Mais uma vez, ele, o mosquito Aedes Aegypti, é o grande mal a ser combatido pelo Brasil. Após anos lutando contra a sua proliferação – o que significava lutar contra a dengue – ele passou a ser combatido, no fim de 2014, também por conta da transmissão da chikungunya, e, em 2015, por causa do zika vírus.
A preocupação nacional se dá especialmente por conta do zika, associada ao crescimento do número de nascimentos de crianças com microcefalia pelo país.
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada durante a gestação. Nove a cada dez casos de microcefalias estão associados ao retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela podem variar caso a caso.
O último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde sobre a microcefalia relacionada ao zika, traz números expressivos sobre a doença: foram registrados 2.401 casos e 29 óbitos, até 12 de dezembro deste ano. Esses casos estão distribuídos em 549 municípios de 20 Unidades da Federação. O primeiro estado a notificar o Ministério da Saúde do aumento de casos foi Pernambuco. Primeiro também em número de casos: 920 notificações. Quase metade do total de registros pelo país.
A questão é que a doença, apesar dos sintomas de dores e manchas pelo corpo, entre outros, na maioria das vezes não apresenta manifestações. Segundo o Ministério da Saúde, 80% das pessoas não desenvolvem indícios de estarem com zika. Dessa forma, o mosquito continua espalhando a doença silenciosamente, inclusive entre as gestantes. Até agora, foi identificado que a transmissão do vírus de mãe para filho acontece especialmente durante o primeiro trimestre de gestação.
Mosquiteiro/rede de proteção
Os inseticida mais usado mundialmente e recomendado pela Organização Mundial de Saúde e ó o Piretróide (Deltametrina). No Brasil a marca mais conhecida é o "K-Othrine" da Bayer.
Como fazer:
Diluir a quantidade recomendada do produto em um balde com 2 a 4 litros de água (colocar 12 ml se for 2 litros de água e 24 ml se forem 4 litros de água). Agitar até formar uma mistura homogênea. Colocar o mosquiteiro/rede de proteção nesta solução por alguns minutos, torcer e deixar secar à sombra. Depois de alguns meses, é necessário repetir o procedimento. Use luvas de borracha para fazer este procedimento.
Caso vá fazer um grande número de redes, é recomendável usar óculos de proteção e máscara respiratória.
Pernambuco e Paraíba
No Nordeste, a preocupação com a zika é de todos. Em Pernambuco e na Paraíba, estados com o maior número de casos de microcefalia associado à zika, a confirmação da relação do vírus com a malformação passou a ser uma preocupação entre os líderes da Pastoral da Criança. “É um assunto recente e não podemos pedir que os líderes vão dando informações sem critérios”, alerta a coordenadora da Pastoral da Criança no estado da Paraíba, Aldenôra Silva. Segundo a coordenadora, a indicação para os líderes é continuar com as orientações para eliminação da dengue, como já acontece, entre as famílias.
Em Pernambuco, há diversos casos de pessoas com zika, “inclusive entre os voluntários da Pastoral da Criança”, indica o coordenador estadual, Agenaldo Lessa Leão. Em viagem pelo estado, ele afirma ter encontrado diversos relatos de doentes, inclusive entre coordenadores da Pastoral da Criança nas dioceses. “Há relatos de gente sendo transportado de carroça”, diz. Isso, porém, devido à alta quantidade de casos, gera outro problema: a superlotação. “A orientação tem sido procurar o serviço de saúde. […] O hospital está além da capacidade”, expõe.
Até o momento, nenhum dos coordenadores tiveram notícias de crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança que nasceram com microcefalia devido ao zika vírus.
Ação nacional
Por ser uma doença pouco conhecida no ocidente – o Brasil foi o primeiro país a registrar casos autóctones, ou seja, quando a pessoa é infectada dentro do país, de zika – isso gera diversas dúvidas e muitos mitos sendo espalhados, especialmente nas redes sociais. Já houve boatos relacionados a vacinas vencidas, bactérias, entre outros. Em todos os casos, o Ministério da Saúde orienta a verificação dessas informações em órgãos oficiais antes de repassá-las.
Para acabar com mitos que possam confundir as pessoas, e reduzir o índice de infestação por Aedes Aegypti para menos de 1% nos municípios brasileiros, diminuindo, assim, o número de casos das doenças transmitidas por ele – dengue, chikungunya e zika -, o Ministério da Saúde lançou um plano nacional de combate ao mosquito. Entre as ações estão: orientações a profissionais de saúde, à população, em especial às gestantes, e desenvolvimento de medicamentos específicos para combater o vírus.
Novos laboratórios estão capacitados para identificar novos casos do vírus, 16 no total. Até fevereiro, devem ser 27 pelo país. Um site foi lançado para colaborar com este plano. Nele a população tem acesso aos últimos boletins epidemiológicos e outras informações sobre as doenças. Acesse: Combate Aedes.
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