Voluntários da Pastoral orientam famílias desassistidas sobre cuidados com a saúde Uma líder da Pastoral da Criança devota em média 12 horas por semana ao voluntariado. Nesse período, acompanha a trajetória de famílias com gestantes ou crianças de zero a seis anos. Em geral cada líder atende até 12 crianças.

Mas não é incomum encontrar voluntárias que acompanham até 18 crianças, como é o caso de Dalila Costa, de 55 anos. “Vamos anotando o que precisa ser feito e conscientizando, valorizando as diferenças”, afirma. Nesse trabalho de contato com os pais, o bem mais valioso que a Pastoral dispõe é a informação.
 
Para gestantes, a entidade distribui cartilhas que explicam o desenvolvimento do bebê a cada mês e ensinam os cuidados para evitar riscos e ter uma gravidez saudável. Para crianças, os cuidados são nas oportunidades de  desenvolvimento, tanto em termos de alimentação, como de  espaço para brincar.Além das orientações básicas a respeito da saúde, as líderes também ensinam essas mães desassistidas a lutar por seus direitos. “Se não conseguiu a vaga na creche municipal da sua região, vamos atrás de alternativas.
 
Às gestantes, orientamos sobre o exame pré-natal, que muitas nem sabem que têm direito”, diz Dalila. Uma vez por mês, a Pastoral reúne todas as líderes e mães da mesma comunidade para fazer o que chama de Celebração da Vida. Nesse dia as crianças são pesadas, as mães recebem as orientações de especialistas e todos compartilham um lanche saudável. As palestras são voltadas de acordo com as necessidades  da comunidade.
 
No caso da Paróquia Santa Maria Goreti, no bairro Butantã da capital paulista, onde Dalila trabalha, o problema da desnutrição  deu lugar à obesidade. “Procuramos trazer nutricionistas para orientar a alimentação saudável.” Como o trabalho essencial da entidade está na educação de famílias e mães, o custo de manutenção da Pastoral é muito pequeno. Esse é um dos fatores que ajudou a expansão rápida da sua rede tanto internamente quanto para outros países. “O mais complicado é a transferência de tecnologia e também o encontro com autoridades locais”, diz o coordenador da Pastoral da Criança Internacional, Nelson Arns.
 
Para propiciar esses encontros, a Pastoral lança mão dos contatos com os embaixadores estrangeiros no Brasil e também utiliza a capilaridade da Igreja Católica. A ligação com a Igreja, no entanto, não é pré-requisito para a criação de novas unidades. “A característica do catolicismo é fazer o bem sem esperar que isso dê algum retorno. Isso facilita trabalhar com as outras religiões, pois fazemos o serviço sem esperar conversões”, diz Nelson Arns. Ele cita o exemplo da Pastoral em Guiné Bissau, país de maioria muçulmana, onde a entidade se estabeleceu a partir de outras religiões.

fonte: Brasil Econômico – Brasil – 14/03/2010 – Pág. 15