Cerca de 500 crianças e adolescentes de várias tradições religiosas participaram sábado (19 de novembro), em Curitiba, das comemorações pelo Dia de Oração e Ação pela Criança. A celebração no Colégio Marista Santa Maria reuniu representantes das igrejas católica, anglicana, messiânica e hare krishna; do movimento Focolares; Diocese de Curitiba e das entidades Pastoral da Criança, Associação Inter-religiosa do Paraná (Assintec), Amorc-Rosa Cruz, Pequeno Cotolengo, Fundação Mokiti Okada e Conselho Municipal da Criança e do Adolescente.
A festa - para e com as crianças - dedicada à proposta de “reduzir a violência e construir a paz”, tema do Dia da Oração 2011, contou com uma programação diversificada, mas orientada para a atividade de “brincar”. O público infantil e adolescente pode escolher e participar das oficinas de brinquedos e brincadeiras, teatro e jornal mural, música encenada, ikebana, escultura de bexiga, pintura de rosto e contação de histórias, além de atividades esportivas e recreativas.
A oportunidade de brincar está cada vez mais escassa e isso significa uma forma de violência contra a criança, na opinião de Clóvis Boufleur, gestor de relações institucionais da Pastoral da Criança. “O evento tem essa característica de mostrar, explicar as várias possibilidades que a atividade de brincar oferece para aproximar as pessoas”. Ele lembra um exemplo: na oficina de ikebana, os arranjos de flores produzidos eram depois trocados entre as crianças.
Outras atividades também ofereciam essa interação entre o público. Brincadeira de roda, pular corda e perna de pau eram brinquedos que as crianças puderam experimentar na festa. Adultos e crianças se uniram, no final do encontro, em um grande circulo para rezar a Oração pela Criança.
Reflexão, oração e compromisso
Padre James Dallalasta, do Movimento Ecumênico de Curitiba, foi o grande animador na abertura do evento. Soltou a voz e foi seguido por todo o público. Depois, conduziu a reflexão sobre a importância do diálogo, união e respeito entre pessoas de credos e religiões diferentes. “Todos rezam pela paz, por uma sociedade fraterna, tolerante, sem violência”, disse, lembrando que “muitos são os caminhos para chegar a um só Deus”.
Clóvis Boufleur, representando a Rede Global de Religiões (GNRC), falou sobre o Dia da Oração (20 de novembro), que já acontece em 80 países, e da adoção da Convenção sobre os Direitos da Criança pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em linguagem adequada para o público infantil contou sobre a reunião dos governantes, “que há 21 anos decidiram escrever um documento para garantir os direitos e cuidar das crianças de todo o mundo”.
Entidades e denominações religiosas presentes assinaram uma Carta de Compromisso com os princípios da Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada pelo Brasil e incluída no Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990. Em sintonia com o objetivo do Dia de Oração e Ação 2011, os signatários da Carta manifestam o compromisso “com a educação de qualidade para prevenir a violência, e a implementação de atividades e oportunidades nas famílias e comunidades destinadas a contribuir para o bem estar das crianças e a defesa de seus direitos”.
Teatro, mágicas, brinquedos e muita diversão
A mensagem sobre a amizade, solidariedade e união esteve no tema da peça teatral encenada pelos alunos da Escola de Educação Especial Pequeno Cotolengo, logo na abertura do evento.
Uma das oficinas mais procuradas pela criançada era a de escultura de bexiga e pintura de rosto. A menina Manuela, 7 anos, pediu a pintura de uma estrela em seu rosto e avisou “depois eu vou brincar”. Já entre os meninos, a aranha era o desenho preferido. Marcela Lobo, representante da Amorc-Rosa Cruz, liderou o grupo de 22 jovens da associação que estavam trabalhando no evento.
“Esse Dia da Oração é uma oportunidade única para integração entre religiões e filosofias com objetivo do bem comum e em prol da criança”, disse Marcela. O show de mágica foi outra iniciativa da Amorc que fez sucesso e ganhou aplausos das crianças.
A comunidade hare krishna ofereceu sucos naturais e uma oficina de doces. “Simplesmente maravilhoso”: esse era o nome do docinho que as crianças faziam “literalmente com a mão na massa” misturando com os dedos leite em pó, manteiga, açúcar e essência de baunilha. Suzana veio com o grupo da Pastoral da Criança, de São Roque, Campo Largo. Trouxe os dois filhos, uma afilhada e mais uma criança da vizinha. Todos estavam se divertindo, lambuzando as mãos e enrolando os docinhos.
Ali, também as freiras irmãs Rosilene e Fernanda, da Paróquia Bom Jesus, acompanhavam de perto a produção de docinhos. Elas trouxeram 13 crianças para a festa.
A bruxa boa Penélope (a professora Cibele De Santi) contou duas vezes a história do sapo Julinho “que casa com a princesa, mas não vira príncipe - a princesa é que vira uma sapinha”. Depois perdeu a platéia que preferiu o sol e brincadeiras ao ar livre.
Grávida, Marisa Rubim, 31 anos, moradora do Campo Largo, veio com quatro filhos para a festa. Ficou muito satisfeita. “É uma benção ter atividades para as crianças e eu também estou me distraindo”, e concluiu “gostei também da mensagem que ficou para as crianças”.
Dia Mundial de Oração foi criado em 2008
O Dia Mundial de Oração e Ação pela Criança (20 de novembro) foi instituído durante o III Fórum da Rede Global de Religiões para a Infância (GNRC), realizado em Hiroshima, em maio de 2008. A proposta é direcionar, neste dia, orações e ações para a proteção dos direitos e a promoção do bem-estar das crianças. O dia 20 de novembro foi escolhido por ser o Dia Internacional da Infância, data em que foi proclamada a Convenção sobre os Direitos da Criança pela Organização das Nações Unidas (ONU).
No Brasil, o Dia Mundial de Oração e Ação pela Criança da região da América Latina e do Caribe foi lançado oficialmente em 17 de novembro de 2009, em evento que reuniu no Senado Federal lideranças políticas, religiosas e de organizações internacionais. A fundadora da Pastoral da Criança, Dra. Zilda Arns Neumann, sintetizou na abertura daquele evento a proposta do Dia da Oração e Ação pela Criança: “Nós queremos congregar as diferentes religiões num apelo global para que a criança seja respeitada, protegida, estimulada e amada”.
Assessoria de Comunicação
Coordenação Nacional da Pastoral da Criança