Irmã Maria Eugênia Arena Alonso, representando a Pastoral da Criança na Espanha, recebeu o prêmio entregue pelo Comitê Espanhol do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em reconhecimento aos trabalhos realizados pela Pastoral da Criança no Brasil e em mais 20 países.


Um verdadeiro exército, formado por mais de 270.000 voluntários, com a missão de dedicar todos os esforços possíveis na tarefa de combater a desnutrição infantil e melhorar as condições de vida das crianças brasileiras. Esses trabalhos, desenvolvidos pela Pastoral da Criança do Brasil, foram reconhecidos nesta sexta-feira, 13, pelo Comitê Espanhol do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

 

O Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi premiado na categoria voluntariado, “pelo seu compromisso prático com os direitos da infância e as dimensões extraordinárias de sua rede de solidariedade”, indica o comunicado do comitê organizador do Premios Unicef Comité Español 2009.

A representante da instituição na Espanha, irmã Maria Eugênia Arena Alonso, da Congregação das Irmãs Filhas do Sagrado Coração de Jesus, recebeu o prêmio. A solenidade aconteceu em Madri, capital daquele país. A irmã agradeceu a honraria e explicou a história e o papel que a Ppastoral desempenha “nos bolsões de miséria em que vivem muitas crianças brasileiras”. Ela também disse que o organismo trabalha “em contextos de extrema pobreza”, especialmente com crianças e mulheres grávidas, e que os voluntários representam a alma do projeto.

Fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança Internacional, a doutora Zilda Arns acredita que o prêmio ajuda o órgão a “ser ainda mais conhecido, no mundo inteiro, como um voluntariado muito organizado, eficiente, e que, especialmente, trabalha com uma missão de fé e vida. Os resultados são extraordinários, e não só no Brasil, pois estamos presentes em cerca de 20 países. Creio que é uma grande honra e que toda a Igreja deverá ficar muito feliz”, explica.


O Comitê Espanhol do UNICEF outorga prêmios como reconhecimento ao trabalho social e humano de pessoas, organizações e instituições que colaboram de maneira significativa na defesa dos direitos da infância. “Através de seu compromisso, seu esforço e seu trabalho, os agraciados contribuem a melhorar as condições de vida e as opções de futuro de meninos e meninas em todo o mundo”, indica o comitê organizador do Premios.

As outras categorias são: Cooperação para o Desenvolvimento, Educação em Valores, Sensibilização e Mobilização Social, Esporte a favor da infãncia, Cultura a favor da Infância, Comunicação, Responsabilidade Social, Promoção da Saúde e o Meio Ambiente.

O que é a Pastoral da Criança
Fundada em Florestópolis, no Paraná, em setembro de 1983, a Pastoral da Criança já está presente em todos os estados do Brasil. São 4.066 municípios e 42.314 comunidades que contam com os trabalhos desenvolvidos pelos voluntários do órgão. O início da pastoral contou com o auxílio do Cardeal Dom Geraldo Majella Agnello, então Arcebispo de Londrina.

Em entrevista exclusiva ao Canção Nova Notícias, a doutora Zilda Arns conta que, em Florestópolis, morriam cerca de 127 crianças a cada mil nascidos vivos. Em um ano de trabalhos e acompanhamento das famílias, o número foi reduzido para 28 mortes a cada mil nascimentos.

Os voluntários dedicam cerca de 24 horas por mês para as atividades, seja visitas nas casas das famílias cadastradas, as celebrações da vida, orações, cantos e ensinamentos, para que o desenvolvimento das crianças possa ser mais efetivo. “Agradeço a Deus por tantas graças que a pastoral tem recebido. Os líderes é que merecem toda essa honra, pois fazem um voluntariado consciente e protagonista de um processo de transformação social; querem aprender mais para poder ensinar mais”, afirma.

Nos anos 80, o índice de crianças desnutridas variava entre 50 e 80% das cadastradas na pastoral. Hoje, o quadro é inverso: há mais obesos (4% do total) que desnutridos (3,1% - a Organização Mundial da Saúde indica que até 4% é um quadro apropriado). “Começamos um novo trabalho na área de nutrição, implementando hortas comunitárias nas casas, nas favelas. As famílias plantam hortaliças em baldes, tampas de fogão, bacias, enfim, tudo para tornar a alimentação das crianças mais rica em verduras e outros nutrientes. A fase agora é de achar um equilíbrio, de tal forma que não tenhamos desnutridos, mas tampouco venhamos a propiciar ou incentivar a obesidade”, explica a doutora Zilda.

A Pastoral Internacional
Fundada em 18 de novembro de 2008, em Montevidéu, no Uruguai, a Pastoral da Criança Internacional (PCI) leva a experiência brasileira para outros lugares do mundo. O país vizinho foi escolhido porque lá não se paga impostos para o envio de verbas filantrópicas para o exterior, ao contrário do que acontece no Brasil, onde a taxação é de 40%.

“Mas a coordenação executiva fica em Curitiba, na sede da Pastoral brasileira. É dali que coordenamos os trabalhos no mundo inteiro”, conta Zilda. Com voz alegre e confiante nas novidades, a doutora conta que, recentemente, esteve no Timor Leste. Lá, já são atendidas quase 7 mil crianças. O próximo país da lista é o Panamá e, em janeiro, chega a vez do Haiti.

“Também estamos presentes na África – em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique –, na Ásia – nas Filipinas e Timor leste – e na América Latina e Caribe – no Paraguai (há mais de 15 anos), Colômbia, Argentina, Uruguai, Bolívia, Venezuela, Peru, República Dominicana, México, Panamá, Honduras, Guatemala e Haiti”, elenca a coordenadora da PCI.

Há dois anos, o Conselho Episcopal Latinoamericano (Celam) apontou a Pastoral da Criança como uma das prioridades para toda a América Latina e Caribe, medida que tornou mais efetiva a ação dos países em prol da instalação da pastoral em seus territórios.

“Eu sempre digo que o maior mandamento da lei de Deus é amar a Ele sobre todas as coisas, e o próximo como a si mesmo. A gente não deve só dizer e falar, deve realmente colocar em prática. É o que a Pastoral faz, e a gente sente que, quando a pessoa trabalha como voluntária, sente-se completa e coloca seu tempo e talentos na ajuda aos outros”, finaliza a doutora Zilda.

Fonte: Leonardo Meira - Canção Nova Online - 13/11/2009