O Instituto Trata Brasil, parceiro da Pastoral da Criança na luta por melhores condições de vida para as comunidades, com foco no saneamento básico e água tratada, divulgou nesta quarta-feira (19), estudo que mostra a falta de saneamento básico nas cidades e as suas consequências para a economia nacional, impactando na saúde do trabalhador e no aprendizado das crianças. O Brasil ocupa a posição 112º no atendimento do saneamento básico. O estudo mostra ainda que só metade das residências brasileiras tem coleta de esgoto.
A pesquisa mostra que a queda no desempenho de trabalhadores e estudantes é causada, muitas vezes, por doenças provocadas pela falta de saneamento básico. Doenças como infecções gastrointestinais, são resultado do consumo de água contaminada.
"Queremos mostrar que o saneamento traz também outras formas de riqueza, como a geração de trabalho, evolução do turismo, melhora na escolaridade e que a falta dele pode provocar uma crise de produtividade", disse Édison Carlos, presidente-executivo do Instituto Trata Brasil, um dos organizadores do documento com o Conselho Empresaria Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, o CEBDS.
Clóvis Boufleur, gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança, concorda que os governantes ainda não dão a devida atenção ao assunto, “ao longo da história parece que nossos governantes e a sociedade ainda não entenderam que coletar e tratar esgoto significa proteger a população de doenças. Nos dias de hoje somente metade das casas no Brasil tem rede para coletar o esgoto. Destas casas com coleta, uma em cada três dispõe de tratamento para o esgoto”, alerta Clóvis
O estudo estima que 14,3 milhões de moradias não têm água encanada e 35,5 milhões de moradias vivem sem coleta de esgoto. As informações são provenientes do cruzamento de dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o novo relatório, o Brasil precisa investir pouco mais que R$ 313 bilhões até 2033 para que o saneamento básico alcance 100% da população.
Segundo a pesquisa, ausências no trabalho, de funcionários que tiveram sintomas de infecção gastrointestinal, representam por ano a perda de 849,5 mil dias de trabalho – baseado em dados de 2012 e que para cada afastamento por diarreia ou vômito, o trabalhador precisa de três dias para se recuperar.
Para as organizações que elaboraram o levantamento, a universalização dos serviços de água e esgoto reduziria em 23% o total de dias de afastamento por diarreia e diminuiria o custo das empresas em R$ 258 milhões.
Na educação o impacto também é grande. É muito alto o número de crianças e adolescentes que precisam faltar aula por causa das doenças relacionadas à falta de saneamento básico. Os alunos que vivem em áreas sem coleta e tratamento de esgoto, faltam mais as aulas e estão atrasados em relação aos outros alunos, que vivem em condições adequadas, pois as crianças tem um desempenho escolar comprovadamente menor.
Pastoral da Criança e a luta pelo Saneamento Básico
Em muitas comunidade, a população é obrigada a conviver com esgoto a céu aberto, em contato direto com dejetos na porta de suas casas. Em muitos lugares, os urubus fazem parte da paisagem. Além das doenças, a falta de saneamento causa outros prejuízos às famílias, como a falta do adulto ao trabalho, as crianças perdem dias de aulas, ficam privadas do convívio e das brincadeiras com outras crianças.
Como buscar soluções? Os líderes da Pastoral da Criança, junto com os articuladores de políticas públicas, podem apresentar para a comunidade e levar até os conselhos municipais e estaduais de saúde, sugestões para resolver esta questão. Veja abaixo algumas ideias para trabalhar esse temas nas comunidades:
1. Formar um grupo de voluntários do saneamento local e convidar os moradores e a prefeitura para ajudar.
2. Organizar reuniões de estudo nos espaços da comunidade para melhorar o saneamento básico.
3. Descrever os problemas causados pela falta de coleta e tratamento de esgoto.
4. Capacitar os jovens da comunidade para fazer pesquisas sobre as necessidades de saneamento na comunidade.
5. Apresentar os resultados da pesquisa à comunidade e definir as ações com a colaboração da prefeitura.
6. Acompanhar as ações e comunicar as informações para a comunidade.
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