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O nascimento dos filhos mais novos ajudou a líder Neide, de Cascavel (PR), a deixar de ser superprotetora

Quem não conhece uma mãe ou um pai superprotetor? Daqueles que parecem inofensivos, mas no fundo não deixam as crianças aprenderem nada sozinhas? Geralmente são muito amorosos, mas também acabam sufocando um pouco os pequenos.

“Em visita domiciliar aqui em Guarulhos (SP), acompanhamos uma família que a mãe disse ser superprotetora. Não deixa seus filhos terem amizades com outras pessoas e ainda teme em matricular na escolinha a criança que acompanhamos”, revela Tânia Rocha – coordenadora na Paróquia São Francisco de Assis (Uirapuru). Os dois filhos mais velhos desta família já são adolescentes, entre 15 e 17 anos, e a criança caçula tem 1 ano e 10 meses. O comportamento já é de longa data, mas sempre é possível melhorar. “Nós dissemos que ela teria que deixá-la interagir com outras crianças, seria bom para seu próprio desenvolvimento. Bom, no final da visita ela compreendeu o que dissemos e perguntamos se ela já fazia acompanhamento em psicólogos. Ela disse que sim, até mesmo a criança, porém foi algumas vezes e não compareceu mais”, diz a coordenadora, que continuará orientando a mãe.

Dra. Zilda

“Vamos educar nossas crianças com amor, pois esse amor se converte em gestos de fraternidade para o Brasil e o mundo”.

Papa Francisco

“O Evangelho convida-nos a ser o ‘próximo’ dos pobres e abandonados, para lhes dar uma esperança concreta”.

Aprender a confiar

Neide Oviedo Wilhelm – líder na Paróquia Santo Antônio, de Cascavel (PR) – aprendeu na pele como diminuir a superproteção e dar a atenção necessária aos quatro filhos. Quando o primeiro nasceu, ela sentia aflição quando outras pessoas queriam segurá-lo e cuidá-lo. Uma vez, em viagem à casa de parentes, algumas crianças maiores (com pouco mais de 10 anos de idade) queriam pegá-lo no colo, mas Neide não queria deixar. Só concordou quando as outras mães afirmaram que podia confiar, pois os maiores eram acostumados com irmãos pequenos e outras crianças, e os adultos estavam por perto. Mesmo assim, a sensação de agonia só crescia e ficou com as mãos preparadas para segurar o bebê, caso derrubassem. Ninguém derrubou, mas por medo, ela só conseguia pensar em voltar para sua casa.

“Com o passar do tempo, ele foi crescendo. Eu, como trabalhava, tinha que deixar a cuidados dos outros sempre”, lembra a líder. Outro sofrimento. Passava o dia preocupada se seu filho estava sendo bem cuidado, se alimentando bem, se outras crianças não iam machucá-lo, entre tantos receios que muitos pais, naturalmente, também sentem. Alguns, de forma exagerada. “Eu só me aquietava quando pegava ele na volta e via que estava tudo bem. Foi assim que fui mudando, pegando confiança que ele podia ser cuidado por outras pessoas também, e depois com idade de ir pra aula”, conta Neide.

Esta mãe de primeira viagem, aos poucos, foi ficando mais tranquila, especialmente com o nascimento dos outros filhos. A terceira hoje tem 9 anos e o mais novo tem 6. “Meus filhos são bem educados, sem vícios. Os dois mais velhos trabalham fora. Meu esposo se aposentou, é bombeiro militar, mas quem cobra mais dos filhos sou eu, e me orgulho deles. Um rapaz com 23 anos, uma moça com 17 e mais esses dois da foto [imagem que ilustra este texto]”, comemora Neide, que hoje pode dividir um pouco de sua experiência e amadurecimento com outras famílias que acompanha pela Pastoral da Criança.

Não se apegar demais a um caso passado

A coordenadora na Paróquia São Francisco de Paula, de Poço Fundo (MG), Beatriz Batagini, conhece um caso complicado que também gerou uma superproteção: “Tenho uma amiga que não deixa o menino fazer nada, fica em cima dele o tempo todo. A criança tem três anos, não tem vida própria. Ela tem medo dele tomar vento, sair na rua, misturar com outras crianças. O primeiro filho nasceu morto, acho que por isso ela protege mais, por medo da perda”. O exemplo demonstra que um ombro amigo – e, muitas vezes, um apoio profissional – pode ser muito importante para superar um trauma e não transferi-lo para outra pessoa. Por isso, a conversa sempre é o melhor remédio para compreender a situação e poder orientar da melhor forma. Sensibilidade que os líderes da Pastoral da Criança vão desenvolvendo cada vez mais na missão.

União para proteger a coletividade

E quando a razão dos medos é uma causa externa, que atinge a comunidade inteira? “Muitas mães, com medo da violência, têm medo de deixar seus filhos brincarem .a proteção está aumentando e as criança perdendo o direito de brincar e conviver com outras crianças. É a realidade de muitos”, expõe a líder Rosimeire Costa, de Maiquinique (BA). Para contornar parte da situação, a equipe da Pastoral da Criança valoriza muito o dia da Celebração da Vida, oportunidade para as crianças brincarem e cantarem em segurança.

Muitos são os motivos que desencadeiam este comportamento de superproteção ao educar os filhos, mas uma coisa é certa: para que eles conquistem um desenvolvimento pleno, é preciso alcançar o equilíbrio.

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