A universalização do saneamento básico no Brasil ainda está distante, mesmo quando analisados os avanços dos serviços nas 100 maiores cidades do país. Apesar da maior disponibilidade de recursos pelo governo federal, estados, municípios e iniciativa privada, a maior parte das cidades brasileiras precisará urgentemente acelerar seus esforços se quiserem universalizar o acesso da população aos serviços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos e redução das perdas de água na próxima década.

Esta é a constatação de levantamento do Instituto Trata Brasil, desenvolvido com nova metodologia, e que mostra a situação dos serviços de água e esgotos nas cidades que concentram a maior parte da população do país.

 

Com o objetivo de aprimorar o Ranking do Saneamento, publicado desde 2007, o Instituto Trata Brasil contou com a parceria da GO Associados – consultoria especializada em saneamento básico, que desenvolveu nova metodologia também com base nos indicadores do SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento Básico, publicado pelo Ministério das Cidades (base 2010).

A finalidade do estudo é mostrar a situação do saneamento básico nas maiores cidades, mas principalmente valorizar os esforços das primeiras colocadas, além de incentivar as demais a evoluir para que a população tenha melhor qualidade de vida.

No Brasil, segundo o SNIS 2010, 81% da população tem acesso à água tratada; apenas 46% da população tem acesso à coleta de esgotos e do esgoto gerado no país apenas 38% recebe tratamento. A perda média de água no país é de 36%. Pela grande presença da população nas grandes cidades é, portanto, cada vez mais importante evidenciar a situação dos serviços nestes importantes municípios.

Conclusão. O levantamento mostra que uma grande parte das maiores cidades do país avança, mesmo que lentamente, nos serviços de saneamento básico, sobretudo no acesso à água potável, coleta, tratamento dos esgotos e redução das perdas de água; o que é positivo e deve ser incentivado. O estudo mostra também um expressivo número de grandes cidades que não avançam, o que é muito preocupante.

Algumas informações mostram o tamanho do desafio das 100 cidades e do país:

. Em 2010, segundo o IBGE, a população do Brasil era de 191 milhões de pessoas. Nas 100 cidades analisadas viviam 77 milhões, ou seja, 40% da população.

. Dos 77 milhões, quase 7 milhões de habitantes ainda não tinham acesso à água tratada e 31 milhões não tem acesso à coleta de esgotos (2010).

. Do volume de esgoto gerado nas 100 cidades somente 36,28% é tratado, ou seja, são quase 8 bilhões de litros de esgoto lançados todos os dias nas águas brasileiras sem nenhum tratamento, somente nessas 100 cidades analisadas. Isso equivale a jogar 3.200 piscinas olímpicas de esgoto por dia na natureza.

Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, analisa os números: "Esse novo levantamento do Trata Brasil e os números gerais do SNIS 2010 evidenciam que o Brasil tem um enorme desafio pela frente até alcançar a universalização do saneamento básico, sobretudo no acesso à água tratada, à coleta e ao tratamento dos esgotos. Apesar dos inegáveis avanços, o que deveria ser um direito humano ainda é negligenciado por muitas autoridades, inclusive nas grandes cidades".

E complementa: "Mais do que apontar problemas, e os números falam por si, o objetivo desse estudo é valorizar quem está fazendo, principalmente os esforços do Ministério das Cidades e da parte dos governos estaduais, municipais e da iniciativa privada realmente empenhada no progresso dessa área tão esquecida da infraestrutura nacional e que traz tantos problemas à saúde da população. Mas nos cabe também cobrar fortemente quem não está fazendo a sua parte, e vamos continuar cobrando, pois saneamento é saúde".

Veja o detalhamento do estudo do Instituto Trata Brasil