Nesta segunda-feira, completam-se cinco anos do terremoto que devastou o Haiti e matou mais de 200 mil pessoas. Entre elas, estava Dra. Zilda Arns Neumann, médica pediatra, fundadora da Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa, e responsável por colaborar com a diminuição dos índices de desnutrição e mortalidade infantil no país nos últimos 30 anos.

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No período entre o fim de dezembro e meados de janeiro de 2010, que seria de férias, havia um compromisso: um convite dos bispos do Haiti para que Dra. Zilda fosse a Porto Príncipe acompanhar o trabalho realizado pela Pastoral da Criança desde 2007, além de estimular o trabalho pastoral na região. A última imagem da câmera da médica, que foi recuperada dos destroços, mostra ela ensinando o soro caseiro em uma palestra.

Lembranças do Haiti

O coordenador da Pastoral da Criança no Haiti, Padre Honoré Eugur, na época seminarista, estava ao lado da médica no momento do terremoto. Cinco anos depois, ele volta ao Brasil para assinar o apoio ao pedido de abertura do processo de beatificação e participar da Celebração Dra. Zilda – Vida Plena para todas as crianças. “[A lembrança do momento do terremoto] foi importante ao mesmo tempo terrível. Eu acredito que fiquei [vivo] e outros ficaram porque temos uma missão na vida, que é continuar tudo isso”, afirma o padre.

Junto com Dra. Zilda morreram também padres, bispos e pessoas que participavam de uma palestra com a médica, momentos antes do desastre. “Zilda não morreu, ela continua viva. A saudade passa e vem, mas Zilda está viva, assim como tantos outros que morreram no Haiti”, declara Pe. Honoré.

Além de lembrar os cinco anos da morte da fundadora da Pastoral da Criança,  esta segunda-feira, 12 de janeiro, de alguma forma marca a continuidade do trabalho iniciado pela médica. Com a Celebração Dra. Zilda, cerca de 20 mil pessoas - entre voluntários, autoridades e admiradores de sua missão - firmaram o compromisso por uma infância com vida plena; além disso, quase 500 coordenadores estaduais, das dioceses e de núcleos, e de convidados, iniciaram nesta segunda (12) o Congresso Nacional da Pastoral da Criança 2015, no qual será discutida que ações efetivas que podem ser feitas para que se cumpram os compromissos assumidos.

Dra. Zilda: o valor do testemunho

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Recordar a Dra. Zilda Arns Neumann, fundadora da Pastoral da Criança, é também conhecer um trabalho eficaz realizado em todo o Brasil, que traz vida e esperança a milhares de famílias, gestantes e crianças. Sua história de vida se mescla à trajetória de seu trabalho em prol da infância. Ela tinha a clara consciência de que a transformação da sociedade se faz a partir da base que se mobiliza, sem deixar, contudo, de cobrar do Estado as suas obrigações.

Uma mulher forte, determinada, com valores espirituais bem alicerçados, para alcançar grandes objetivos, dentre eles: diminuir a mortalidade infantil, orientar sobre prevenção de doenças facilmente preveníveis e disseminar campanhas em torno de temas de saúde, nutrição, educação e cidadania.

Dra. Zilda, um testemunho que se fortalece e ganha diversidade e originalidade no trabalho dos voluntários da Pastoral da Criança pelo país e no exterior. Todos podem colaborar de alguma forma na luta por vida plena para todas as crianças, como a própria Dra. Zilda dizia: "Como os pássaros que cuidam de seus filhos ao fazerem o ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe dos predadores, ameaças e perigos e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um dever sagrado. Promover o respeito aos seus direitos e protegê-los".