Estudo da PUCPR mostra relações entre a má alimentação de grávidas e problemas das crianças

 

Uma pesquisa realizada por professores e acadêmicos de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) mostrou que a desnutrição materna durante a gestação pode gerar seqüelas graves na formação dos bebês. Os principais danos são a má-formação de órgãos linfáticos, fígado, intestino e cérebro. “Conseguimos provar que quando a mãe não tem uma alimentação adequada o bebê também nasce desnutrido e isto acarreta uma série de problemas”, explica Lúcia de Noronha, uma das autoras da pesquisa.

 

“Outra descoberta importante é que este processo é irreversível”, afirma a pesquisadora. “Ou seja, uma vez que o feto sofre com a desnutrição, mesmo que tenha uma amamentação adequada depois não poderá se desenvolver integralmente, ficando com seqüelas”, diz.

O estudo utilizou ratos como cobaias. Os pesquisadores compararam dois grupos: com mães bem nutridas e outras carentes de nutrientes. Os filhos do primeiro grupo nasceram normais e sobreviveram. Os do segundo nasceram com peso abaixo da média e com um número inferior de linfócitos, ocasionando graves problemas imunológicos, além de debilidades no fígado, intestino e cérebro. “Uma coisa é uma criança ser desnutrida com 12 anos. O perigo é grande, mas é menor. Outra é uma criança ser desnutrida ainda na barriga da mãe”, explica. “Isso atrapalha seu desenvolvimento, impedindo a boa formação de grande parte de seus órgãos vitais”, afirma Lúcia.

 

Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, afirma que a nutrição da mãe deve ser uma prioridade, já que esta é a fase mais importante do desenvolvimento da criança. “Precisamos de mais políticas públicas nesta área. A criança e a mãe têm direito de ter uma alimentação adequada. E quando não há possibilidade, é dever do governo proporcionar”, diz.

A fundadora da Pastoral alerta que há casos em que, mesmo a mãe tendo condições, acaba se alimentando de forma inadequada. Ela afirma que a cultura alimentar mudou nas últimas décadas e a Pastoral também acaba fazendo um trabalho de redirecionamento na dieta alimentar das famílias. “Por esses fatores é muito importante que as mulheres façam pré-natal. Nos exames pode se detectar como está a saúde da mãe e corrigir anemias e problemas de nutrição”, diz.

Alimentação regulada

Uma prova de que a boa alimentação durante a gestação ajuda o desenvolvimento dos bebês é Marcela, filha da professora Diovana Goetzki dos Santos. Durante a gestação, a professora teve uma dieta balanceada por orientação do médico. Faziam parte de seu cardápio frutas, verduras e legumes. Ela diz que o médico proibiu massas e frituras, a fim de evitar o excesso de peso. Também estavam proibidos café e coca-cola. “Fiz um acompanhamento constante durante toda a gravidez. Todo mês eu me pesava e engordei 16 quilos”.

Renata Vidal, farmacêutica, mãe de Manuela, não seguiu tão a risca a orientação dos médicos e só não conseguiu deixar os doces de fora. “Não deixei de comer o que eu gostava, mas equilibrei comendo frutas e verduras”, diz. O obstetra passou uma lista com os itens permitidos e proibidos. “Tive sorte porque muito do que não poderia comer eu já não comia. Somente o chocolate não consegui deixar de fora”. As filhas de ambas têm menos de 15 dias e estão com peso normal, desenvolvendo-se bem.

Os médicos são unânimes em algumas recomendações para as gestantes. Veja o que é saudável e o que deve ser evitado.

O que é saudável:                                                                O que se deve evitar:

  • - Frutas                                                                           X Frituras

  • - Verduras                                                                      X Carnes gordas

  • - Legumes                                                                     X Massas

  • - Leite                                                                              X Doces

  • - Ovos                                                                             X Chocolates.

 

 

As refeições das gestantes devem ser equilibradas da seguinte forma: metade do prato com fibras e a outra metade dividida entre proteínas e carboidratos (Fonte: Pastoral da Criança e Lúcia de Noronha).

 

Por: Paola Carriel
Publicado em 19/08/2008, Gazeta do Povo
Fonte: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/