O fenômeno é raro, mas está crescendo, de acordo com especialistas. "Já peguei mãe suprimindo totalmente os carboidratos da dieta, o que é um erro. Não pode tirar uma fonte energética, usada no crescimento", diz a pediatra Cristiane Kochi, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Mães obesas que levam filhos ao consultório com problemas de crescimento vêm chamando a atenção de Zuleika Halpern, especialista em obesidade infantil e membro da Abeso (entidade para estudo da obesidade).
"Verificamos que elas oferecem alimentos inadequados, como leite desnatado, e em pouca quantidade, por medo de as crianças serem obesas também."
Halpern afirma que, em um dos casos, quem "entregou" o problema foi a avó da criança, já que a mãe não admitia que tinha essa conduta.
"É mais comum que as mães obcecadas com seu próprio peso "torturem" seus bebês na alimentação", diz a médica. Segundo ela, meninas são as maiores vítimas.
TURMA "LIGHT"
Há dois perfis de pais que submetem os bebês a dietas por conta própria, diz o pediatra Mauro Fisberg, especialista em nutrição infantil.
O primeiro é o pai obeso que sofre de culpa e teme que o filho seja gordo também. O segundo é o ortoréxico (com mania de alimentação saudável), que veta carne e doces em favor de produtos light ou naturais. "Fazem da criança um laboratório", diz o médico, que já viu o problema em bebês de oito meses.
Essas restrições podem levar a deficiência de ferro, por falta de carne, desequilíbrio hormonal, por falta de gorduras, e a baixo crescimento, hipoglicemia e alterações no metabolismo, por falta de carboidratos.
A paranoia dos pais tem uma base real. A obesidade infantil está crescendo no mundo todo, Brasil incluído. Dados do IBGE mostram que um terço das crianças de até cinco anos está acima do peso. Essa proporção triplicou desde a década de 70.
Fonte: Folha de São Paulo