumo sustentável”
A Pastoral da Criança incentiva, através de seus líderes, o cultivo de hortas caseiras em todas as casas e comunidades. Os líderes são treinados e capacitados para ensinar as famílias e as comunidades a cultivar e utilizar uma horta caseira para complementar a alimentação da família de maneira saudável, orgânica e acessível.
Dra. Zilda
“A Pastoral da Criança tem essa missão de ser fermento na massa, para levar esse país para frente, onde todos tenham seus direitos garantidos e cumpram os seus deveres”.
Papa Francisco
“...uma economia diferente, que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, cuida da criação e não a devasta..