1303 criancas com diferenca no funcionamento do seu organismo cpf

Foto: Aneta Blaszczyk

A família é o primeiro grupo social em que a criança é recebida. Quando se descobre que a criança terá uma diferença no funcionamento de seu organismo, ocorrem muitas mudanças, dúvidas e confusões. Nesse momento, a família precisará desconstruir seus modelos de pensamento e recriar conceitos que englobem esta realidade. É importante lembrar que a superação do conceito de doença é um dos primeiros desafios a serem ultrapassados.

Quando a criança deixa de ser vista pela sua diferença e passa a ser entendida como um membro integral da família e da sociedade, uma pessoa plena e capaz, novas atitudes e  posturas surgirão e possibilitarão o seu desenvolvimento em todos os âmbitos.

Dra. Zilda

“O melhor resultado para a paz nas famílias é cuidar bem das crianças, para que elas tenham oportunidade de se desenvolver, tenham saúde, alegria de viver e fé em Deus”.

Papa Francisco

“Deus está apaixonado por nós. Faz-Se pequeno para nos ajudar a responder ao seu amor”.

Estela Lima de Abreu, coordenadora da Pastoral da Criança na Arquidiocese de Fortaleza - Região Serra (CE), conta: “Detectei em uma família, que a criança apresentava desde seu nascimento, sinais de uma diferença psicológica. Foi um desafio enorme, durante 5 meses, a cada dia que eu tinha tempo, eu ia até a casa da família para conversar com a mãe e sempre ela dizia que eu estava indo lá apenas para falar que a filha dela era louca. A mãe não queria aceitar. Aos poucos, eu fui me aproximando e pedindo a Deus forças e sabedoria para lidar com o caso. Então, eu comecei a buscar parcerias e procurei a equipe do Programa Saúde da Família (PSF). O médico disse para a família que a criança precisaria fazer uns exames. No dia seguinte em que a mãe recebeu o diagnóstico, ela chegou chorando na minha casa, agradecendo, pedindo até desculpas e perdão, pelas vezes que ela me enfrentou e me desafiou, dizendo que eu estava levantando falsas coisas sobre a filha dela. Que ela tinha abraçado a causa e que daquele em dia em diante, ela estaria agradecendo muito a Deus, a mim e a Pastoral da Criança, por ter acordado ela para aquela realidade”.

O preconceito, muitas vezes, começa dentro de casa. Estela diz: “As vezes é preciso enfrentar a família. Nesse caso, a irmã mais nova tinha um preconceito imenso. Mas, hoje, a família está aceitando, tratando, acompanhando e levando essa criança para a sociedade”. A inclusão, assim como a aceitação, são lições que a família e a criança aprenderão e buscarão juntas.

Sobre os resultados, a coordenadora complementa:  “Hoje a criança está em tratamento. Conseguimos um benefício, visto que a medicação é cara. Ela possui um desenvolvimento cerebral mais lento, mas ela já está conseguindo lidar com outras crianças. Nós, pudemos conscientizar a família a levar a criança para a escola, para que ela possa se relacionar”. E conclui: “Na Pastoral da Criança, eu aprendi coisas que na faculdade eu nunca aprendi. Principalmente relações humanas, como lidar com diversos tipos de pessoas e tornar todos por igualdade”.

Acolher e apoiar

É missão de todos que trabalham na Pastoral da Criança valorizar as famílias para que elas reconheçam sua competência para cuidar e educar seus filhos, apoiando-as quando precisarem. No último ano, por exemplo, um maior número de famílias que enfrentaram a descoberta da microcefalia em seus bebês, precisaram não apenas de informações dos médicos, mas também deste apoio emocional para lidar com a situação. Vale o que está no Guia do Líder: “elas são crianças, com as mesmas necessidades que toda criança tem: amor, comunicar-se, brincar, aprender. Por isso as pessoas que cuidam delas é que precisam encontrar maneiras diferentes de responder às necessidades dessas crianças”.

1010º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

“Redução das desigualdades”

Entre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, está a redução das desigualdades. Objetivo que busca “ampliar o acesso a serviços de apoio e cuidados a pessoas com deficiência, voltados à proteção e autonomia”; “ampliar o acesso das pessoas com deficiência às tecnologias assistivas, de modo a propiciar maior autonomia e independência para as atividades diárias e maior participação na educação, na comunidade e no trabalho” e “promover a acessibilidade universal, como forma de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da cidadania, permitindo o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e à comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural.”