Foto: Kate Mangostar / Freepik.com
Nos últimos tempos, muito tem sido falado sobre trabalho em rede. O CONANDA (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, terceiro capítulo da Resolução 113/2006.)* afirma que os órgãos públicos e as organizações da sociedade civil devem atuar em rede pela garantia dos direitos humanos desta faixa etária. Mas, você sabe o que isso significa?
Uma rede é formada quando várias pessoas e instituições estão ligadas por um objetivo em comum e atuam em conjunto para alcançá-lo. Em geral, as redes são abertas: quem quiser, pode entrar e ajudar. Quanto mais gente, melhor!
A Pastoral da Criança é uma grande rede. Os líderes, capacitadores, multiplicadores, coordenadores, profissionais e outros voluntários de todos os estados do Brasil, e também de outros países, unem-se a outros, em rede informal, pela causa: a vontade de que todas as crianças tenham vida plena.
A Pastoral da Criança também participa de redes formais que unem instituições que trabalham pelas crianças, como a Rede Global das Religiões pela Criança (GNRC) e a Rede Nacional Primeira Infância (RNPI).
Rede comunitária
Pensando na própria comunidade, costuma-se chamar de rede de proteção à criança o conjunto: família, amigos, serviço de saúde, escola, Igreja, Conselho Tutelar, Conselhos de Direitos, Ministério Público, poder judiciário, CREAS, CRAS, voluntariado, entre outros. Cada um tem seu papel na construção de um mundo adequado para as crianças. E quando surge uma dificuldade, mais de uma pessoa pode ser acionada para colaborar e resolver a questão.
Se a vizinhança toda considera a infância importante, todos se ajudam para que as condições de vida das crianças sejam melhores, não apenas para os próprios filhos. E esse sentimento tem o poder de mudar o mundo para melhor!
Família acolhedora: o que é isso?
“Às vezes, tudo que uma criança precisa para atravessar uma turbulência em sua vida familiar é ser acolhida provisoriamente por outra família”.
Mensagem do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora, de Campinas (SP)**
No site do Serviço, explica-se que as famílias acolhedoras: “acolhem, em suas residências, crianças e adolescentes afastados do convívio familiar por medida de proteção, em função de abandono ou pelo fato de a família se encontrar temporariamente impossibilitada de cumprir suas funções de cuidado e proteção”.
Por um período em geral curto (dias a poucos meses), são realizados esforços para que as crianças e adolescentes possam voltar ao convívio com sua família de origem. As famílias acolhedoras são muito importantes na rede de proteção à criança.
Esse modelo de acolhimento já foi implantado com sucesso em diversos países. Apesar de ser uma iniciativa ainda pouco conhecida no Brasil, alguns estados e cidades já avançaram nessa discussão e possuem boas experiências. E agora, o assunto ganhou destaque também no Ministério de Desenvolvimento Social (MDS). A proposta é que, ao invés de crianças em medida protetiva ficarem em abrigos durante o período em que são afastadas de seus pais ou cuidadores, elas sejam cuidadas por uma família acolhedora.
Pretende-se que os abrigos para crianças menores de 6 anos sejam extintos até o final do ano que vem. Segundo o UNICEF, para cada ano em abrigo, as crianças perdem 4 meses de desenvolvimento.
A família acolhedora pode ser voluntária ou receber recursos financeiros para cuidar dessas crianças. Uma equipe de profissionais especializados acompanha essas famílias acolhedoras. Dessa forma, a criança é protegida em um ambiente afetuoso, com possibilidades de ter seu desenvolvimento integral e o retorno à família biológica.
Vale lembrar que, no dia a dia, a Pastoral da Criança procura medidas de fortalecimento da própria família, exercendo também um papel de prevenção da violência e de outras questões que possam levar ao afastamento da criança. Esgotadas as possibilidades, aí sim parte-se para instâncias fora do contexto familiar.
Saiba mais sobre o exemplo de Campinas: www.familiaacolhedora.campinas.sp.gov.br
Texto publicado na 9ª edição da Revista Pastoral da Criança