Corpo de Bombeiros MG/Divulgação
Distrito rural de Mariana, em Minas Gerais, é invadido por lama da barragem rompida
“A gente não pode ficar parada. A vida continua”. Quem fala é a coordenadora da Pastoral da Criança na Diocese de Mariana, em Minas Gerais, Marly Catarina Vieira, ao tentar explicar a situação atual de quem vive onde, exatamente há duas semanas, duas barragem da Samarco se romperam. O distrito rural de Mariana, Bento Rodrigues, foi o local mais atingido pela lama de minérios que se espalhou pela região. Os hoteis da área urbana do município mineiro estão cheios de famílias vindas dos distritos, que foram os locais mais afetados.
Segundo ela, no dia do desastre, a Pastoral da Criança ficou mobilizada durante todo o dia visitando algumas crianças e famílias que foram afetadas na cidade, mas a situação é “bem maior para se mobilizar sozinho”. Por isso, a entidade está organizada com as demais pastorais realizando as ações promovidas pela Arquidiocese para colaborar com quem mais precisa. “Estamos participando de tudo”, fala Marly.
“A cidade está triste”
A Pastoral da Criança local recebeu a doação de uma campanha feita para arrecadar fraldas descartáveis para as crianças afetadas. No total, 500 pacotes de fraldas foram doados em Belo Horizonte. O recebimento de roupas, mantimentos, água, produtos de higiene, entre outros itens, foram temporariamente interrompidos pela prefeitura local. A ideia é fazer um levantamento dos itens arrecadados para saber se são suficientes para atender às necessidades da população atingida pelo desastre.
“A situação não é boa. A cidade está triste”, relata Marly. Segundo ela, a área urbana do município sofre com a realidade que está sendo obrigada a viver todos os dias: famílias inteiras de seus distritos fora de suas casas e vivendo em hoteis e espaços comunitários. As crianças maiores retornaram às aulas, e os menores estão passando o dia com suas famílias nos hoteis, mas o Centro Pastoral de Mariana continua cheio de pessoas em busca de uma resposta para o ocorrido. E ainda há lugares – fora da área urbana de Mariana – onde as pessoas estão ilhadas. “A cidade está lotada. Atingidos, Samarco, governo, imprensa, EMATER, Cohab, todos os órgão estão reunidos fazendo uma análise do que aconteceu”, conta a coordenadora.
Apesar da situação, o trabalho pastoral na diocese continua: há pelo menos duas capacitações da Pastoral da Criança previstas para os próximos dias. “A gente não pode ficar parada. A vida continua”, explica.