O Pará está abaixo das médias regional e nacional de oferta de antibióticos do Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças menores de 6 anos nos postos de saúde. Enquanto a média nacional é de 40% de postos que dão a primeira dose de remédios como amoxicilina ou eritromicina, e o percentual da região Norte é de 38%, apenas 28% dos postos de saúde pesquisados no Estado ofereciam a dose inicial.
Os dados são de dezembro de 2009, da Pastoral da Criança Internacional. O coordenador da entidade, o médico Nelson Arns Neumann, informou que foram pesquisadas 63 unidades de saúde de 37 municípios paraenses. Desses 63 postos, 63% tinham os antibióticos, no entanto, somente 28% estavam disponibilizando para as crianças doentes.
Nelson Arns revelou que a recomendação de dar a primeira dose de antibiótico para crianças entre 0 e 6 anos foi feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ainda em 1996, mas não é cumprida pelos municípios. Por isso a Pastoral da Criança decidiu abraçar a causa para reduzir não apenas a mortalidade infantil, como o número de internações de crianças nessa faixa etária. Na próxima semana, lança oficialmente em Gramado, no Rio Grande do Sul, uma campanha voltada a essa obrigatoriedade, durante encontro com todos os secretários municipais de saúde.
A pesquisa e o acompanhamento são feitos por voluntários da Pastoral da Criança junto aos conselhos municipais de saúde. A maior preocupação é com crianças que demoram a tomar um antibiótico e têm o estado de saúde agravado por doenças como pneumonia e as preveníveis por vacina.
Não bastasse o índice de entrega da primeira dose nos postos de saúde estar abaixo do regional e do nacional, os municípios de Aurora do Pará, Bonito, Bragança, Cametá, Capitão Poço, Conceição do Araguaia, Curionópolis, Mãe do Rio, Marabá, Ourém, Paragominas, Primavera, São João da Ponta, Senador José Porfírio, Soure e Tracuateua simplesmente figuram na estatística da Pastoral como os que não ofertam nenhuma dose de antibiótico.
Dos 37, apenas cinco municípios paraenses - Terra Santa, Peixe-boi, Ipixuna do Pará, Brejo Grande e Colares - têm a medicação e praticam a recomendação da OMS. Já São Miguel, Augusto Corrêa, Garrafão do Norte, Mocajuba, Nova Esperança do Piriá, Novo Repartimento, Óbidos, Ulianópolis, Rondon, Curuçá e Vizeu estão com índices que variam entre 14,3 a 80%.
A Pastoral da Criança Internacional também lança em maio a campanha para que as mães coloquem os filhos recém-nascidos de peito para cima. Depois de décadas de discussão científica, segundo Nelson Arns, agora é definitivo o estudo que mostra que bebês de barriga para cima morrem menos de morte súbita causada por sufocamento.