Por ocasião do seu 175º aniversário, a Kindermissionswerk promove, em 05/11, simpósio online sobre o tema saúde infantil em todo o mundo, organizado em cooperação com o Instituto de Missão Médica de Würzburg, e a Pastoral da Criança foi convidada a fazer uma apresentação sobre seu trabalho em um dos painéis.
Dr. Nelson Arns Neumann, PHD em Saúde Pública e Coordenador Internacional da Pastoral da Criança, foi um dos palestrantes do painel para América Latina, que teve como tema: Saúde infantil - quais os desafios a enfrentar? Como podemos resolver eficazmente os problemas de saúde infantil? Quais são as consequências do COVID-19 e das crises climáticas para crianças e adolescentes?
Em sua apresentação, Dr. Nelson contou sobre o trabalho desenvolvido pela Pastoral da Criança no Brasil, Bolívia, República Dominicana, Guatemala, Peru e Haiti por meio de uma rede de cerca de 50.000 voluntários, acompanhando 600.000 crianças menores de 6 anos e gestantes de casa em casa. Reforçou também que nossos voluntários compartilham conhecimentos principalmente nas áreas de saúde, nutrição e desenvolvimento infantil e formam redes de solidariedade e controle social das políticas públicas.
Para o Dr. Nelson, “durante a pandemia, a diferença entre os voluntários pobres que vivem e trabalham em seu bairro em relação aos voluntários que não vivem em comunidades pobres ficou muito clara: enquanto grande parte dos de fora interrompeu suas atividades devido ao risco de contrair COVID e abandonando as famílias pobres no momento de sua maior necessidade, aqueles que viviam em sua própria comunidade intensificaram suas ações ao verem, em seu cotidiano, os efeitos deletérios da pandemia sobre eles próprios e seus vizinhos”.
Ele reforçou ainda que a pandemia também trouxe a necessidade de comunicação virtual, por isso a maioria dos voluntários aderiu ao AppVisita (22.000) e, curiosamente, com mais vigor na Amazônia e áreas pobres do Nordeste do Brasil, assim como na Bolívia. Uma das maiores facilidades, é o fato do aplicativo funcionar totalmente offline.
Dr. Nelson ainda explicou que há décadas que se sabe que as crianças que nascem com baixo peso apresentam mais problemas cardíacos a partir dos 40 anos, o dobro de obesidade, hipertensão e diabetes, além de debilidade renal. Os pobres são os que mais nascem com baixo peso ao nascer e, devido às comorbidades, são os que mais morreriam de COVID mesmo que tivessem acesso aos bons serviços de saúde que dispõem os ricos. Na prática, boa parte dos Governos desmantelou o atendimento das Unidades Básicas de Saúde em áreas carentes, transferindo médicos e enfermeiras dessas unidades para os prontos-socorros criados na cidade. “Assim, a lei inversa do cuidado do Professor Hart foi confirmada novamente, 50 anos depois de ter sido enunciada: aqueles que mais precisam de atenção médica recebem, perversamente, o mínimo e a pior qualidade de atendimento. Como resultado, há proporcionalmente muito mais órfãos entre os pobres do que entre os ricos”, reforçou ele.
Segundo o Dr. Nelson, há também novidades boas vindas com os novos tempos: “hoje os pobres têm celular e manejam aplicativos com muita habilidade. Com isso, eles podem receber comunicação e capacitação diretamente, permitindo-lhes não depender da boa vontade da classe média para alcançá-los. Isso gera autonomia, aumenta a autoestima e proporciona inclusão digital. No entanto, deve-se considerar que é justamente nas áreas mais remotas que a capacidade de leitura é menor e onde a aprendizagem por meio de vídeos e tecnologias mais modernas seria mais útil e é preciso ações concretas para diminuir essas desigualdades. O conhecimento para a superação dos problemas de saúde está disponível há décadas e existem caminhos para transformar o mundo. Já estamos fazendo isso, mas é necessário muito mais”.
Para Dr. Nelson, participar do simpósio foi um grande aprendizado e uma excelente oportunidade de contar um pouco sobre o trabalho e a missão da Pastoral da Criança: “os participantes gostaram muito e elogiaram o trabalho da Pastoral da Criança nas comunidades indígenas, também com o AppVisita, bem como a atuação do Articulador de Saúde junto ao SUS, o correio do AppVisita como canal direto com as lideranças e famílias acompanhadas e o constante contato com o Ministério da Saúde para o que aprendemos seja compartilhado com este ministério de forma a alcançar ainda mais pessoas”.
A Kindermissionswerk apoia a Pastoral da Criança Internacional em Moçambique, Guiné-Bissau, Peru, Bolívia e Haiti, além de apoiar diretamente, sem passar pela PCI, nossa missão nas Filipinas e Guatemala.