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De acordo com o Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), 29 milhões de pessoas são dependentes de drogas no mundo e sofrem algum tipo de transtorno por conta disso.
Consumir esse tipo de substância prejudica significativamente a saúde física e mental do usuário, assim como das pessoas que convivem com ele. Vale lembrar que, no contexto familiar, os filhos de usuários de drogas e álcool são mais propensos a serem vítimas de violência e têm mais chances de se tornarem dependentes no futuro.
Os usuários devem ser incentivados a procurar tratamento médico e psicológico especializado.
Durante a gestação e após o nascimento
Qualquer droga ou substância química é capaz de atravessar a placenta em alguma proporção e chegar ao feto, podendo causar malformações, retardo no crescimento, atraso no desenvolvimento e deficiências funcionais, como o amadurecimento tardio do cérebro – consequências que afetarão a saúde da criança durante toda a vida.
O nível de álcool no sangue da gestante chega nas mesmas concentrações ao bebê. Contudo, como o metabolismo fetal é mais lento, a eliminação do álcool é menor. Isto é, a criança ficará exposta por mais tempo ao líquido amniótico impregnado de álcool.
As drogas, por sua natureza, alteram os processos biológicos, causando danos ao usuário. Ao serem utilizadas, o sistema nervoso central perde a sua barreira de proteção e se torna vulnerável a agressões.
Bebês de mulheres usuárias de drogas nascem com síndrome de abstinência, podendo sofrer de taquicardia, hipertensão, alterações comportamentais e dificuldade no aprendizado.
“Eu acompanhei uma mãe desde a gestação e ela sempre usou drogas. Mesmo depois que a criança nasceu, ela continuou usando. Pelo que entendíamos, ela não dava alimentação nenhuma para a criança, pois na casa não tinha comida, não tinha nada, ela só amamentava. No dia que ela não usava droga, a criança ficava muito histérica, caia no chão, se jogava e tremia muito, ela já estava dependente. Então, ela conseguia algum dinheiro, usava droga, amamentava a criança e logo ela ficava relaxada. Essa mãe nunca conseguiu parar, ela veio a óbito por overdose. O bebê sempre foi desnutrido, com um ano e dois meses ele pesava somente cinco quilos. Depois do falecimento da mãe, ele foi levado pela família do pai e infelizmente, nós nunca mais tivemos notícia. Esse foi um caso muito triste para nós da Pastoral da Criança”, contou a coordenadora Maria Gomes Coelho e Silva, de Santo André (SP).
Muitas vezes, por acreditarem que as crianças não entendem, os pais voltam ou continuam a usar esses tipos de substância após o nascimento dos filhos, fazendo-o na frente das crianças. Sem levar em consideração os riscos que tal atitude pode trazer.
Devemos sempre lembrar que os pais são os principais exemplos dos filhos e que suas ações os influenciarão por toda a vida.
Dra. Zilda
“O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece-se o tecido que sustenta a ação e cada um sente que é uma célula de transformação do país”.
Papa Francisco
“A fecundidade da fé expressa-se na solidariedade concreta para com os nossos irmãos e irmãs, independentemente da sua cultura ou condição social”.
É possível mudar
“Eu acompanhava uma mãe e seu bebê pequeno, ela morava em uma casa muito precária e em uma tarde, quando eu visitei ela, a criança estava em cima da cama, pedindo por comida e perguntei se ela ia preparar alguma coisa e ela me respondeu que não, que não tinha comida para fazer. Foi nesse momento que ela me contou sua história de vida. Ela tinha fugido de casa por conta dos maus tratos que sofria do marido. Ela havia conseguido resgatar a bebê, mas os outros filhos ainda estavam com o pai e o sonho dela era reunir toda a família”, relembra Sandra Regina, voluntária da Pastoral da Criança em Pelotas (RS).
“Em seguida, soubemos que ela bebia. Toda a história dela a levou por esse caminho. Quando descobri tive uma conversa franca, falei que acredita nela, apostaria que ela mudaria de vida e estava disposta a ajudar ela a ter uma vida digna, digna para ela e para os filhos. Ela me levou bem a sério, começou a mudar, com ajuda da comunidade conseguiu uma nova casa, um emprego, se equilibrou e trouxe todos os filhos para morarem com ela. Hoje, ela é nosso grande exemplo. Ela é apoio na Pastoral da Criança e fala da sua história de vida, para ajudar outras famílias”, complementou Sandra.
De líder para líder
Sandra Regina lembra que é preciso ser persistente, mas que a mudança vai acontecer: “Não podemos fechar os olhos ou fingir que não estamos vendo o que acontece. Devemos chegar devagarinho, ser o ombro amigo, dizer que a pessoa pode contar com a gente, que vamos tentar e que se ela cair, estaremos lá para ajudar ela a levantar. Nunca julgue. Ofereça sua amizade e seu apoio. Junto com você, a pessoa pode começar a procurar tratamento, um grupo de AA [Alcóolicos Anônimos], assistência médica e até mesmo, encontrar uma pessoa na comunidade que ajude. Na Pastoral da Criança, já fizemos Roda de Conversa e levamos a assistente social do postinho para conversar na Celebração da Vida. Toda ação funciona, pode ser lento e mais devagar, porque a pessoa precisa criar confiança em você, mas funciona”.
3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”.
A visita domiciliar é uma importante ferramenta de disseminação de conhecimento, saberes e informação, além de ser um ato de amor, cidadania e solidariedade. Nela, o líder da Pastoral da Criança se aproxima da família e passa a conhecer a realidade em que aquelas pessoas vivem, permitindo que ele sinta a real necessidade da família e contribua da melhor maneira possível, de forma a levar bem estar a todos, de acordo com o 3º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável da ONU.