A CNBB, por ocasião da reunião do Conselho Episcopal de Pastoral, lançou uma nota sobre a Conferência de Copenhague, que está tratando de questões relacionadas com o Clima e o Meio Ambiente. Na Nota, os bispos fazem um convite para que todos façam deste momento uma oportunidade de informação e formação das comunidades, pastorais e outras organizações sociais.
Segundo os bispos, "A CASA é comum. A AÇÃO PROFÉTICA, SOCIAL E POLÍTICA frente às
mudanças climáticas provocada pelo aquecimento do Planeta é URGENTE E
DA RESPONSABILIDADE DE TODOS". Os bispos também sugeram algumas ações concretas para os dias 12 e 13 de dezembro, como forma de chamar a atenção para as questões relativas ao clima.
Veja abaixo a integra da Nota divulgada no último dia 10 de dezembro.
P – Nº 0887/09
Nota da CNBB sobre a Conferência de Copenhague
“Toda a criação espera ser libertada da escravidão” (cf. Rm 8,21).
Nos dias 7 a 18 de dezembro, realiza-se a Conferência da ONU sobre Meio
Ambiente - COP 15, em Copenhague. As decisões que serão tomadas pelos
governantes terão impacto no futuro da humanidade e em todas as formas
de vida no Planeta.
Considerando a importância dessa Conferência, bem como a urgência do
tema em pauta, nós bispos do Conselho Episcopal de Pastoral (CONSEP),
reunidos em Brasília, nos unimos ao apelo global direcionado aos
líderes mundiais, exigindo um acordo corajoso com metas necessárias e
mensuráveis na emissão de poluentes. Esperamos igualmente que as
populações mais vulneráveis afetadas pelas mudanças climáticas recebam
os recursos necessários para a sua adaptação e o seu desenvolvimento
sustentável.
Diante da declaração de intenção do Governo brasileiro em diminuir, até
2020, em 38% a emissão de gases que provocam aquecimento da Terra, e a
redução de 80% do desmatamento da Amazônia, manifestamos a nossa
expectativa para que essas metas sejam acompanhadas por políticas
nacionais coerentes, que promovam a sustentabilidade do desenvolvimento
humano, especialmente das populações mais empobrecidas e a integridade
da criação, em obediência aos seguintes princípios:
- O reconhecimento da água como direito humano, bem público e patrimônio
de todos os seres vivos, com a conseqüente implementação de políticas
hídricas que priorizem o ser humano e a dessedentação dos animais;
- A implementação de uma ampla política de reforma agrária e agrícola com
uma justa distribuição da terra, em favor das unidades familiares e
comunitárias, mais produtivas por hectare, geradoras de oportunidade de
trabalho, produtoras de alimentos, em consonância com o meio ambiente;
- O aprimoramento e a implementação do Plano Nacional de Mudanças do
Clima (PNMC), que orientem de modo adequado e coerente outros planos e
iniciativas governamentais;
- A opção por uma matriz energética limpa e diversificada, junto com um
maior investimento tecnológico e atenção à sabedoria e ás práticas das
populações tradicionais;
- A manutenção do código florestal e a busca de mecanismo de incentivo para a sua implementação;
- Transparência e controle social sobre os investimentos públicos e
privados para que as políticas de Reduções de Emissões Associadas ao
Desmatamento e à Degradação Florestal (REDD) não sejam regidos pelos
interesses do mercado.
Movidos pelos gritos da Terra e dos seus filhos e filhas especialmente,
dos mais empobrecidos, conclamamos as nossas comunidades eclesiais a
realizarem nos dias 12 e 13 de dezembro próximo, atos que sinalizem
nossa preocupação com as decisões que serão tomadas na Conferência de
Copenhague. “Antes que seja tarde demais, precisamos fazer escolhas
corajosas, que possam restabelecer uma forte aliança entre o ser humano
e a Terra” (Papa Bento XVI, discurso em Loreto).
Como gesto concreto, sejam promovidos debates, orações e vigílias junto
com iniciativas de outras Igrejas e organizações sociais, Em
consonância com a iniciativa das Igrejas de outros Continentes,
incentivamos que se dêem 350 repiques de sino, às 12 horas do próximo
dia 13 de dezembro. Este gesto simbólico visa alertar os governos a não
permitirem que se ultrapassem 350 partes por milhão (PPM), limite
máximo e seguro de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, conforme
atestam os cientistas que estudam o clima.
Que as celebrações do Advento nos coloquem em vigilante atitude na defesa e promoção da vida na Terra.
Brasília, DF, 10 de dezembro de 2009.
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB