A Pastoral da Criança trabalha para que sua fundadora, Zilda Arns, continue a impulsionar as ações da entidade mesmo após a sua morte. Depois do baque da perda, a pastoral está descobrindo na mulher que a guiou por quase três décadas um patrimônio moral capaz de atrair atenção para a instituição e incentivar a adesão de novos voluntários. Aos 75 anos, Zilda foi uma das vítimas do terremoto que devastou o Haiti em 12 de janeiro.


Nos próximos dias, a coordenação da entidade enviará para seus voluntários espalhados por mais de 4 mil municípios brasileiros um encarte de quatro páginas dedicado a contar a vida da fundadora. Serão mais de 200 mil exemplares. Também distribuirá um CD com a última mensagem em vídeo gravada por Zilda Arns, em dezembro, na qual afirma estar com o coração irrequieto por a pastoral atender apenas 20% das crianças pobres do Brasil. Na lista de destinatários estão as 1.472 emissoras de rádio que transmitem semanalmente o programa Viva a Vida, produzido pela instituição. O objetivo do encarte e do CD é usar a imagem e o carisma de Zilda para reanimar os voluntários e ampliar o número de crianças atendidas graças a novas incorporações.


– Ela está fazendo muita falta. Era uma mulher articulada, que tinha acesso aos ministérios. Mas a sua morte chamou a atenção para a pastoral, nacional e internacionalmente. Muitas pessoas que nunca ouviram falar nela começaram a entrar em contato, com vontade de ser voluntárias. Já os voluntários dizem que querem trabalhar em dobro, em homenagem a ela. Temos certeza de que a doutora Zilda vai continuar nos ajudando a crescer – afirma a irmã Vera Lúcia Altoé, coordenadora nacional da organização há dois anos.

Outra novidade, antecipada por Nelson Arns Neumann, filho e sucessor de Zilda no braço internacional da pastoral, é a criação de um fundo que levará o nome da fundadora e servirá para financiar iniciativas que ela apoiava. O fundo, que deve ser criado no dia 2, já deve começar com R$ 200 mil, o valor das coroas de flores que seriam enviadas para os funerais, mas que foi convertido em doações em dinheiro a pedido da família (leia mais na página seguinte).

O maior desafio é obter voluntários. Eles são cerca de 240 mil. A maior parte é de líderes comunitários que acompanham e orientam as famílias de 1,6 milhão de crianças de até seis anos e de 84 mil gestantes. Vera Lúcia acredita que a cristalização de Zilda como símbolo de solidariedade poderá atrair novos soldados para a causa:
– Ela vai continuar sendo a nossa armadura.

Fonte: Zero Hora Online -   21/02/2010 - Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.