Veja a entrevista de Clóvis Boufleur, Gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança, para o Cidadania, falando sobre o combate às doenças respiratórias.



A instituição organiza campanhas e ajuda o Ministério da Saúde na luta contra a mortalidade infantil no país

Ana Paula Rodrigues,
especial para o Cidadania

Tosse. Falta de ar. O inverno bate na porta e com ele, doenças respiratórias como bronquite, rinite, pneumonia e asma, aparecem para tumultuar a estação. É preciso tomar muito cuidado para que uma simples tosse não se transforme na causa da morte de uma criança, que são as que mais sofrem nessa época do ano.

A Pastoral da Criança é uma organização social com reconhecimento mundial, que desenvolve um trabalho voltado à prevenção da mortalidade infantil e à conscientização das famílias dos cuidados que devem ser tomados. Com a aproximação do inverno, o trabalho da instituição se intensifica na divulgação de campanhas para prevenir um aumento no número de casos.

O Gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança, Clóvis Boufleur, fala sobre o trabalho que é desenvolvido pela organização nesse campo.

Cidadania:  Quais as doenças que mais ameaçam a saúde e a vida das crianças no inverno?
Clóvis Boufleur: Nas regiões mais frias do Brasil durante o inverno aumentam as doenças do sistema respiratório. Dentre as doenças, a pneumonia é que mais causa morte de crianças menores de cinco anos no Brasil, principalmente nas comunidades pobres.

Cidadania: Qual o papel da Pastoral da Criança no combate a essas doenças?
Clóvis Boufleur: Os líderes da Pastoral da Criança orientam as famílias sobre os sinais de perigo relacionados com as doenças respiratórias e pedem para a mãe a observar se a criança com tosse tem respiração rápida ou afundamento da parte baixa do peito quando puxa o ar, não se alimenta, não consegue beber líquido, está sonolenta ou com dificuldade para acordar, tem febre alta ou está com a temperatura do corpo muito baixa ou apresentou convulsão. Nestes casos a criança deve ser levada imediatamente para o serviço de saúde para ser tratada; assim a chance de ser curada é bem maior.

Cidadania: No dia 28 de maio, a Pastoral da Criança lançou uma campanha sobre a distribuição da primeira dose do antibiótico durante o Congresso de Secretarias Municipais de Saúde, em Gramado, no Rio Grande do Sul. No que consiste tal campanha?
Clóvis Boufleur: A campanha é simples. Nos casos em que o médico receitar antibiótico para tratar as doenças respiratórias, que a primeira dose seja oferecida imediatamente, na Unidade Básica de Saúde.  Em muitos municípios, a mãe recebe o medicamento na Unidade Básica, depois da consulta, e só oferece a primeira dose para criança ao chegar em casa, horas mais tarde. A recomendação de dar a primeira dose de antibiótico para crianças entre zero e seis anos logo após a consulta foi feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda em 1996, mas não é cumprida pelos municípios. Por isso, a Pastoral da Criança decidiu abraçar a causa para reduzir não apenas a mortalidade infantil, como o número de internações de crianças nessa faixa etária.

Cidadania: Quais as outras ações da Pastoral na prevenção e no tratamento de doenças respiratórias, principalmente a pneumonia?
Clóvis Boufleur: Os voluntários da Pastoral da Criança que atuam como Articuladores junto ao Conselho Municipal de Saúde tem a missão de prevenir a mortalidade infantil e melhorar o acesso aos serviços de saúde.  Mensalmente, os Articuladores visitam as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e verificam quantas delas têm disponibilidade de antibióticos para crianças e o número que disponibiliza a primeira dose do antibiótico ainda na Unidade de Saúde. Segundo dados coletados por Articuladores da Pastoral da Criança junto aos Conselhos de Saúde, que visitaram 1.076 Unidades Básicas de Saúde (UBS) em 836 municípios do país no quarto trimestre de 2009, 77% destas Unidades informaram que tinham antibiótico no estoque no dia da visita. Deste total, 40% disseram que deram a primeira dose do medicamento na própria Unidade Básica.

Cidadania: A Pastoral da Criança fica sempre atenta a novas doenças que possam atingir a sociedade. Quais as outras campanhas de saúde que ela desenvolve nessa época do ano?
Clóvis Boufleur: Iniciamos no inverno de 2009 a campanha "Dormir de Barriga para Cima é Mais Seguro", com o objetivo de orientar a sociedade sobre a melhor maneira de colocar os bebês para dormir. Ao dormir de barriga para cima, o risco de o bebê sofrer morte súbita é reduzido em mais de 70%, conforme atestam pesquisadores do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e campanhas recentes divulgadas nos Estados Unidos e na Inglaterra. A morte súbita é uma das maiores causas de óbito entre bebês de até um ano de idade. Em 2010, o relançamento da campanha acontece em junho.

Cidadania: Ano passado, a doença que mais preocupou, tanto o Ministério da Saúde, como a população, foi a gripe A – H1N1. Cerca de 900 brasileiros foram vítimas do vírus influenza A em 2009. Este ano, o governo promoveu a campanha de vacinação contra a gripe suína, dividindo a população por grupos de risco. As crianças de seis meses a menores de dois anos de idade foram incluídas. A Pastoral da Criança participou da campanha?
Clóvis Boufleur: Não tivemos uma participação oficial. Ajudamos na divulgação. A Pastoral da Criança orienta a família sobre o calendário de vacinação da criança, e neste caso não foi diferente.

?Fonte: http://v5.fcl.com.br/cidadaniaempresarial/cidadania/2010/junho/notas_03.php