Num mundo, profundamente, marcado pela agressão à dignidade da pessoa humana, justificada pela violência da fome, analfabetismo, agressão ao meio ambiente, morte, corrupção de governantes, exclusão social de milhares e milhares de seres humanos, desigualdades de toda ordem, mulheres “Missionárias da Caridade”, como: Zilda Arns, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce e tantas outras tendem a sobressair- se nessa paisagem cinzenta da indiferença geral às questões sociais.
Oportuna a data de 8 do corrente, reservada ao Dia Internacional da Mulher, quando prestamos as merecidas e justas homenagens às mulheres guerreiras do passado e do presente. Queremos tributar-lhes respeito e gratidão por suas existências, singularmente, a dra. Zilda Arns, recentemente falecida.
Marcada por sua simplicidade característica, a sanitarista Zilda Arns soube transmitir e materializar a mensagem da esperança a milhares e milhares de excluídos, “descamisados”, acendendo nos corações de cada um deles uma chama da certeza de que um futuro melhor seria possível, a despeito de governantes ausentes a essa bruta realidade social. A fundadora da Pastoral da Criança, em 1983, a médica dra. Zilda Arns dedicou toda a sua existência para minorar o sofrimento, angústas das famílias mais humildes e evitar o desperdício da vida, até os momentos finais de sua vida.
Nos anos 80, por sugestão do seu irmão – cardeal d. Evaristo Arns, aceitou criar e implementar um projeto para dissiminar o uso do soro caseiro entre os recém-nascidos, utilizando-se a forte influência da Igreja Católica entre os pobres, através da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e com esse ideal combater e reduzir a mortalidade infantil, no Brasil e no mundo, em índices aceitáveis. A simples equação desse projeto consistia : identificar lideranças, nas comunidades católicas, que treinariam voluntárias para transmitir ensinamentos, informações, às mães pobres a adotar o soro caseiro.
O voluntariado, a informação e a solidariedade humana e cristã foram os alicerces dessa equação vitoriosa, que levaram-nas a inclusão social, com a redução drástica da mortalidade infantil, na concepção final de que o combate à fome e miséria, no Brasil, passa pela consciência de que o homem deve ser o próprio agente de sua inclusão social. A Pastoral da Criança e o Brasil ficaram órfãos, mas, o exemplo de ações comunitárias e solidariedade ficaram, como legado maior, deixados com a morte da dra.: Zilda Arns, Madre Teresa de Calcutá e Irmã Dulce.