1282 criancas e novas tecnologias entrevista

Foto: Viktor Hanac

Atualmente, é fácil encontrar crianças que ainda não sabem amarrar o tênis navegando na Internet e usando smartphones ou tablets. A oferta de aparelhos destinados às crianças está cada vez maior. “É inesgotável a capacidade criativa do ser humano, em inventar aparelhos que despertem o interesse das crianças”, afirma o professor Vital Didonet – especialista em educação infantil e direitos da criança, e assessor da Rede Nacional da Primeira Infância (que também coordenou o processo de elaboração e aprovação do Marco Legal da Primeira Infância, junto com outras entidades).

Muitos pais se perguntam se essa inserção, tão precoce, no mundo da tecnologia faz bem ou traz alguns riscos para os pequenos. “Os aparelhos eletrônicos podem ser prejudiciais se usados por muito tempo, pois, de certa forma, inibem ou restringem os movimentos da criança e a manipulação de coisas concretas”, explica Didonet. Por isso, esses aparelhos não podem ser considerados melhores do que um brinquedo tradicional ou de um livro, por exemplo, seja ele de desenhos, de figuras ou de escritas.

Mas o especialista também alerta que não se deve tratar a tecnologia como um “Bicho Papão” e proibir tudo. Para conversar sobre a criança e as novas tecnologias, suas vantagens e desafios, bem como sobre a limitação que leva ao equilíbrio entre o uso e o tempo para brincar e conviver, a Pastoral da Criança entrevistou o professor Vital. E fica a dica: para o desenvolvimento pleno dos pequenos, nada substitui a conversa, o diálogo dos pais com os filhos, o brincar juntos.

Viva a VidaPrograma de rádio Viva a Vida
1282 - Crianças e novas tecnologias - 25/04/2016


Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

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Do ponto de vista do desenvolvimento infantil, que benefícios as novas tecnologias trazem para as crianças?

As pessoas usam técnicas para resolver os problemas, facilitar sua vida. Isso na cozinha, na roça, no estudo, no trabalho. Nós estamos sempre usando aparelhos. As crianças também querem imitar a vida dos adultos, usando aparelhos semelhantes. Nesse sentido, as novas tecnologias estão também, trazendo para a aprendizagem das crianças, a forma dos adultos resolverem seus problemas e simplificar a vida. Mas, também, de fazer aquilo que os adultos estão fazendo e, com isso, eles vão aprendendo. Eu acho que isso é um dos benefícios. Mas se pegarmos, especificamente alguns objetos, tais como tablets: a criança está vendo imagens em movimento, sons. Ela aprende músicas, ela ouve uma língua diferente, ela sabe que as pessoas têm várias formas de se comunicar. Coisa que ela não teria se ela não tivesse esse aparelho.

E que prejuízos elas podem trazer?

Sobretudo, se por exemplo, a criança, ao invés de correr, brincar lá fora, pular corda, cantar e se relacionar de forma mais própria de sua idade, fica parada no sofá, sentada no chão só brincando com o telefone ou com o tablet. Ela tem, certamente, um prejuízo muito grande no desenvolvimento físico, porque a criança precisa de movimento, ela aprende pelo movimento, ela aprende fazendo. Não aprende só olhando.

Qual é o papel da família no uso das novas tecnologias pelas crianças?

1282 criancas e novas tecnologias entrevistado

Vital Didonet – especialista em educação infantil e direitos da criança

Eu penso que a família tem que conversar com a criança sobre o que está usando ou o que a criança quer usar. Ela quer um celular. Aí, os pais têm que dizer: “depende da idade da criança”. Celular não é um brinquedo. Celular é um instrumento de comunicação. Agora, se existe um celular de brinquedo, não tem problema. Ela vai brincar de que está ligando para a mamãe, ligando para o irmãozinho, um parente, um primo. E aí, os pais têm que mostrar o quê que é brinquedo e o quê é instrumento, objeto de trabalho. E, que ela também, aceite limitação no uso desse brinquedo, que não fique muito tempo com ele.

Saiba mais:

 

Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria

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Leia a entrevista na íntegra: 1282 - Entrevista com Vital Didonet - Crianças e novas tecnologias (.PDF)