A missa é o momento em que ficamos mais próximos de Deus. Afinal é nela que partilhamos o Corpo e o Sangue de Cristo. Assim quando perdemos alguém querido é nessa celebração que encontramos refúgio, ao mesmo tempo em que rezamos pela alma da pessoa. Por isso, as homenagens à Dra. Zilda Arns em São Paulo aconteceram em missas, que se multiplicaram por todo estado, sempre destacando o exemplo de vida deixado por Zilda Arns.
Uma primeira homenagem já foi realizada no fim da tarde de quarta-feira, dia 13 de janeiro, quando foi anunciada a morte de Dra Zilda Arns. O padre Júlio Lancelotti celebrou uma missa na Catedral da Sé. “O Haiti está precisando de condições de socorro, de equipamentos para salvar as pessoas. É nesse lugar que estava a Dra. Zilda. Ela não estava de férias. Estava no Haiti. Esse é um sinal. Onde a Igreja deve estar? Onde a Pastoral deve estar? No meio dos pobres. No meio do povo”, afirmou o padre entre aplausos.
Não foi diferente nas celebrações de sétimo dia e de um mês. Dioceses e paróquias colocaram Zilda Arns entre suas intenções e fizeram homenagens. “Dra. Zilda foi exemplo em tudo que fez. Com um sorriso sereno e permanente, uma capacidade de articular e persuadir, tornou-se referência e insubstituível. Nela vemos a fé agindo pela caridade. Ia de lugar a lugar como Jesus, motivando as pessoas e as envolvendo numa verdadeira festa da vida. Usou sabedoria e profissionalismo formando líderes e multiplicadores”, disse Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo da diocese de Franca, durante a homilia proferida na missa de sétimo dia, celebrada na Arquidiocese de São Paulo.
O bispo destacou a grandeza de Zilda Arns e de sua vida. “Sua palavra se cala e sua morte a torna eloquente. Com a oferta da vida, grita ao mundo que o povo do Haiti pede socorro e clama por justiça. Sua vida e seu legado não morrem. A Igreja reconheceu a força de seu trabalho e seu martírio. À Pastoral da Criança e à Pastoral da Pessoa Idosa, fica o nosso compromisso de continuar o trabalho de Dra. Zilda. Sua coragem e alegria nos dão força e esperança”, continuou Dom Pedro Luiz Stringhini.
Reconhecimento
Gratidão e admiração. Essas palavras resumem o sentimento das líderes, coordenadoras, capacitadoras e multiplicadoras da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa. “A morte da Dra. Zilda faz-nos sentir órfãos. Uma mãe, uma mulher, uma professora. Uma verdadeira discípula-missionária a serviço da construção do Reino de Deus. Uma cristã incomodada com a injustiça. Seu único objetivo era deixar este mundo melhor do que o encontrou. E conseguiu”, disse a coordenadora da Pastoral da Pessoa Idosa na Arquidiocese de São Paulo, Cecília Beli Falciano, durante homenagem na missa de sétimo dia, na Catedral da Sé.
O voluntariado também assumiu o compromisso de dar continuidade ao trabalho. Na homenagem realizada pela Pastoral da Criança na Arquidiocese de São Paulo, a coordenadora da Pastoral da Criança, Maria do Rosário Gazzola de Souza, lembrou o desejo de Dra. Zilda Arns de que mais pessoas se engajassem na Pastoral da Criança e na Pastoral da Pessoa Idosa, especialmente os jovens.
“A nossa missão agora é realizar esse desejo e, com mais voluntários, alcançar todas as crianças pobres do Brasil e semear essa semente pelo mundo. Essa será nossa luta e a grande homenagem que buscaremos fazer para Dra. Zilda Arns. Temos certeza de que Dra. Zilda continua viva em cada voluntário da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa. E assim continuará vivendo em cada criança recuperada, em cada idoso que teve os direitos respeitados, em nossa luta diária em defesa de uma cidadania ativa”, afirmou Maria do Rosário.
O reconhecimento à importância do trabalho da médica Zilda Arns também se deu com a presença de autoridades políticas nas celebrações. Na missa de sétimo dia, da Catedral da Sé, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, destacou a ligação especial da fundadora da Pastoral da Criança com todo o Brasil e com a cidade de São Paulo. “Sua presença em São Paulo era uma constante. A Pastoral da Criança e mais recentemente a Pastoral da Pessoa Idosa eram nossos parceiros e continuam sendo. Zilda Arns deixa o seu exemplo e nos apontou verdadeiros caminhos de solidariedade”, apontou o prefeito.
Já a deputada federal Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo, destacou que o trabalho da Pastoral da Criança foi além da atenção à criança, a sua mãe e a sua família. Isso porque Zilda Arns trabalhou a comunidade, formando novas lideranças e emancipando essas mulheres. “Não só foram assistidas no momento de uma gestação, no cuidado de sua criança nos primeiros meses de vida, mas preparadas não só para cumprir suas tarefas na família como na própria comunidade. Ela não morreu, ela se multiplicou. Temos uma legião de Zilda Arns por esse país e mundo a fora. Por isso, ela está viva e continuará se multiplicando nessas pessoas que inspirou e preparou para dar continuidade a esse trabalho”, resumiu a deputada.
Texto: Cristiane Reimberg – coordenadora de comunicação da Pastoral da Criança/SP