9º CÍRCULO
CÍRCULOS BÍBLICOS
Parceria da Pastoral da Criança com o CEBI - Centro de Estudos Bíblicos
1. A Pastoral da Criança, em parceria com o CEBI - Centro de Estudos Bíblicos, está elaborando Círculos Bíblicos com a ajuda do Frei Carlos Mesters e Francisco Orofino.
Estes Círculos Bíblicos serão direcionados para os 130 mil líderes e equipes de coordenações da Pastoral da Criança que desenvolvem as Ações Básicas de Saúde, para que possam aprofundar os temas bíblicos que aparecem no dia-a-dia do trabalho nas comunidades.
Os 10 primeiros Círculos Bíblicos estão sendo publicados neste encarte especial do Jornal da Pastoral da Criança, de setembro de 2003, com um roteiro de como eles devem ser realizados. Os líderes deverão guardar este encarte e utilizar os Círculos Bíblicos conforme a programação do seu grupo.
Os Círculos Bíblicos não vão substituir os encontros bíblicos que já são feitos nas várias dioceses. Eles poderão ser utilizados conforme a necessidade e o planejamento local dos líderes da Pastoral da Criança, podendo atender também as famílias acompanhadas pela Pastoral da Criança.
Os Círculos Bíblicos podem ser realizados nas casas das pessoas ou em outros locais da comunidade, no início ou no encerramento de uma reunião. O importante é que ele seja preparado com a dedicação que as pessoas da Pastoral da Criança sempre têm com relação a Palavra de Deus.
Estão sendo elaborados 40 Círculos Bíblicos, subdivididos em 4 blocos, cada um com 10 círculos. O Primeiro Bloco: Aprendendo com Jesus, foi escolhido pelo fato de que em todo trabalho da Pastoral da Criança, Jesus sempre será o Mestre a ser imitado, estes Círculos Bíblicos. O Segundo Bloco "Aprendendo com o Antigo Testamento; Terceiro Bloco "Aprendendo com as Comunidades"; e o Quarto Bloco "Saber cuidar das pessoas e do ambiente".
2. DINÂMICA E MÉTODO DOS ENCONTROS
Nestes encontros adotamos a seguinte dinâmica. Em primeiro lugar, vamos levar para dentro da Bíblia os problemas enfrentados no cotidiano da vida. Vamos ler a Bíblia a partir da nossa luta diária. Enfim, vamos partir de nossa Realidade. Em segundo lugar, esta leitura deve ser feita em conjunto, através da partilha de opiniões dentro do nosso grupo de trabalho, reunindo as pessoas engajadas na Pastoral da Criança. É importante trazer para a leitura a vida em Comunidade. Um círculo bíblico é antes de tudo um ato de fé, uma prática de leitura orante, uma atividade comunitária. Em terceiro lugar, esta nossa leitura deve ser profundamente obediente ao Texto bíblico. Ou seja, a leitura comunitária respeita o texto, sem agredi-lo. Nossa comunidade deve colocar-se na escuta do que Deus tem a nos dizer hoje. Esta obediência se traduz na disposição de mudar, sempre que a Palavra nos convida a fazê-lo.
Esta nossa prática de leitura orante, ao mesmo tempo tão simples e tão profunda, é fiel à mais antiga Tradição das igrejas cristãs e imita de perto os passos seguidos por Jesus quando interpretava as Escrituras para os dois discípulos no caminho que levava a Emaús (Lc 24, 13-35). A leitura bíblica feita nestes nossos encontros segue estes mesmos passos. Faça a leitura desta passagem e siga estas orientações para realizar bem os círculos bíblicos.
3. ESQUEMA DOS CÍRCULOS BÍBLICOS
O esquema que propomos aqui é para facilitar o encontro. É apenas uma sugestão. O importante é que todos se sintam bem nas reuniões, dispostos e dispostas a participar ativamente.
ACOLHIDA
Vimos como Jesus se aproximou daquele casal, começou a caminhar como eles. Houve uma iniciativa da parte de Jesus, mas houve também uma acolhida por parte do casal. É importante saber acolher bem as pessoas, para que se sintam em casa, bem à vontade. Isto favorece a troca de idéias e de opiniões. Por isso mesmo, no início da reunião, é muito importante uma apresentação dos participantes. Nossa fé nos diz que o Espírito Santo está no meio de nós. É bom, então, um canto que evoque a presença e a luz do Espirito, pois sem a ajuda do Espírito de Jesus é impossível descobrir o sentido que o texto tem para nós hoje. A partir do segundo encontro, convém dedicar um breve tempo para relembrar o compromisso assumido no final do encontro anterior.
1. PASSO: Um fato da Vida que nos faz pensar
Jesus pergunta pelo assunto da conversa daquele casal. (Lc 24,13-24)
Nós também vamos partir de uma situação que nos preocupa e nos faz pensar. Duas ou três perguntas são feitas para facilitar a troca de idéias em torno do assunto da vida. É para remexer o terreno que vai receber a semente da Palavra de Deus. Serve também para despertar a semente da Palavra de Deus que já existe dentro do terreno da nossa vida. Este fato da vida busca relacionar os círculos com os assuntos presentes no Guia do Líder da Pastoral da Criança. Por isso mesmo é bom fazer o encontro tendo lado a lado a Bíblia e o Guia do Líder.
2. PASSO: Um texto da Bíblia que ilumina a Vida
Jesus começou a clarear o problema da vida com a luz da Palavra de Deus.(Lc 24, 25-27)
Depois da troca de idéias em torno das coisas da vida, dos trabalhos relacionados com a Pastoral da Criança e com os trabalhos voltados para o acompanhamento da criança e da gestante, segue a leitura da Palavra de Deus. Esta parte tem os seguintes pontos:
Preparação:
- Trata-se de fazer os participantes sentir que chegou o momento solene da leitura da Palavra de Deus. Por exemplo, todos podem ficar de pé, fazer um canto de aclamação, acender uma vela, fazer a entrada solene da Bíblia. O grupo deve ser criativo.
Introdução à leitura do texto:
- Esta introdução deve ser lida antes do texto da Bíblia. Ela funciona como chave de leitura, pois procura chamar a atenção das pessoas para o ponto central do texto.
Leitura solene do texto: - O grupo pode ser criativo na maneira de ler. O importante é que o texto se fixe bem na memória de todos.
Momento de silêncio:
- É para permitir que o texto seja assimilado pelos participantes. Também nos ajuda a refrear as pessoas mais afobadas, que logo querem dizer tudo sobre o texto.
Perguntas para reflexão:
- As perguntas são sugestões. Servem para orientar a reflexão. Caso o grupo achar que o círculo tem perguntas demais, pode omitir algumas. O importante é alcançar o objetivo do Círculo Bíblico: ligar a Bíblia com a Vida e a Vida com a Bíblia! É aqui que se coloca o sal na comida. É importante criar um ambiente descontraído e amigo em que todos se sintam à vontade para falar ou para calar. Mas é bom que a palavra seja dada a todos e que ninguém fale demais, abafando a participação dos outros. Que seja uma experiência de verdadeira fraternidade.
3. PASSO: Celebrar e partilhar a Vida em forma de oração
Chegando em Emaús, rezaram juntos e Jesus partilhou o pão com eles.(Lc 24, 28-32)
Todo este exercício feito até agora serviu para escutarmos o que Deus tem a nos dizer. Agora chegou a hora de darmos nossa resposta a Ele, transformando em oração tudo aquilo que foi discutido e meditado durante o encontro. Oração exige criatividade! É importante que ela seja viva e espontânea. O roteiro traz apenas algumas sugestões. Cada grupo reze e ore de acordo com a inspiração do momento, advinda da partilha da Vida e da Palavra. Que seja uma oração conforme o desejo do coração. É bom rezar também um Salmo. O roteiro traz uma sugestão de salmo, mas o grupo também pode escolher um salmo de sua preferência, seja rezado, seja cantado.
4. PASSO: Voltar para casa e testemunhar a Vida nova
O casal reconheceu Jesus, recuperou a coragem e voltou para Jerusalém.(Lc 24, 33-35)
No final do encontro, o grupo é convidado a formular um compromisso a ser assumido por todos até o próximo encontro. Deve ser algo muito simples, mas bem concreto, dentro da nossa proposta pastoral de partilha a partir da economia do Reino. Uma pequena tarefa, possível de ser realizada por todos e que possa ser avaliada no início do próximo encontro. São compromissos que devem ajudar no propósito do construirmos juntos o Reino de Deus através de nossos trabalhos na Pastoral da Criança. No fim, encerrar a reunião com um Pai-nosso.
Preparar o próximo encontro
O bom êxito do Círculo Bíblico depende muito da maneira como ele é preparado pelos participantes. É bom que todos tenham lido em casa tanto o texto bíblico quanto a Ajuda para o grupo que se encontra após cada roteiro. É útil distribuir as várias perguntas entre as pessoas que participam, para que cada uma se esforce num determinado ponto e, assim, contribua com algo de si mesma para as descobertas de todos.
Ajuda para o grupo
Alguns roteiros podem trazer um pequeno subsídio com algumas explicações para ajudar o grupo a perceber melhor a ligação da Bíblia com a Vida. Em cada Ajuda insistimos em dois aspectos: 1) apresentamos um pequeno comentário ao texto estudado. É para entender melhor o texto bíblico e ajudar na interpretação; 2) oferecemos algumas pistas para o grupo compreender melhor a sociedade daquela época e como as comunidades resolviam seus problemas com a saúde, a criança, o parto, etc. Os participantes, sobretudo a dirigente ou o dirigente, podem ler antes esta Ajuda e, conforme a precisão do momento, dela se utilizar para resolver alguma dúvida ou para fazer avançar a discussão.
PRIMEIRO BLOCO
APRENDENDO COM JESUS
Em qualquer trabalho pastoral Jesus sempre será o Mestre a ser imitado. Principalmente para quem trabalha em pastorais relacionadas com a saúde do povo. Segundo o evangelho de Marcos (cf. Mc 1,29-45) os primeiros trabalhos públicos de Jesus, começando a transmitir sua proposta de Reino, foi justamente um trabalho com pessoas doentes. Na época de Jesus, os enfermos, os doentes, as crianças e idosos eram pessoas marginalizadas, já que não participavam ativamente da sociedade e eram dependentes dos outros. Enfermos, leprosos, idosos, todos deveriam morar longe das pessoas sadias. Tais pessoas eram considerados impuros e portadores de maldições. Vigorosamente, Jesus começa a acolher, tocar, abençoar, abraçar estas pessoas, para escândalo de seus adversários.
De maneira especial, Jesus começa a valorizar as crianças. Na época de Jesus, uma criança não contava. Era uma pessoa de segunda categoria. As crianças não podiam participar da vida em sociedade, logo, não freqüentavam nem o templo nem as sinagogas. Para Jesus, as crianças simbolizam o que há de mais fraco e desprezado numa sociedade. Fazendo sua opção pelos pobres, Jesus abençoa, acolhe, toca e chama as crianças. Valorizando sua fraqueza, as crianças são, para Jesus, exemplo de entrega e de confiança em Deus.
Aprender com Jesus a trabalhar e a defender a vida das crianças é trabalhar pelo Reino de Deus. Devemos defender o que há de mais frágil e, por isso mesmo, mais divino que é a vida das crianças