Atuando no combate a desnutrição infantil desde 1987, a Pastoral da Criança tem sido importante na vida de famílias carentes. A desnutrição ainda castiga alguns municípios paraibanos. Em localidades como o distrito de Pirauá, vizinho a Pernambuco, e na cidade de Nova Olinda, 432,7 km distante de João Pessoa, muitas famílias sofrem com a situação financeira precária.

 

 

Como consequência disso enfrentam o baixo peso e dificuldades no desenvolvimento de suas crianças. Estas pessoas ganharam um forte aliado para combater o problema em 1987, quando surgiu a Pastoral da Criança na Paraíba, uma entidade vinculada à Igreja Católica, que atua no acompanhamento de crianças que têm peso inferior ao considerado normal para cada idade. Atualmente, 56 mil pequenos - até seis anos - de 215 municípios paraibanos são beneficiados pelo trabalho de 4.200 líderes voluntários. Quatro em cada cem crianças acompanhadas pela Pastoral são desnutridas.

Três ações são realizadas a cada mês em cada uma das 215 coordenações. Durante a visita domiciliar, as famílias são ouvidas e recebem orientações sobre saúde ecidadania. Num segundo momento, mães e crianças se reúnem e participam de palestras educativas, brincadeiras e lanches e até de um sopão. Por último, é realizada uma avaliação das famílias visitadas. Aquelas onde são constatados casos de crianças com baixo peso e que vivem em situação precária passam a ser prioridade.

Dentro do processo, que tem como principal objetivo promover e resgatar a vida humana, as doações que chegam através da coordenação nacional ajudam a manter vivo o trabalho. No entanto, um item é apontado por muitas mães como a salvação de centenas de meninos e meninas: a multimistura. "As mães contribuem para que este complemento alimentar seja feito. Ele foi um dos principais elementos que colaboraram para reduzir a desnutrição no estado", relatou a coordenadora estadual da Pastoral da Criança, Irma Rodrigues da Silva, que está à frente do trabalho desde 2006. "Queremos cada dia promover a vida e agradecemos aos líderes pelo apoio", completou.

Uma destas líderes é Marisa dos Santos Medeiros, mais conhecida como dona Dida. Ela faz o acompanhamento de 120 crianças na comunidade Santa Emília, no bairro do Varadouro, em João Pessoa. A coordenadora paroquial, que faz parte da Pastoral da Criança há 17 anos, admite que o trabalho é difícil. "As condições são precárias. O recurso que recebemos da Pastoral não é suficiente para suprir as necessidades de todas. Então, saio na rua pedindo e tenho conseguido a ajuda de muita gente", contou.

Na feira, onde tem um pequeno comércio, ela convenceu os colegas de trabalho a doarem verduras que são transformadas no sopão distribuído com a comunidade. Outros doam arroz e macarrão. Tem gente que colabora com biscoito, açúcar e suco. Todo esse alimento é oferecido às mães e às crianças uma vez por mês, sempre na última terça-feira, quando as crianças também são pesadas. "Às vezes, ganho tanta coisa que divido entre os moradores da comunidade. E me sinto muito bem realizando esse trabalho", declarou dona Dida, que vem de uma família de 16 irmãos, e que passou por muitadificuldade na infância.

Colaboração: Lucilene Meireles // Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.