Foto: Marcello Caldin
O período eleitoral é uma oportunidade de estudar os candidatos e fazer uma reflexão para a escolha dos futuros prefeito, vice-prefeito e vereadores. Avalie como votar em pessoas que têm uma história de compromisso com a comunidade, ficha limpa e boas condições para o cargo. Devemos assegurar que nossas escolhas contribuam para o desenvolvimento do município, com inclusão e justiça social.
Nem sempre o que uma pessoa defende nas eleições tem o apoio dos vizinhos, amigos, colegas de trabalho ou familiares. Nessas horas, é saudável conversar sobre as nossas posições, mas sem diminuir a opinião do outro ou tentar fazê-lo mudar de ideia a todo custo. Por não conseguir respeitar pontos de vista diferentes, tem gente que até corta relações de amizade, de convivência e de parceria. Neste caso, todos saem perdendo.
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Aprender a Viver Juntos
Estatuto
De acordo com seu estatuto, a Pastoral da Criança é uma entidade suprapartidária, que respeita as opções políticas das pessoas, mas sua logomarca ou imagem não podem ser usadas para promover candidatos ou vincular-se a partido político.
Para lidar de maneira construtiva com os debates sobre política, e também aproveitar essa habilidade para outras circunstâncias, a Pastoral da Criança retoma um material de um de seus parceiros da Rede Global de Religiões pela Criança (GNRC), a Arigatou Internacional. Trata-se do programa intercultural e inter-religioso para educação ética e convivência pacífica na diversidade, denominado “Aprender a Viver Juntos”.
Lançado durante o Terceiro Fórum da GNRC, realizado em Hiroshima, em maio de 2008, este material de referência resulta de um processo coletivo de criação, envolvendo educadores, acadêmicos, organizações internacionais, ONGs, instituições educacionais e crianças. “Aprender a Viver Juntos trata da questão da educação ética do ponto de vista da aprendizagem intercultural e inter-religiosa, dos direitos humanos, e de uma educação de qualidade em que se nutram a ética e os valores e as crianças gozem de espaço suficiente para desenvolver seu potencial inato de espiritualidade” (trecho do prefácio). Já foi utilizado como base para oficinas com crianças e jovens de diferentes culturas e tradições religiosas, em mais de 10 países.
De todo o conteúdo, a Pastoral da Criança chama a atenção para quatro valores éticos principais, que fazem a diferença para viver em sociedade e torná-la melhor:
Respeito
Respeito é um sentimento de consideração por alguém ou por alguma norma ou instituição, que evita atitudes rudes e reprováveis para a coletividade. Muitas tradições religiosas falam do respeito ao próximo, pois este é um dos pilares de uma convivência saudável. Não é necessário concordar com outra pessoa em tudo, mas respeitá-la significa não discriminá-la ou ofendê-la por sua forma de viver ou por suas escolhas.
Empatia
Ter empatia é saber se colocar no lugar do outro, com a vontade de ajudar. A empatia combina duas capacidades dos seres humanos, a de analisar e se compadecer, usar ao mesmo tempo a cabeça e o coração. É entender sentimentos e emoções, sem julgar. A empatia nos ajuda a ver e reconhecer as injustiças contra os outros e ter determinação para combatê-las.
Responsabilidade
Ter responsabilidade é pensar nas consequências de seus atos e responder por elas. Uma atitude responsável considera o impacto que trará para si mesmo, para quem está ao redor e para o ambiente. Pessoas e instituições responsáveis fazem uma gestão ética e transparente, pensando na contribuição para a sociedade.
Reconciliação
Reconciliar é fazer as pazes. Para que as pessoas que se desentenderam retomem suas relações é preciso ter respeito, empatia e diálogo. Às vezes, é preciso perdoar. Em outras, pedir perdão. Por vezes, a violência é concebida como um meio fácil e rápido de resolver conflitos, mas não oferece uma solução duradoura. Ao contrário, tudo o que faz é aumentar a inimizade e a insatisfação. O ânimo conciliador deve ser reforçado como um valor ético fundamental em nossos dias.
Valores fundamentais
“O respeito pelas pessoas de religiões, culturas e civilizações diferentes se desenvolve e se amplia colocando-se no lugar do outro para aprender o que significa empatia. O respeito e a empatia conduzem a uma maior conscientização sobre a responsabilidade individual e coletiva e à atuação responsável, levando a uma atitude de abertura à reconciliação. A dignidade humana é protegida e defendida quando estamos conscientes das numerosas experiências e realidades, histórias e recordações que os seres humanos acumulam e quando trabalhamos em favor da paz, da justiça, da igualdade, dos direitos humanos e da coexistência harmoniosa” (Aprender a Viver Juntos, p. 22).
Chamado à prática
Em outubro de 2016, a população brasileira será convocada a votar em prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. Nesta época, que se aproxima, é muito comum se falar de ética (ou da falta desta), para avaliar os políticos e partidos.
Ciente das inúmeras situações de intolerância e desentendimentos que vêm sendo gerados por discussões políticas (seja entre famílias, amigos ou instituições), a Pastoral da Criança pede que todos os seus voluntários ajudem a fortalecer, cada vez mais, a cultura da paz e estes valores éticos – nas conversas sobre eleições e também nas práticas do dia a dia. Afinal, esse exemplo de exercício de cidadania começa muito antes, já na infância e na adolescência.
Formada por tantos voluntários de perfis diversos, que se unem por uma missão em comum, a própria Pastoral da Criança é um exemplo de que é possível conviver com as diferenças e somar esforços pelo bem de todos. E você? Também está disposto a ser um multiplicador do respeito, da empatia, da responsabilidade e da reconciliação?
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