Reconhecido pela Unesco como modelo de educação não-formal de maior êxito no mundo, o movimento escoteiro – fundado na Inglaterra por Baden Powell, em 1907 e trazido ao Brasil pela Marinha em 1910 – comemora 100 anos no país no Dia de São Jorge, padroeiro da instituição, contando hoje com 70 mil associados. Em comemoração à data, centenas de praticantes do escotismo reuniram-se na cidade para uma homenagem à médica Zilda Arns, vítima do terremoto que arrasou o Haiti, no início deste ano.


No Estado do Rio de Janeiro, são quase 5 mil escoteiros e escoteiras, distribuídos em 95 grupos, a partir dos sete anos de idade e sob a orientação de 1, 5 mil adultos, se reúnem semanalmente para cumprir um programa de atividades as mais variadas, desde trilhas, escaladas e acampamentos até o aprendizado de nós, de primeiros socorros,  mutirão de ação ecológica e adesão às campanhas da sociedade – como as de socorro às vítimas das enchentes no Brasil e às do Haiti e de prevenção à dengue. O Grupo Escoteiro é uma associação civil de direito privado e sem fins lucrativos.


Tendo como principal objetivo contribuir para a formação do jovem, o escotismo proporciona que ele se desenvolva como cidadão ético, responsável e solidário – independente de sua origem, raça ou crença – e ajudando-o no crescimento de suas potencialidades física, social, emocional, cultural, intelectual e espiritual. 
 
Homenagem à Zilda Arns

Com representantes governamentais e do movimento escoteiro de todo o Brasil na sessão solene, o evento fará homenagem póstuma à doutora Zilda Arns, pediatra e sanitarista que fundou e coordenou em âmbito internacional a Pastoral da Criança, tendo morrido recentemente durante missão no Haiti. Na ocasião, será entregue a seus familiares a comenda máxima do escotismo, o Tapir de Prata.

Outras premiações acontecerão e diversas oficinas serão oferecidas aos participantes. Serão lançados também a nova marca da flor de lis (símbolo dos escoteiros) e publicações a respeito do programa de modernização implementado em 2001. Os trabalhos selecionados no Concurso de Fotografia e na I Feira Nacional de Projetos Escoteiros serão exibidos no foyer do Sheraton-Rio, ao longo do congresso.


Ensinando para a vida

Fred Santos, presidente eleito da União dos Escoteiros do Brasil/ RJ (UEB/RJ), funcionário público de 45 anos, escoteiro há 39, afirma que o escotismo é, hoje, no País, a melhor ferramenta educacional: “Tenho a convicção de que a educação não-formal representa, hoje, a melhor alternativa de apoio aos modelos educacionais existentes. Nas atuais condições, o que a maioria dos professores consegue, na melhor das hipóteses, é reproduzir conhecimento, enquanto nos países desenvolvidos, a educação é encarada como um investimento”, afirma.

Destaca que, esse trabalho, que fica a cargo de adultos voluntários e qualificados para orientar essas crianças e jovens, anda de mãos dadas com a família e não está ligado a nenhum partido político ou igreja. “Nós estimulamos o respeito às diferenças e, muitas vezes, ajudamos os pais nessa tarefa de educar seus filhos, pois muitos trabalham e não dispõem de tempo para acompanhar este desenvolvimento. Nós os treinamos para a vida”, conclui.
 
Para começar, são os pais que inscrevem as crianças e adolescentes nos grupos de escoteiros, depois de conhecer o trabalho que é promovido e a programação das atividades. “A participação da família é essencial. Atento à esta formação da juventude, em que enaltecemos os valores de solidariedade, cidadania e respeito ao próximo, o escotismo procura educar pela atitude”, diz Fred Santos.

Os associados, de ambos os sexos, são divididos em grupos de acordo com a faixa etária: de 7 a dez anos (lobinhos), de 11 a 14 (escoteiros), de 15 a 17 (sênior) e de 18 a 20 (pioneiro). Esse contingente, constituído por multiplicadores de opinião por excelência e que ultrapassa a marca dos 200 milhões em 216 países e territórios, aprende, desde cedo, a respeitar e preservar a natureza.
No Rio, os escoteiros mantém uma área de reserva natural em Magé (Campo Escoteiro Geraldo Hugo Nunes), com 360 metros quadrados de área construída em uma região de 47 hectares de Mata Atlântica. Entre as propostas a serem apresentadas neste XVI Congresso Nacional Escoteiro, está a do presidente da UEB/ RJ, Fred Santos, sobre a adoção de reservas naturais pelos demais estados.


Acompanhando as evoluções do mundo, o movimento escoteiro está em permanente processo de análise e aprimoramento para melhor educar. Os associados dispõem até de um acampamento virtual, o Joti (acesso pelo site www.escoteiros.org.br).


Entre as mudanças realizadas de alguns anos aos dias de hoje, está, por exemplo, a mudança de traje, que permite o maior acesso ao movimento. O uniforme ainda é usado por alguns grupos, mas basta ter a blusa azul do escoteiro, um par de tênis, de meias e uma calça jeans e efetuar o pagamento da mensalidade (o valor é fixado pelo próprio Grupo Escoteiro, de acordo com o perfil da comunidade em que está situado) para participar das atividades.


Campanhas de prevenção à Aids e Doenças Sexualmente Transmissíveis, palestras sobre o perigo que representam as drogas, entre outros assuntos do cotidiano e de interesse da juventude, também integram a programação preparada pelos adultos voluntários que coordenam as atividades.

 

Fonte: Por Redação, com ACS - do Rio de Janeiro

Correio do Brasil Online – 23/04/2010