irma vera 208Queridos Líderes,

Mais uma vez chego até vocês, para dizer-lhes o quanto despertam sentido na vida de tantas famílias, pela missão que realizam com tanta seriedade.

Estamos neste mês dando abertura a mais uma Campanha da Fraternidade sobre o tema: Fraternidade e Tráfico de Pessoas e com o lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). É uma boa ocasião para conhecer mais sobre o assunto e prevenir que adultos e crianças sejam vítimas de criminosos que se vestem de cordeiros.

Uma das maneiras mais conhecidas de tráfico de pessoas aconteceu na época da escravidão. Milhares de pessoas foram escravizadas e trazidas da África para o Brasil contra a vontade; muitos indígenas foram capturados e obrigados a trabalhar em fazendas.

 

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Pastoral da Criança do estado do Pará assume compromisso contra o tráfico humano

4 passos para enfrentar o tráfico humano

Hoje, ainda existem pessoas levadas contra a vontade para outros lugares. Outras pessoas são enganadas com falsas promessas e transportadas para outras cidades e países. Elas aceitam viajar após ouvir a história de que vão ganhar dinheiro, realizar um sonho, mudar de vida. Para fazer a viagem, emprestam dinheiro daqueles que oferecem esta oportunidade longe de casa. São os chamados aliciadores – gente especialista em enganar os outros. Ao chegar lá, são trancadas, sem poder se comunicar com a família e obrigadas a fazer a vontade dos criminosos.

A sociedade precisa ficar alerta e mudar esta situação. Precisamos ser firmes ao saber que pessoas que conhecemos receberam promessas para mudar de vida e viajar. Além de enfrentar a ganância, que não deixa a pessoa ver a realidade, é preciso afastar os criminosos.

A Pastoral da Criança produziu um texto (Dicas número 52) para falar das injustiças e opressões que acontecem nas famílias e comunidades nas quais as vítimas são, geralmente, os mais fracos e indefesos. Relatamos neste Dicas que no mês de março de 2013, com a participação da Pastoral da Criança, o programa de televisão dominical da Rede Globo “Fantástico” levou a público denúncia de lideranças da Pastoral da Criança sobre relatos de adoções feitas de maneira, no mínimo apressadas, em que os pais, contra sua vontade, ficaram privados de seus filhos: depois de sofrer uma depressão, uma mulher tem as três filhas tiradas de casa por ordem da Justiça. Por causa do marido alcoolista, outra mulher perdeu sete filhos de uma vez. Para as famílias, especialmente para as mães, ficou a dor e a saudade. Para os filhos, o que ficará?

Saiba mais: Lugar de criança é com a família

Um dos braços do tráfico de pessoas transporta as nossas crianças. Longe de sua família, as crianças sofrem com todo tipo de violência, e, em certos casos, elas servem para transplante de órgãos.

Existem situações em que é preciso coragem para cumprir a missão de defesa dos mais fracos e oprimidos. O Papa Francisco nos inspira nestas horas: “não devemos jamais habituar-nos ao mal! Com Cristo, podemos transformar-nos a nós mesmos e ao mundo”.

As crianças e adolescentes devem crescer e se desenvolver no seu contexto familiar e comunitário independente da condição econômica da família. Nos casos de pobreza, o Estado deve, através de políticas de superação da vulnerabilidade e contribuir com uma rede de atendimento que fortaleça os vínculos familiares. Em todas as culturas, a família é a principal referência social das pessoas. Ela é a base da saúde, da educação, do amor e da felicidade. As melhores experiências na área da infância e da garantia de seus direitos estão relacionadas com ações que focalizam a família e a comunidade como espaço privilegiado do desenvolvimento infantil.

Ninguém desconhece as dificuldades pelas quais as famílias passam. Muitas estão em situação de vulnerabilidade. Mesmo assim, para a criança é necessário que alguém cuide dela com amor, pois a melhor forma de ser feliz é na família e o nosso melhor exemplo é a família de Nazaré.

A retirada da criança da família é o último passo a ser dado e, quando for feito, deve-se dar preferência à família ampliada, avós, tios, parentes próximos. A adoção é o último recurso.

A ação da Pastoral da Criança nas comunidades procura reforçar e fortalecer os vínculos familiares e comunitários, que previnem situações de risco, em que a criança pode ter seus direitos violados. A Pastoral da Criança não é instituição de passagem para adoção e nem retira crianças das famílias para ficar com líderes.

A Pastoral da Criança nos dá exemplo de coragem ao enfrentar os poderosos deste mundo, reforçar e fortalecer as famílias, conquistar o direito à justiça, com o retorno da criança para sua casa e celebrar a vitória da vida.

Os líderes da Pastoral da Criança têm uma possibilidade de ação que muitos agentes públicos e assistentes sociais não possuem: o de entrar na intimidade da casa das famílias acompanhadas, se familiarizar com elas e conversar sobre seus filhos. Ora, é dessa forma que os lideres da Pastoral da Criança ajudam a valorizar a vida e a integridade física das crianças, assim como a vocação de seus pais no cuidado de seus filhos. A Pastoral da Criança pode ajudar a prevenir o tráfico de crianças.

Sou grata a Deus pela disponibilidade e disposição de cada um de vocês que lutam para que o sonho de Deus um dia seja uma realidade para todos.
Receba o meu abraço e minha prece de gratidão por você e por toda a sua família.

Irmã Vera Lúcia Altoé • Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança