A Pastoral da Criança acompanha, mensalmente, mais de 1,3milhões de crianças em todos os estados brasileiros. Os líderes voluntários são capacitados para orientar as famílias sobre saúde, nutrição, educação e cidadania. Em muitas comunidades são encontradas crianças que necessitam de uma atenção maior e diferenciada. No município de Manoel Urbano (AC), os líderes da Pastoral da Criança encontram esta situação e acompanham mais de 40 crianças com alguma diferença no funcionamento de seu organismo.


Manoel Urbano está situado a 244km da capital do estado do Acre, Rio Branco. Com uma população estimada em 8.224 habitantes (Censo 2010), conta com 12,5% da população vivendo abaixo da linha da indigência e 26,6% entre a linha da indigência e pobreza. A taxa de mortalidade de menores de um ano para o município, estimada a partir dos dados Censo 2010, é de 20,9 a cada mil crianças menores de um ano. Das crianças de até 1 ano de idade, em 2010, 26,2% não tinha registro de nascimento em cartório. Segundo dados do Ministério da Saúde – DATASUS/2011, 9,1% das gestantes não fizeram nenhuma consulta de pré-natal e 22,1% fizeram 7 ou mais consultas e 31,6% das crianças nascidas no ano de 2009, são filhas de mãe adolescente.

A líder Irmã Fátima Machado, que já havia sido coordenadora paroquial da Pastoral da Criança no município, acompanha várias dessas crianças. Há mais de sete anos ela vinha tentando buscar ajuda do poder público municipal, estadual e do Ministério Público para o acompanhamento dessas crianças e nada foi feito. Neste ano de 2013, durante uma visita da coordenação nacional ao município, Irmã Fátima apresentou o problema para a Thereza Kaiser, da equipe técnica da Pastoral da Criança, que relatou o problema para equipe da coordenação nacional e iniciaram um trabalho conjunto para buscar ma solução para o problema.

O Guia do Líder da Pastoral da Criança (páginas 281 a 285) tem um espaço dedicado à orientar os líderes no acompanhamento às crianças que apresentam alguma diferença no funcionamento de seu organismo. Essas crianças podem apresentar alguma deficiência, como por exemplo: não enxergar, falar, ouvir ou não se movimentar. Algumas crianças também podem apresentar doenças graves como câncer, diabetes, entre outras.

As crianças do município de Manoel Urbano (AC), até então, recebiam apenas o acompanhamento dos líderes da Pastoral da Criança, faltava uma atenção especial por parte do poder público, para que fossem acompanhadas por médicos especializados, fisioterapeutas e professores. Em agosto deste ano, quando voltou ao município, Thereza verificou que os pais dessas crianças, por iniciativa da Irmã Fátima, já haviam se organizado em uma associação e juntos estavam buscando garantir os direitos de seus filhos. As crianças já estavam recebendo o Benefício de Prestação Continuada (PBC), que assegura a transferência mensal de um salário mínimo, mas ainda faltava a assistência de saúde especializada.

Os resultados dessa ação conjunta entre os pais, os líderes locais e a coordenação nacional da Pastoral da Criança,  já começam aparecer. Em outubro passado, médicos visitaram o município e identificaram 47 crianças e adolescentes que necessitam de acompanhamento. Fisioterapeutas e psicólogos devem iniciar logo o trabalho com as crianças e o medicamento usado por muitas delas, e que antes era necessário buscar na capital do estado, Rio Branco,  já está disponível no próprio município. 
O Guia do Líder da Pastoral da Criança lembra que as crianças com alguma diferença no funcionamento do seu organismo devem receber o acompanhamento dos líderes, mas também devem ter um atendimento especial do sistema de saúde. Além disso são crianças com as mesmas necessidades que toda criança tem: ser amada, comunicar-se e ser ouvida, brincar, aprender.

Esta ação realizada em Manoel Urbano (AC), reforça a orientação da Pastoral da Criança, contida no Dicas nº 52 “Quando somos chamados a assumir atitudes corajosas”, mostrando que é necessária a união de todos os interessados para a resolução de um problema e mostra para os líderes da Pastoral da Criança que, quando um problema não consegue ser solucionado localmente, todas as instâncias de coordenação da Pastoral da Criança devem estar disponíveis para buscar uma solução.