O governo conseguiu aprovar ontem (7 de dezembro) no Senado a regulamentação do mecanismo que define os valores mínimos a serem investidos na saúde. A proposta que obrigava a União a repassar pelo menos 10% de seus recursos para a área foi derrubada. Em seu lugar, os senadores aprovaram o projeto que veio da Câmara dos Deputados que mantém o sistema atual de repasse. O texto agora segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.

 

"Tivemos uma vitória parcial no Senado", afirmou o gestor de relações institucionais da Pastoral da Criança, Clóvis Boufleur. Representante titular da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Conselho Nacional de Saúde, Boufleur disse esperar que a questão sobre a definição dos recursos seja retomada no Congresso Nacional. "Defendemos que a saúde receba, no mínimo, 10% dos recursos da União", disse Boufleur: "o aporte de mais recursos é essencial para a universalização do sistema público de saúde".

A regulamentação da chamada Emenda 29 foi aprovada por 70 votos a favor e um contra. Com a manutenção da sistema vigente de distribuição, os Estados são obrigados a destinar pelo menos 12% de suas receitas para a área. No caso dos municípios, o repasse mínimo é de 15%. A União fica obrigada a investir o valor aplicado em um ano, corrigido pela variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, ou seja, em 2012 o Planalto terá que destinar à Saúde o valor gasto este ano corrigido em 7,5%, que foi a taxa de expansão da economia em 2010.

Por 65 votos a 4, foi excluído da proposta o dispositivo que criava a Contribuição Social para a Saúde (CSS), depois do alerta do senador Francisco Dornelles (PP-RJ) sobre a impossibilidade de criar um imposto por intermédio de um projeto de lei complementar e não por uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), como é correto. 'Está sendo criada de forma escondida, na calada da noite, uma nova CPMF', alegou o senador.

O líder do PT e relator, Humberto Costa, lembrou que, na prática, a contribuição não existiria porque não dispõe de uma base de cálculo, mas a decisão do PMDB de rejeitá-la, terminou se estendendo a maior parte dos senadores.

A aprovação de um destaque do relator elevará os valores repassados para a saúde por Estados e municípios porque suprimiu do texto aprovado pelo deputados o dispositivo que retirava o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação da base de cálculo sobre os quais são definidos os porcentuais destinados ao setor. 'Os Estados vão ter de gastar um pouco mais dentro do seu próprio território', afirmou. A situação da União não foi alterada.

A título de consolo sobre o 'alívio' dado ao governo federal, o líder disse que futuramente, o governo fará um debate para definir 'uma forma estável e permanente de financiamento para a área da saúde'.

Fonte: com informações da Agência Estado