Da Agência Brasil

 

O Ministério da Saúde passou a recomendar que todas as gestantes do país façam suplementação de cálcio para prevenir a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia, problemas causados pela hipertensão e que são as maiores causas de nascimentos prematuros e de morte materna e fetal. 

A nova estratégia definida na Nota Técnica Nº 251/2024 será adotada no pré-natal do Sistema Único de Saúde (SUS) e vai beneficiar especialmente a população negra e indígena. Em 2023, quase 70% das mortes causadas por hipertensão foram entre mulheres pretas e pardas.

A médica Joeline Cerqueira, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), ressalta o objetivo do uso cálcio de forma preventiva em gestantes.

"Várias substâncias, vitaminas e nutracêuticos foram estudados para que se evitasse o aparecimento da pré-eclâmpsia. O cálcio e o AAS se mostraram eficazes de forma profilática. Isto é, na paciente que não tem pressão alta, mas que tem um alto risco de desenvolver a pré-eclâmpsia e a pressão alta", explica.

Para reduzir os riscos de complicações, as gestantes devem tomar dois comprimidos de carbonato de cálcio de 1.250 mg por dia a partir da 12ª semana de gestação até o parto. As gestantes também devem manter a suplementação de ácido fólico e ferro. Para não prejudicar a absorção, o cálcio e o ferro devem ser tomados em horários diferentes.

O cálcio já faz parte da farmácia básica do SUS, mas caberá aos municípios, aos estados e ao Distrito Federal adquirir os comprimidos na quantidade necessária para atender a todas as gestantes.

Desde 2011, o Ministério da Saúde segue orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para suplementação de cálcio para gestantes com baixo consumo do micronutriente e mulheres com alto risco para pré-eclâmpsia.

Agora, a prescrição universal se baseia em pesquisas oficiais que mostram que tanto as adolescentes quanto as mulheres adultas no Brasil consomem menos da metade da quantidade recomendada de cálcio por dia.


Pastoral da Criança

Para facilitar a orientação, a nova recomendação passa a fazer parte dos materiais educativos da Pastoral da Criança. Além disso, uma pergunta sobre a suplementação de cálcio será incluída no roteiro da visita domiciliar das gestantes.