Índice de Artigos

Criança: prioridade absoluta

As melhores experiências na área da infância e da garantia de seus direitos estão relacionadas com ações que focalizam a família e a comunidade como espaço privilegiado do desenvolvimento infantil. Por isso, a ação da Pastoral da Criança nas comunidades promove e fortalece os vínculos familiares e comunitários colocando a criança como prioridade absoluta, com o cuidado e a atenção especial que ela necessita.

Inspirada neste conceito Criança prioridade absoluta / Centralidade da Criança e no Documento de Aparecida, de 2007, a Pastoral da Criança participa, junto com Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM) e Visão Mundial, do projeto “Centralidade de la Niñez” que tem como objetivo criar uma rede de interação constante para a promoção da vida plena e de desenvolvimento integral da criança na América Latina e Caribe.

A iniciativa reforça ainda que a infância, por ser a primeira etapa da vida, se constitui uma ocasião maravilhosa para implantar as bases da fé.

Pontos de Atenção

Ao longo de 30 anos, a Pastoral da Criança desenvolveu com sucesso sua metodologia de acompanhamento de crianças e gestantes em comunidades pobres. As ações básicas de saúde, complementadas por políticas públicas adequadas e oportunidades para o desenvolvimento integral da criança, salvaram e continuam salvando milhares de vidas.

Durante as Reuniões de Reflexão e Avaliação (RRA), realizadas mensalmente pelos líderes da Pastoral da Criança, são levantados pontos de atenção que são discutidos e mostram situações que envolvem a criança, como: falta de aleitamento, baixo peso, mortalidade, obesidade, desnutrição, diarreia; e que envolvem a gestante, como: pouca visita domiciliar, pré-natal, falta de cadastro, falta de gestante, problemas no parto.

São situações para os quais, os líderes precisam de mais apoio para buscar as principais causas e também buscar formas para  alcançar a solução.

Para ajudar na solução de alguns desses pontos de atenção, há a necessidade dos líderes dispor de mais informações sobre os primeiros 1000 dias de vida da criança. Com base nos estudos do epidemiologista britânico David Barker, é possível afirmar que o sofrimento do feto na gestação e a má alimentação da criança nos dois primeiros anos de vida podem trazer consequências sérias para a sua saúde na fase adulta, com reflexos até a terceira geração. Ao sofrer privações alimentares nos “primeiros mil dias”, uma mulher pode deixar como herança uma tendência para certas doenças para os filhos e netos, mesmo que no futuro ela passe a ter boa alimentação.

De acordo com a teoria de Barker,  os cuidados adequados na fase inicial da vida podem evitar o desenvolvimento de obesidade, osteoporose e doenças cardiovasculares.

Motivação permanente

Ao ingressarem na Pastoral da Criança, os voluntários se nutrem de elevadas expectativas e sentimentos positivos com relação a situação da criança. Porém, à medida que vão se defrontando com as dificuldades, percebem que o trabalho realizado é insuficiente para transformar a realidade social de exclusão a que está submetida a criança e sua família. Além disso, reconhecem que estão enfrentando demandas munidos de recursos escassos, o que impede o alcance de alguns resultados esperados.

Tudo isso influencia negativamente na motivação para dar continuidade ao trabalho. Por isso, para exercer o trabalho, os líderes precisam de forte motivação pessoal, além de contar com um bom relacionamento e apoio dos outros líderes e famílias, das coordenações da Pastoral da Criança e das diferentes forças sociais.

Busca de soluções

Depois de avaliar as causas dos pontos de atenção, os líderes podem encontrar soluções com as forças locais ou encaminhar para o nível superior. A partir das necessidades das crianças em situação de vulnerabilidade, a Pastoral da Criança promove redes para multiplicar as iniciativas de cuidados e proteção das crianças e gestantes na família.

Estas ações precisam ser complementadas com políticas públicas de saúde, acesso à alimentação saudável, educação, lazer, esporte e cultura, saneamento ambiental e básico, assistência social, oferecidos com qualidade e equidade.