As palavras permeiam a vida dos seres humanos e das sociedades desde as mais remotas civilizações. Palavras de amor, palavras que matam, libertam, ferem ou salvam. Muito mais do que um código linguístico, palavras expressam em si atitudes e emoções. De modo especial, as crianças pequenas são muito sensíveis às palavras de quem convive com elas. Por isso, cada palavra tem seu peso e o seu jeito de ser proferida. Crianças precisam de palavras de incentivo, para que possam crescer com mais autoconfiança; precisam ouvir "nãos", para saberem quais são seus limites; precisam ouvir várias vezes "sim", para que se sintam apoiadas; e precisam de muitas palavras carinhosas, para que se sintam amadas.
São muitos os relatos de jovens e adultos que se recordam de que na sua infância só ouviam palavras ruins, broncas... Nunca um elogio ou uma palavra de incentivo. Para muitos, isso significou a diferença no crescer emocionalmente saudável. O grande desafio para os pais é saber dosar as palavras na medida certa, encontrar o equilíbrio: não dizer só sim, nem dizer só não.
Outro ponto importante é a família ter consciência de que suas palavras ajudam a criar a autoimagem que a criança terá de si mesma. Portanto "rótulos" e apelidos pejorativos não trazem nenhum benefício e podem causar traumas para a vida toda. As palavras têm poder, mas que esse poder seja o de educar, de promover, de amar.
“A palavra dos pais exerce um grande poder sobre os filhos. Quando pronunciada com afeto, ela permanece na mente e no coração da criança”, afirma Ir. Veroni.
Irmã Veroni Terezinha Medeiros
As palavras que os pais dizem têm grande influência na vida dos filhos. Apesar de, na maioria das vezes, não haver a intenção de machucar os filhos com palavras, infelizmente, em momentos de raiva ou nervosismo, sem perceber, podem ser ditas palavras que destroem ao invés de construir. A seguir, Ir. Veroni Medeiros, que atua na área do desenvolvimento infantil da Coordenação Nacional da Pastoral da Criança, fala sobre o poder da palavra dos pais na vida dos filhos.
As palavras são assim tão poderosas? Como os pais devem falar com seus filhos para a construção da personalidade de uma criança?
Com certeza. A palavra dos pais exerce um grande poder sobre os filhos. Quando pronunciada com afeto, ela permanece na mente e no coração da criança. A palavra dos pais precisa estar acompanhada de respeito, de paciência, de calma e de muito diálogo. As crianças são pequenas e, às vezes, os pais falam de cima, olhando para baixo. É importante que os pais se coloquem no mesmo nível da criança, se precisar, até se abaixar. Olhem nos olhos da crianças, para que elas entendam realmente o que os pais estão dizendo.
Como nós podemos ter certeza de que nossas palavras transmitem interesse e não rejeição a uma criança?
Quando se trata da educação dos filhos, tanto o pai como a mãe devem procurar a mesma linguagem. Quando a mãe diz “sim” e a criança vai perguntar para o pai se é “sim”, a resposta do pai também tem que ser essa. Pai e mãe precisam ter a mesma forma de diálogo com a criança, para que ela possa cumprir as regras que são estabelecidas.
Que orientações a Pastoral da Criança tem para os pais usarem corretamente as palavras com os filhos?
O diálogo é sempre o melhor caminho para orientar os filhos. Muitos pais acreditam ou pensam que dar liberdade total às crianças ajuda a manter o convívio amigável e as crianças mais felizes. As crianças precisam aprender limites, e é neste ponto que o diálogo entra em ação. Então, uma orientação para os pais é que jamais se use de violência para com os filhos. Quem pensa que, para impor um limite, para dizer não para as crianças, é preciso utilizar umas palmadinhas inofensivas, ainda não compreendeu o dano psicológico e comportamental que está provocando nas crianças.
Leia a entrevista na íntegra: 1223 - Entrevista com Ir. Veroni Medeiros - O poder da palavra dos pais (.PDF)
Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra
1223 - 09/03/2015 - O poder da palavra dos pais