Oito horas em cima de um pé de jaqueira para se salvar da enchente provocada pelas fortes chuvas que atingira os Estados de Alagoas e Pernambuco. Experiência da líder da Pastoral da Criança Michele Pereira da Silva da comunidade Quilombola Miquém em União dos Palmares-AL .
 

Dois dias em cima de um telhado. Sobreviveu outra líder Maria José da Silva em Murici-AL. Quadro da destruição provocada pelos temporais no Nordeste que iniciara no dia 18 de junho de 2010, após 72 horas de fortes chuvas.


 
Michele e Maria José.  Alojadas em galpão com outras famílias da Pastoral da Criança.  A líder quilombola perdera tudo que tinha.  “Não ter perdido a vida é a mais forte emoção”.

O alerta. A enchente. O drama. Era o momento da Celebração da Vida. Agilidade da líder Maria José. Atravessara a cidade até um galpão às margens da rodovia.  Objetivo? Salvar quatorze crianças. Local mais seguro. O nível da água se elevara. Impossível sua própria travessia. Morreria no trajeto.  “No momento que começou a chuva fui levando as crianças para o galpão. Consegui conduzir todas. Fiquei por último. A correnteza estava forte. Não deu mais tempo atravessar. Graças a Deus consegui me salvar em cima de um telhado”, relata o drama.

A história das duas líderes da Pastoral da Criança faz parte da experiência dramática de milhares de pessoas desabrigadas pela enchente.  

União do Palmares-AL. Casa escritório da Pastoral da Criança. Totalmente destruída pela enxurrada. A coordenadora do Ramo Mariné Ramos da Silva diz que perdera todo o Material Educativo, FABS, Guias e Cadernos do Líder. Prestações de contas dos Ramos. A correnteza levara. “Algumas prestações iriam ser enviados para a Coordenação Nacional na semana seguinte após a enchente”, relata.

Exposto a lama. Computador. Máquina copiadora. Carro a serviço da Pastoral da Criança. Todos destruídos. Segundo a coordenadora do Estado Maria do Amparo Torres 10% das líderes perderam suas casas e 80% das famílias acompanhadas pela Pastoral da Criança foram atingidas nos municípios Santana do Mundaú, Murici, São José da Laje, Cajueiro, Capela e Viçoça. Em proporções menores com perdas de casas e utensílios domésticos os municípios Jundiá, Jacuipe,  São Luiz de Quitunde, Maragogi e Matriz  de Camaragibe.

Ação constante da Pastoral da Criança. Visitar e acompanhar as lideranças em todos os municípios. “Os que não estão recebendo ajuda e nem comida, estamos fazendo campanhas e dando cobertura especial as líderes e famílias acompanhadas pela pastoral”, afirma.

Incansável. Torres visitara os municípios mais atingidos. Presenciara tragédia. “Destruição total em Branquinha, Rio Largo, Santana de Mundaú. Vi a casa de uma líder indo embora com tudo o que tinha na enxurrada. A mãe e os irmãos conseguiram se salvar”, relata.

Baixara o nível da água. Pouco mais de quinze dias da enchente.  Crianças assustadas. Expostas. Um trilho de trem. Brincar no que restou. Pessoas a perambular pelos escombros.  “Apáticas. Sem rumo”. Situação de risco. “Contaminação. Leptospirose. Oito óbitos em Branquinha, Rio Largo, Santana de Mundaú”. Afirmara Torres.

Situação mais crítica. União dos Palmares. Nove mil desabrigados. Mil desaparecidos. Seis mortes. Murici. Quatro mil desabrigados. Informações da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil.

Ir. Núbia Maria da Silva
Ação Comunicação Popular
Fotos: Suely Sobral