1773 saude mental da crianca entrevista horizontalFabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Dados recentes divulgados pelo Núcleo Ciência Pela Infância mostram que as crianças brasileiras estão tendo acesso cada vez mais precoce às telas. Quase metade (44%) das crianças com até dois anos de idade já acessa a internet. O número é ainda maior entre crianças de 3 a 5 anos, chegando a 71%.

Essa realidade se torna ainda mais preocupante no caso das famílias em situação de pobreza, contexto em que se encontra a maior parte das crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança. Segundo o estudo, 69% das crianças de famílias de baixa renda são expostas a tempo excessivo de telas.

“Quanto menor a renda, menor é a disponibilidade de redes de apoio e maiores são as chances de as telas substituírem o convívio e o brincar, com efeitos negativos para o desenvolvimento infantil”, destaca trecho do relatório divulgado em dezembro de 2025.

De acordo com os pesquisadores, o aumento do uso de telas acaba substituindo o tempo de interação humana, de brincadeiras e de presença dos adultos, fazendo com que se percam “oportunidades essenciais para o desenvolvimento da linguagem, dos vínculos afetivos, da regulação emocional e das habilidades sociais”.

No conteúdo desta semana do Programa Viva a Vida, convidamos a Sociedade Brasileira de Pediatria para explicar quais outros riscos estão envolvidos no acesso precoce à internet e às telas — como a adultização infantil — e orientar sobre como pais e responsáveis podem proteger seus filhos.

1772 hortascaseirasecomunitarias anasimoneDr. Eduardo Jorge Custódio da Silva

Entrevista com Dr. Eduardo Jorge Custódio da Silva, membro do grupo de trabalho de Saúde Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Dr. Eduardo, o que significa adultização infantil e como os pais podem proteger seus filhos diante disso?

Adultização é quando se impõem à criança tarefas ou obrigações que pertencem ao universo adulto, algo que não corresponde à sua faixa etária. Um exemplo é quando a criança é colocada para gravar vídeos para o YouTube e, em alguns casos, acaba até se tornando uma provedora da família. Isso caracteriza adultização.

Outro aspecto muito preocupante é quando a adultização se mistura com a erotização, ou seja, quando a criança é sexualizada de forma precoce, muito antes do tempo adequado. Esse é um problema sério que enfrentamos atualmente.

Viva a Vida Programa de rádio Viva a Vida – 1792 – 26/01/2026 - Telas e Adultização

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Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

O que as famílias podem oferecer às crianças em substituição às telas?

É fundamental oferecer práticas saudáveis. O Brasil é um país tropical, com sol durante grande parte do ano, então atividades ao ar livre, como ir a parques e praias, são excelentes opções. Também há muitas atividades culturais gratuitas, como visitas a museus. Além disso, o exemplo dos adultos é essencial, como ler um livro e incentivar esse hábito nas crianças.

Atualmente, muitos falam em vício na Internet ou nas redes sociais. Dr. Eduardo, é certo falar assim, e como evitar que o uso de telas pelas crianças se torne um problema sério?

O termo mais adequado não é “vício”, mas sim “dependência”. O conceito de vício envolve questões biopsicossociais mais complexas. Em relação à dependência, é necessário estabelecer mediação e controle do tempo de uso das telas.

Percebemos que há dependência quando o uso das telas passa a impactar negativamente a vida social, educacional e, no caso de adolescentes, até a vida laboral, como a de um jovem aprendiz. Quando há prejuízo na vida escolar ou social, estamos diante de um problema que precisa de atenção.

Leia a entrevista na íntegra

1792 - 26/01/2026 - Telas e Adultização

E SDG Icons NoText 033º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

“Saúde e Bem-Estar”

Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades

44º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

“Educação de qualidade”.

Garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos

Dra. Zilda

“Você transforma o país quando educa as famílias para cuidarem melhor de seus filhos.”

 

Papa Leão XIV

“É fundamental que os pais e os educadores estejam conscientes dessas dinâmicas e que sejam desenvolvidas ferramentas para monitorar e controlar a interação dos menores com os dispositivos tecnológicos.”