Incentivar as crianças a mexerem na horta da casa, por exemplo, é um estímulo à alimentação saudável durante as férias
O verão lembra calor, férias, crianças em casa, viagens em família, tempo livre e mudança de rotina. E, às vezes, tudo isso ao mesmo tempo. Por este motivo, o verão também deve ser um período de cuidado e atenção com a saúde das crianças. Com o calor forte, a desidratação pode atacar toda a família, em especial os pequenos. Além disso, a alteração na rotina pode causar também uma mudança de hábitos de toda a família, o que nem sempre é algo bom.
Calor forte e hidratação
O Brasil teve, nos últimos dois anos, um histórico de verões quentes. Muito quentes. O ano de 2014 foi estimado como o verão mais quente e seco dos últimos 70 anos. Anteriormente, 2013 havia sido considerado o sexto ano mais quente do século 19. Com um calor como este, o suor fica cada vez mais intenso e o corpo implora por uma hidratação adequada. "Temos que tomar muito líquido: água, sucos naturais, água de coco, lembrando que criança desidrata muito fácil", explica a nutricionista da coordenação nacional da Pastoral da Criança, Caroline Dalabona. Entretanto, refrigerantes e sucos industrializados não devem entrar nesta conta.
Segundo a nutricionista, os pais devem procurar sempre oferecer líquidos, especialmente água, para as crianças, durante todo o dia, sem uma medida a ser seguida. "Tome água a ponto de não ter sede, pois quando há sede, é porque o corpo já está necessitado", esclarece. Caroline afirma que este deve ser um exercício mantido por adultos e crianças: tomar água frequentemente. Isto deve criar o hábito, e consequentemente, garante um corpo mais hidratado.
Mudança de rotina
O período de férias escolares também pode modificar os hábitos das crianças. Nem sempre quem acordava às 7 horas da manhã vai continuar levantando no mesmo horário. Ainda assim, a nutricionista defende que os pais devem procurar manter os hábitos alimentares do restante do ano. "É necessário que a criança coma algo logo que levantar, pois ela passou um período longo sem se alimentar", explica. E mesmo que esse período seja mais tarde que o normal, fica a cargo dos pais controlarem os horários. "Se a criança tomou café mais tarde, o almoço também pode atrasar um pouco", lembra a nutricionista.
Outro indicativo é tomar cuidado com o tipo de alimentação que as crianças têm neste período. "Deixar a criança comer o que quiser estraga seus hábitos alimentares", alerta Carolina. Uma das propostas é envolver a criança na produção dos alimentos: ela passará a se interessar mais pela comida. "Isso vai depender da idade, mas é possível ela ir à horta, lavar a alface, ou mesmo montar o prato", indica.
Praia e alimentos vendidos
Se a família decidiu viajar para aproveitar o período de férias, isso não pode se tornar motivo de descuido com a alimentação. Aliás, precauções extras devem ser tomadas: com o calor, a possibilidade de deterioração da comida é facilitado, principalmente se ela possui produtos à base de leite e carne. "As comidas vendidas devem ter atenção especial: os pais devem ficar alertas ao tipo de alimento que irão dar para as crianças e de que forma eles foram produzidos. Se a aparência e o cheiro, por exemplo, deixam dúvidas, é melhor não comprar", ensina Caroline.
Estes tipos de alimento, se não forem produzidos com os cuidados necessários, podem causar intoxicação em quem os consome. Para evitar surpresas desagradáveis no período de férias, as famílias devem optar por comidas leves, com pouca gordura e de fácil digestão. "Feijoada, por exemplo, não é a melhor opção para esta época", lembra a profissional. Uma opção é produzir a maior parte da alimentação em casa, com o cuidado que os pais sempre têm. "As pessoas não vão devem comer apenas saladas, mas se forem feitas de forma atrativa, elas também são saborosas", lembra.
Cuidado com o sol*
Outro fator importante que deve ter atenção dos pais, especialmente durante o verão, é o cuidado com o sol. Apesar de conhecer a importância de passar o protetor solar diariamente e reaplicá-lo ao longo do dia, um estudo realizado pela Regional de São Paulo da Sociedade Brasileira de Dermatologia revela que a grande maioria de pais e professores acredita que a preocupação com o protetor solar deve acontecer apenas durante o verão, especialmente na praia.
Dos entrevistados, 89% dos pais disseram que utilizam protetor solar em seus filhos, mas não reaplicam o produto. E entre os 11% que afirmaram nunca usar o protetor solar, 42% disseram que é por esquecimento; 32% acham o produto caro, e 15% não o consideram importante.
A exposição excessiva de sol pode causar, a longo prazo, câncer de pele. Para o o presidente da Regional São Paulo, Paulo Criado, esses número indicam um comportamento cultural brasileiro em relação à doença. "Apesar dos avanços em informação sobre a incidência solar e os prejuízos do acúmulo de exposição inadequada ao sol para a saúde, as pessoas ainda veem o melanoma como algo distante da sua realidade, já que estamos falando de uma doença de longo prazo", afirma.
Na tentativa de diminuir estes casos, a Sociedade Brasileira de Dermatologia desenvolve a dois anos o projeto Sol Amigo da Infância. No site do projeto é possível encontrar informações sobre melanoma, como também é conhecido o câncer de pele, além de dicas e orientações de como cuidar da pele dos pequenos.
*Com informações do Portal da Sociedade Brasileira de Dermatologia