Foto: SXC
Durante a visita mensal a uma família, chamou a atenção de Rosa, a atitude de uma das crianças, uma menina de 3 anos. Aquela cena marcou a semana da líder da Pastoral da Criança, que passou dias pensando. Exatamente uma semana depois, ela recebia a ligação da mãe das crianças, preocupada porque as filhas poderiam ser tiradas dela, e perguntando o que devia fazer. “A menina falou algo na creche e a família foi chamada para uma reunião junto com o Conselho Tutelar”, conta a líder.
A primeira providência de Rosa, após a ligação, foi procurar se informar sobre como agir. Como a voluntária estava no trabalho, ela falou rapidamente com a mãe acompanhada, e na volta do expediente foi direto na casa da família para entender melhor o que estava acontecendo. Ao voltar para sua casa, Rosa também conversou com a filha, que é pedagoga, para saber o que ela achava. Logo em seguida, procurou a coordenadora de setor para ter orientações de como ajudar.
Segundo a líder, a mãe não acredita que a história relatada pela menina na creche possa ser verdade. “Ela fala que o marido nunca faria isso com a filha”, explica. O caso está sendo investigado. As meninas passaram por exames para verificar a possibilidade do estupro e o Conselho Tutelar está acompanhando o caso de perto. Durante este período, a líder está contando com o apoio de outras lideranças da Pastoral da Criança para acompanhar o caso, além de estar em contato constante com os conselheiros.
“É difícil falar qualquer coisa pra mãe”, afirma ela, quando explica a complexidade da situação. “A minha orientação foi que ela fosse fazer o exame e tudo o que o pessoal do Conselho orientou, porque era uma maneira de ter certeza de que isso não era verdade, como ela acredita”, relata.
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A situação aconteceu há cerca de 15 dias. Desde então, a líder vem buscando mais informações e participando de ações que discutem a prevenção da violência doméstica. Recentemente, uma atividade promovida pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) reuniu as principais entidades do Sistema de Garantia de Direitos presentes na comunidade para discutir o assunto. A Pastoral da Criança foi uma das convidadas para estar presente.
Enquanto aguarda o resultado dos exames e a investigação encerrar, a líder visita e tenta ajudar a família no que é possível. Por enquanto, é o que ela pode fazer para que a culpa não recaia sobre toda a família, mas seja responsabilizado realmente o culpado.
*Nome fictício da líder para preservar a identidade da criança.
16º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
“Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis”.
Um dos 17 objetivos acordados entre os países para os próximos anos tem a ver justamente com o enfrentamento da temática abordada neste texto. Faz parte deste ODS: “acabar com abuso, exploração, tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças”. Assim como a líder da história, tantos outros voluntários da Pastoral da Criança se deparam com situações como esta e buscam ajuda para interromper todas as formas de violência e reduzir taxas de mortalidade relacionadas a isso, nas comunidades em que vivem e atuam. Com todos juntos e comprometidos, a Rede de Proteção à Criança se fortalece cada vez mais.
Dra. Zilda
“A criança tem direito de brincar, que é fundamental para se desenvolver bem; tem direito de ser bem tratada onde estiver, com o maior respeito pela família e na comunidade. A criança que é respeitada aprende a respeitar e se torna cidadã, isto é, aquela pessoa que cumpre com suas obrigações e procura que seus direitos sejam cumpridos”.
Papa Francisco
“Até o crime e a violência se globalizaram. Por isso, nenhum governo pode atuar à margem de uma responsabilidade comum. Se queremos realmente uma mudança positiva, temos de assumir humildemente a nossa interdependência”.