Florestópolis, cidade berço da Pastoral da Criança, festeja os 25 anos do inícios das ações que reduziram a desnutrição e a mortalidade infantil em todo o país

O evento acontece na paróquia São João Batista, no dia 13 de setembro, e contará com a presença da fundadora da Pastoral da Criança Dra. Zilda Arns, da atual coordenadora nacional, Ir. Vera Lúcia Altoé, da coordenadora estadual, Clarisse Siqueira Santos e demais coordenações regionais, além de milhares de voluntários de todos as regiões do estado do Paraná.

Há 25 anos, o Paraná foi berço de uma experiência que iria marcar a história da infância no Brasil. Em setembro de 1983, começava a experiência piloto da Pastoral da Criança em Florestópolis, a 100 quilômetros de Londrina, no norte do estado. O município tinha 14.700 habitantes e 74% de sua população era de bóias-frias, pessoas que trabalhavam nas fazendas de cana de açúcar da região, saíam de madrugada e só voltavam ao final da tarde.

Naquela época, a desnutrição fazia milhares de vítimas em todo o Brasil. A falta de informação, de acesso aos serviços de saúde, a alimentação adequada, a água encanada e ao tratamento de esgoto formavam um conjunto que resultava na morte de muitas crianças, antes mesmo de completarem um ano de idade. Porém, não bastava esperar que os governos ofertassem serviços públicos de qualidade para sanar os problemas. Era preciso promover a articulação social e a educação daqueles que mais eram afetados por esses problemas.

Com esse desafio em mente, Dra. Zilda Arns, médica pediatra e sanitarista, com vasta experiência em saúde pública e materno-infantil, desenvolveu uma metodologia simples, de multiplicação do saber e da solidariedade entre as famílias que viviam nas comunidades mais pobres. Ela teve apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Unicef para dar início as atividades que reduziram a mortalidade infantil de 127 por mil para 28 por mil, em um ano, em Florestópolis, aquele pequeno município do norte do Paraná. O sucesso da experiência fez com que ela rapidamente fosse replicada e levada até as regiões do país onde a situação da infância era mais crítica.

Hoje, mais de 1,8 milhão de crianças de zero a seis anos e 94 mil gestantes são acompanhadas, pela mesma metodologia, em todos os estados do Brasil. Esse trabalho só possível pela dedicação de mais de 260 mil voluntários que trabalham, em média, 24 horas mensais, para educar as famílias pobres sobre saúde e cidadania.

Após 25 anos de trabalho contínuo, um dos maiores desafios da Pastoral da Criança, que era reduzir a desnutrição, está praticamente superado. Segundo Dra. Zilda Arns, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, em 2007 esse problema atingiu 3,1% das crianças acompanhadas. “Quando iniciamos, a metade das crianças que acompanhávamos estava desnutrida. Hoje esse é um desafio praticamente superado. Agora um dos maiores problemas é a anemia, porque as crianças têm uma alimentação pobre em ferro. Também já começamos identificar obesidade entre as crianças brasileiras, principalmente nas grandes cidades, independentemente da classe social”, explica a médica.

A mortalidade infantil que na década de 80 passava de 62,9 por mil (IBGE/1985), hoje é de 21,2 por mil (Ministério da Saúde/2006). “Entre as crianças acompanhadas pela Pastoral da Criança foi de 11 por mil, no ano de 2007. Para reduzir ainda mais esse indicador temos que exigir mais qualidade dos serviços públicos de saúde, especialmente no acompanhamento pré-natal e do parto”, continua Dra. Zilda Arns.

Programação
8h30 – Recepção
9h30 – Inauguração de Painel Comemorativo
9h40 – Caminhada ao local do evento
10h – Apresentação de Casa Aberta
11h30 – Shows musicais – Teatro – Cinemateca
15h – Pronunciamentos oficiais
16h – Missa de encerramento

Publicado em 09/09/2008