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Foto: Bruno Bralfperr

Perceber na criança, o quanto antes, dificuldades de visão, fala e audição não é tarefa fácil para os pais. Geralmente, eles esperam o início da vida escolar para que os professores identifiquem alguma complicação. Mas é importante observar desde cedo, para garantir às crianças as oportunidades necessárias para desenvolver todas as suas potencialidades.

Para saber mais sobre como lidar com essas dificuldades de visão, fala e audição na infância, confira as informações compartilhadas pela enfermeira Regina Reinaldin e pela educadora Ir. Veroni Medeiros, ambas da coordenação nacional da Pastoral da Criança.

Que relação existe entre não enxergar bem e o desenvolvimento da criança?

Irmã Veroni

Irmã Veroni Medeiros

Ir. Veroni: Uma criança que não enxerga bem, normalmente, apresenta dificuldade no seu desenvolvimento integral. Podem ser crianças com baixo rendimento escolar ou, que para olhar uma gravura e ler uma história, colocam um livro muito próximo da vista. Isso pode ser um indicativo de baixa visão. 

Como os pais podem perceber que a criança tem algum problema na fala?

Regina: Se o seu bebê não emite nenhum som, nem mesmo tenta fazê-lo, nem olha nos seus olhos, consulte um médico. Embora algumas crianças comecem a formar palavras com nove meses, muitos vão fazer isso só depois do primeiro aniversário. Se o seu filho ainda não fala nenhuma palavra com essa idade de um ano e três meses, ou você ainda não consegue entender nenhuma palavra do que ele diz, converse sobre esse assunto com o pediatra. 

Para que uma criança possa falar bem, é preciso que ela escute bem. Como a família pode perceber se o bebê não está escutando bem?

Regina: Os pais, familiares ou professores do jardim de infância devem estar atentos a alguns sinais de alarme, por exemplo: se o bebê, recém-nascido até os três meses de idade, não reage aos sons altos; se não reconhece a voz dos pais e, por isso, não fica mais calmo quando os pais falam com ele; se não acorda quando se fala alto,  especialmente, quando o ambiente está em silêncio. Quando o bebê tiver entre três a oito meses de idade, não olha em direção aos sons, não faz nenhum tipo de som com a boca, não utiliza os brinquedos que fazem mais barulho, não muda de comportamento quando se diz “não” ou se dá uma ordem com voz alta.

Já para os bebês entre nove e 12 meses de idade, os sinais de alerta são: se o bebê não reage quando se diz o nome dele, não responde a músicas cantando ou dançando, não diz palavras e expressões simples como “mamá” ou “dadá”.

Quais são as orientações para prevenir problemas na visão, audição e fala?

Regina: É muito importante a família interagir continuamente com a criança, para perceber se ela apresenta dificuldade na fala, audição ou visão. Por exemplo, quando estivermos fazendo atividades com o filho, que a gente o estimule a utilizar suas habilidades físicas, motoras e sensoriais. Caso perceba que a criança não responde a esses estímulos, converse com um pediatra. Ele provavelmente indicará um teste para avaliar qualquer alteração.

Leia esta entrevista na íntegra: 1267 - Entrevista com Irmã Veroni Medeiros - Dificuldade de visão, fala e audição (.PDF)

 

Esta entrevista é parte do Programa de Rádio Viva a Vida da Pastoral da Criança.
Ouça o programa de 15 minutos na íntegra

Programa de Rádio 1267 - 11/01/2016 - Dificuldade de visão, fala e audição

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Visão, fala, audição e o desenvolvimento das crianças

Visão

dificuldade visao fala audicao outros assuntosVisão

A partir dos seis meses de vida, o bebê já tem uma visão bem próxima à visão do adulto. O estímulo visual já é maior e o interesse por cores vivas vai crescendo gradativamente. Nesta fase, é bom conhecer o desenvolvimento da visão dos bebês para entender por que elas gostam tanto de cores vivas. Brinquedos e objetos de diferentes cores estimulam a curiosidade visual do bebê e interferem em todo seu desenvolvimento. A visão exerce também uma função importante no equilíbrio corporal da criança.

Pode-se considerar a visão uma das principais fontes de informação sensorial que influencia no controle dos movimentos. Ela ajuda a encontrar um ponto de referência quanto ao posicionamento do corpo em relação ao ambiente. A memória visual vai permitir, ainda, que a criança faça uma memorização em sequência. Esta capacidade permite memorizar as letras que formam uma determinada palavra ou frase e arquivá-la na memória. Caso a criança não consiga enxergar bem, terá dificuldades no aprendizado.

Os principais sintomas da dificuldade de visão são dor de cabeça, visão embaçada, dificuldades para distinguir cores, ver TV muito próximo. Sempre é bom a família estar atenta para estes sinais, como: crianças que confundem letras e palavras; se cansam e se distraem nas atividades; evitam ler e escrever; frequentemente acompanham a leitura com o dedo. Confundem letras e números. Quando apresentamos jogos, ver se a criança distingue bem as cores.

É muito importante a família estar atenta, observar os movimentos oculares das crianças e buscar ajuda de um profissional competente. Quanto mais cedo o problema for detectado, mais cedo, será possível corrigi-lo.

Fala

Fala

A fala é o meio formal de comunicação. É muito importante que os adultos falem muito com as crianças, mantendo um tom firme, mas evitando gritar - para ajudar as crianças a comunicarem bem os seus desejos e sentimentos.

Ao nascer, o bebê já dispõe de estruturas mentais (pensamento), que apesar de rudimentares, só precisam ser estimuladas para se desenvolver. Mas é bom lembrar que uma criança finaliza a aquisição dos sons, mais ou menos, entre os 5 e 6 anos. Existem sons mais simples, mais fáceis, e outros mais complexos, que são aprendidos mais tarde.

A imitação pode ajudar. Conversar com as crianças na frente do espelho, por exemplo, permite que ela observe o movimento labial dos pais e aprenda a falar corretamente. Alguns movimentos bem simples, como mamar, sugar, mastigar e respirar, interferem diretamente no desenvolvimento da fala das crianças.

A fala também tem muito influência em relação à autoestima da criança. Quando ela pronuncia bem as palavras, tende a se sentir mais feliz no seu meio social.

Em casos mais graves sempre é bom procurar o auxílio de especialistas da área da Fonoaudiologia.

Audição

Audição

A audição desempenha um papel importante no desenvolvimento da linguagem, pois integra o ser humano na sociedade e coloca-o em contato com um mundo repleto de sons e significados. O cuidado com a audição é fundamental no desenvolvimento natural das crianças. Pode interferir diretamente na fala e também na capacidade cognitiva. A dificuldade de ouvir afeta a qualidade de vida da criança, podendo atrasar o amadurecimento emocional, social, saudável e educacional. Em geral, ela não consegue se relacionar e prefere o isolamento.

Desde o útero materno, o bebê já escuta e identifica a voz dos pais. A audição é o principal canal pelo qual a fala das crianças são desenvolvidas. Portanto, quando uma criança apresenta muita dificuldade na fala, é bom verificar como está o desenvolvimento da audição. A escuta é muito importante. A criança precisa primeiro ouvir e entender aquilo que lhe é falado, para depois começar a falar.

A audição do bebê se desenvolve quando ele é bem pequeno. Aos cinco meses, já é capaz de reconhecer o próprio nome. Uma boa audição é a base para o desenvolvimento da fala. Quando ouve os outros falarem, o bebê aprende o som das palavras e a estrutura das frases. Quanto mais você ler para seu filho e conversar com ele, mais sons e palavras ele vai aprender.

Brincadeiras como bater palminhas, cantar e utilizar sons são bons indicadores para verificar se os bebês e as crianças estão escutando bem. É preciso estimular sempre as crianças e observar suas reações.