Crianças com suspeita de pneumonia precisam receber o antibiótico o quanto antes.
A Pastoral da Criança, em parceria com o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), lançou (dia 4 de julho) em Curitiba a campanha "Antibiótico: primeira dose imediata". O objetivo da campanha é orientar os gestores municipais de saúde, e principalmente a sociedade, sobre a necessidade de ministrar a primeira dose de antibiótico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) logo após a consulta, em especial nos casos de crianças com suspeita de pneumonia.
Conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, uma criança com suspeita de pneumonia, com a indicação médica de antibiótico, deve receber a primeira dose do remédio na própria Unidade de Saúde. "Quanto mais cedo começar o tratamento, mais fácil é a cura": esta é a mensagem da campanha nacional que marca o início de uma grande mobilização da sociedade, voluntários e articuladores da Pastoral da Criança junto aos conselhos municipais de saúde de todo o país.
Levantamento feito pela Pastoral da Criança mostra que em muitos municípios, a mãe ou responsável pela criança recebe o medicamento na Unidade Básica de Saúde, depois da consulta, e só oferece a primeira dose para criança ao chegar em casa. "Em outras situações precisa buscar os medicamentos receitados em uma Unidade Central de Medicamentos, desperdiçando horas de tratamento que podem significar uma internação hospitalar evitável e, o que é pior, a morte da criança", frisa o médico Nelson Arns Neumann, coordenador nacional adjunto da Pastoral da Criança.
A primeira dose de antibiótico dada logo após a consulta, ainda no posto de saúde, poderia evitar uma parte significativa das cerca de 4 mil mortes anuais por infecções respiratórias entre crianças menores de 5 anos no Brasil, registradas no Ministério da Saúde. Segundo dados do governo, as infecções respiratórias causadas por bactérias são a segunda causa de morte de crianças no país. As doenças respiratórias respondem por 19,7% das causas de morte de crianças entre 1 e 4 anos de idade, 6,2% das crianças menores de um ano. A pneumonia foi a causa de 354.292 internamentos de crianças nestas duas faixas etárias no ano de 2009. (MS/SVS/DASIS - Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM)
Segundo dados coletados por Articuladores da Pastoral da Criança junto aos Conselhos de Saúde, que visitaram 1.266 Unidades Básicas de Saúde em 622 municípios do país no primeiro trimestre de 2011, 73% destas unidades informaram que tinham antibiótico em estoque no dia da visita. Desse total, 37% disseram que dão a primeira dose do medicamento na própria Unidade Básica.
A mesma pesquisa aponta que na Região Sul, entre as 300 unidades visitadas 39,9% dão a primeira dose do antibiótico na Unidade Básica. Na Região Nordeste, 38,5% das 421 unidades visitadas também confirmam esse procedimento. O menor índice foi registrado na Região Centro Oeste: 30,4% das 86 unidades visitadas dão a primeira dose na Unidade Básica.
A campanha "Antibiótico: primeira dose imediata" é resultado de mais de um ano
de diálogo entre a Pastoral da Criança e parceiros com credibilidade técnica sobre o tema. Foi planejada com o apoio do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN), Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Academia Brasileira de Pediatria (ABP), Unicef e Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (RS).
Acesso ao antibiótico na Unidade Básica de Saúde
Em cada município, a secretaria municipal de saúde é a encarregada da organização e do funcionamento das Unidades Básicas de Saúde. Com o apoio da comunidade e das prefeituras, é possível disponibilizar o antibiótico nas Unidades de Saúde e oferecer o tratamento imediatamente após a consulta.
A pneumonia é uma infecção respiratória grave. Se a criança não receber o tratamento certo e a tempo, pode morrer. Por isso quando a criança apresenta algum sinal de infecção respiratória, a mãe, pai ou familiar deve ser orientado para:
levar ao médico o mais rápido possível;
continuar a amamentar, se a criança estiver sendo amamentada;
dar os medicamentos na dose, nos horários e pelo tempo recomendado pelo médico;
voltar ao serviço de saúde no dia marcado ou a qualquer momento, se a criança não apresentar melhora ou piorar.
Uma criança com suspeita de pneumonia, com a indicação médica de antibiótico, deve receber a primeira dose do remédio na própria Unidade Básica de Saúde (UBS), conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde (Programa AIDPI – Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância, 2003).
Além de disponibilizar uma nota técnica, o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009, que descreve os direitos e deveres dos usuários da saúde, e orienta para o tratamento no tempo certo. No caso do Antibiótico para criança com suspeita de Pneumonia o tempo certo é logo depois do diagnóstico médico, na própria Unidade Básica de Saúde. Todos os documentos estão disponíveis na Internet, www.pastoraldacrianca.org.br.
Alguns municípios centralizam a distribuição de medicamentos. A Pastoral da Criança entende que é possível organizar a supervisão do profissional farmacêutico em todas as Unidades de Saúde e ofertar um conjunto de medicamentos básicos, como o antibiótico, em cada local (localmente). Em certos casos os profissionais das Unidades Básicas de Saúde alegam que não dispõem de orientação sobre a preparação e a oferta do antibiótico (Amoxicilina em solução, por exemplo), além do receio das reações alérgicas – apesar de o bom senso sugerir que ter reações no serviço de saúde é melhor que ter em casa.
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