A parceria formada entre a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e a Pastoral da Criança, tem o objetivo é formar agentes multiplicadores para atuarem na identificação dos casos.


No ano de 2008, foram diagnosticados 2.031 casos novos de hanseníase no Estado do Ceará. De acordo com dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), de 2007 até 2008, não houve redução no número de registros. Desse total, 6,4% correspondem a crianças com menos de 15 anos. Um dado positivo que mostra a importância da busca ativa dos casos é o diagnóstico rápido, que possibilita a cura de 80% dos pacientes.

 

A hanseníase, conhecida biblicamente como a lepra, já foi uma das doenças mais estigmatizadas. Embora tenha cura, ela volta a preocupar as autoridades sanitárias, em vistas de novas ocorrências, envolvendo, principalmente, pessoas da faixa etária inferior a 15 anos.

Com o objetivo de formar agentes multiplicadores e aumentar o raio de pessoas que podem suspeitar dos sintomas da doença, a Secretaria da Saúde do Estado firmou uma nova parceria: a Pastoral da Criança da Arquidiocese de Fortaleza.

Ontem, representantes da Pastoral da Criança de 14 municípios, estiveram com a coordenação do Programa Estadual de Controle da Hanseníase, visando a sensibilização dos participantes, para atuarem na luta contra a doença. "É claro que iremos formar agentes multiplicadores, não para diagnosticar a doença. No entanto, a partir da identificação de sintomas, poderão encaminhar os casos suspeitos ao serviço médico", disse Gerlânia Martins Soares, articuladora estadual do Programa de Controle da Hanseníase.

Segundo ela, a doença tem revelado novas ocorrências, sobretudo no Cariri. A explicação seria porque na região onde há um fluxo muito intenso de romeiros, e alguns desses estariam transmitindo a enfermidade para as pessoas do lugar. Em Fortaleza, o Grande Bom Jardim também é apontada como uma das que mais vem apresentando portadores da doença. Com isso, a Sesa promoveu, pela manhã e a tarde, a Oficina de Sensibilização em Hanseníase, com o objetivo de capacitar 40 agentes pastorais a reconhecer os sinais da doença em menores de 15 anos e no encaminhamento aos serviços de saúde.

De acordo com Gerlânia, o diagnóstico precoce da hanseníase é o caminho mais rápido e seguro para a cura. Manchas brancas ou avermelhadas na pele, com perda de sensibilidade, são sinais da doença.

Para a coordenadora nacional da Pastoral, irmã Vera Altoé, a adesão não poderia ser diferente, no sentido de contribuir na manutenção do controle da doença.

A Pastoral da Criança atua em 2.100 comunidades do Ceará e acompanha cerca de 65 mil crianças menores de seis anos, mais de 50 mil famílias e aproximadamente quatro mil gestantes. A instituição atua também no combate à desnutrição e à mortalidade infantil e acompanha o dia a dia das famílias.

FIQUE POR DENTRO

Diagnóstico tardio prejudica recuperação:
Além do número de pacientes acometidos pela doença, também preocupa o registro da moléstia em menores de 15 anos, que apresentam a doença em estágio avançado, com lesões graves e permanentes, denunciando o diagnóstico tardio.

A hanseníase é conhecida também pelos nomes de Leontíase, Mal de Hansen, Mal de Lázaro, Morfeia ou Lepra. A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, de evolução lenta. Ela se manifesta através de lesões de pele apresentadas com diminuição ou ausência de sensibilidade, sendo que as mais comuns são: manchas pigmentares, placas, infiltrações, tubérculos e até mesmo nódulos.

Fonte: Diário do Nordeste(Fortaleza/CE) – Cidade – 02/10/2009 – Pág. 14