Informações que a Pastoral da Criança vem divulgando desde a assembleia nacional de 2011, a temática dos cuidados nos primeiros mil dias é trabalhada exaustivamente em uma das oficinas do congresso nacional de Aparecida. “Líderes devem buscar, cadastrar e acompanhar as gestantes desde o início da gravidez, para evitar a prematuridade e o nascimento de uma criança com baixo peso”, ressalta a assessora Thereza M. Kaizer Baptista.

De acordo com a assessora, que divide com Regina Reinaldin a coordenação da oficina, “a expectativa é de que coordenadores de estados e setores compreendam a importância e assumam a tarefa de levar essas informações para os líderes comunitários”. Se a gestante não for bem acompanhada, com as consultas de pré-natal e outros cuidados, ela terá mais riscos de um parto prematuro e o nascimento de uma criança com baixo peso.

Estudos mostram que crianças que nascem com baixo peso, menos de 2,5 quilos, têm mais riscos de terem doenças crônicas na vida adulta. Os resultados das pesquisas realizadas pelo epidemiologista britânico David Barker confirmam que muitas doenças crônicas que as pessoas desenvolvem na idade adulta podem ser prevenidas nos primeiros mil dias de vida. Ou seja, nos 270 dias da gestação mais 730 dias dos dois primeiros anos de vida da criança.

A oportunidade do Mutirão em Busca das Gestantes; o seu cadastramento e as visitas mensais até o parto e o pós-parto com orientações sobre saúde, nutrição, educação e cidadania; depois do nascimento do bebê, o cadastramento e acompanhamento do seu desenvolvimento; o incentivo ao aleitamento materno são informações constantes da oficina. “São ações que devem ser intensificadas nas comunidades para diminuir o número de partos prematuros e de crianças que nascem com baixo peso”, ressalta Theresa Kaizer.

Baixo peso ao nascer

Os cuidados e o acompanhamento médico na gestação - já considerados importantes para o parto e o nascimento de um bebê com saúde - são fundamentais para o desenvolvimento da criança e podem determinar uma vida adulta mais saudável.

Crianças que nascem com baixo peso, menos que 2,5 quilos, têm mais risco de terem doenças coronarianas na vida adulta, de acordo com o estudo. Pensava-se que o problema da criança que nascia com baixo peso se daria nos primeiros dias de vida, na luta pela sobrevivência. Hoje estudos já comprovam que crianças que nasceram com baixo peso e que tiveram problemas na gestação são candidatos muito fortes a terem hipertensão arterial, problema de colesterol, diabetes ou osteoporose.

O período de gestação é importantíssimo não só para o nascimento do bebê, como tem consequências para o resto da vida, frisa o médico Nelson Arns Neumann, coordenador nacional-adjunto da Pastoral da Criança. E faz um alerta: o baixo peso da mãe durante a gestação - a mulher que fica controlando para não engordar - pode até facilitar o parto, mas pode ter efeitos perversos para a vida da criança.

Novas pesquisas também reforçam os benefícios do aleitamento materno. Estudo que acompanhou crianças do nascimento até os 14 anos concluiu que aquelas que mamaram no peito tinham menos hipertensão, menos diabetes e menos obesidade. E o mais interessante é que quanto mais tempo de aleitamento materno menos doenças apresentavam as crianças, no chamado “efeito dose - resposta”: mais tempo de aleitamento menos incidência de doenças.

Apesar da conscientização sobre os males do fumo na gravidez, o número de mulheres fumantes aumentou, especialmente nas camadas mais pobres. O cigarro é um dos fatores que fazem a criança perder peso durante a gestação. Dados do Ministério da Saúde revelam que vem aumentando o número de bebês que nascem com baixo peso (abaixo de 2,5 kg). Em 1999 esse índice era de 7,7%. Em 2010 subiu para 8,3%, registra o Caderno de Informações em Saúde (Ministério da Saúde).

 

Assessoria de Imprensa

Coordenação Nacional da Pastoral da Criança